‘Vou criar um fundo para captar R$ 100 milhões’, diz Aidar no São Paulo

Carlos Miguel Aidar passa a maior parte do dia entre organogramas, números e gráficos esparramados em seu gabinete, no estádio do Morumbi, onde recebeu o jornal O Estado de S. Paulo para uma entrevista exclusiva, publicada nesta segunda-feira. Mais do que pensar em reforços, o presidente do São Paulo se diz preocupado com a dívida total do clube, segundo ele, acima dos R$ 270 milhões, e detalhou como pretende recuperar as finanças. O número negativo perturba o dirigente mais do que o racha política causado pelo rompimento com Juvenal Juvêncio, de quem prefere não falar.

Estadão – O São Paulo tem graves problemas financeiros. Como isso pode ser resolvido?

Carlos Miguel Aidar – Estou montando um FIDC, um Fundo de Investimento em Direito Creditório. A operação básica tem a ideia de fazer uma captação inicial de R$ 100 milhões, remunerar um investidor a 120% do CDI (Certificado de Depósito Interbancário). A CVM (Comissão de Valores Mobiliários) vai aproveitar o regulamento, vamos lançar no mercado e queremos pegar grandes são-paulinos. Quem são eles? Já tenho nomes listados para convidar. Vinícius Pinotti, Abílio Diniz, Roberto Justus, Felipe Massa, Rodrigo Faro, Henri Castelli, Zezé di Camargo, Ives Gandra… A intenção é convidá-los a investir. O investimento mínimo é de R$ 1 milhão. Não pode ser menos, porque é o modelo do fundo. Quando pegar esse dinheiro, vou ao banco e liquido a dívida bancária, junto-me à Medida Provisória do Profut, jogo a dívida fiscal e tributária, com a Timemania, de R$ 50 milhões, que eu herdei. Ainda tenho 190 meses para pagar isso, mas se jogar no Profut passo a ter 240 meses agora.

Estadão – Como esse fundo pode ser estruturado num curto prazo?

Aidar – Vamos pensar que temos um jogador jovem e bom, fixado com a multa rescisória de R$ 20 milhões para o Brasil e 30 milhões de euros para o exterior. O comitê de investimentos senta com o São Paulo, chega a um acordo sobre o valor e ele entra no fundo para dar lastro ao investidor pelo valor que o comitê e o clube acordarem. E fica lá. O dia em que o jogador for vendido, entra o dinheiro da venda dele e você remunera o investidor.

Estadão – Quando isso vai começar?

Aidar – Em 60 dias, não mais do que isso. Do fundo, 80% que for arrecadado vai para a dívida e 20% será destinado ao futebol. Como é a gente que gere o fundo, podemos mexer nele ao longo do período.

Estadão – Em quanto tempo o senhor pretende colocar o clube no azul?

Aidar – Até o fim do ano toda a dívida deve estar refinanciada e equacionada. Então, eu acho que em cinco anos, tiro a dívida da frente. É o tempo que me sobra de mandato. São dois neste atual e outros três da reeleição. Sou candidato à reeleição daqui a dois anos. Se aderirmos ao Profut, vou trabalhar para transformar o São Paulo em clube-empresa. No tratamento tributário que está no Profut, você troca INSS, PIS, Cofins, Fim Social, Imposto de Renda, tudo isso, por 5% da receita bruta para quem for clube-empresa, mas ganha responsabilidades. Teríamos de mudar o modelo social.

Estadão – Como está a divisão política?

Aidar – Temos sete grupos políticos em que o Conselho está dividido. Cinco me apoiam, dois, não. A minha preocupação hoje é até uma missão, quero acabar com essa história de “Oposição versus Situação”. Não sou contra a existência de oposição, mas não quero mais esse confronto, que não é interno, mas é algo externo, para a imprensa. Temos essa pauta negativa. A minha grande missão é a pacificação do São Paulo. Quero acabar com o conflito.

Estadão – E sobre reforços? A torcida sempre fala do Lugano.

Aidar – No dia 9 de julho o Juan Figer (empresário do Lugano) me ligou. Saímos para tomar um café. O jogador viria para o São Paulo, não ia querer salário, sem preço do contrato. Queria apenas receber os resultados das ações de marketing. Daí eu fui falar com o Osorio. O técnico me disse que precisava de um canhoto e que jogadores como o Lugano já tínhamos. O Ataíde (Gil Guerreiro, vice-presidente de futebol) também achou melhor não trazermos um jogador dessa idade, até para prestigiar os jovens. Eu liguei para o Lugano, desejei sorte e disse: “Infelizmente você não é o atleta que o São Paulo está procurando nesse momento”. Acho que ele ficou frustrado.

Estadão – O senhor vai contratar goleiro para o ano que vem?

Aidar – Não. Vamos com Dênis e Renan. E tem o menino, o Lucas Perri, além do Léo. O Dênis estava sendo preparado para substituir o Rogério agora, mas decidiram prorrogar o contrato do Ceni até o fim do ano. Deu sorte, porque se entra, se machuca, ia ficar um tempão fora. Ele pode se recuperar com calma e vai entrar no gol do São Paulo melhor.

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