‘Votação na Fifa vai definir o futuro do futebol’, diz candidato Infantino

Gianni Infantino jamais pensou, há um ano, que estaria concorrendo para se tornar presidente da Fifa em 2016. Mas, na sexta-feira, ele vai às urnas como um dos favoritos, depois que seu mentor Michel Platini foi obrigado a deixar a disputa por suspeitas de irregularidades.

Suíço, o ex-secretário-geral da Uefa é da mesma região que Joseph Blatter. Mas quer provar que é de uma geração e de uma linha diferente de seu compatriota. Em entrevista ao Estado de S. Paulo, o candidato insiste que seu mandato terá como prioridade garantir a recuperação da credibilidade da Fifa. “Vamos precisar modernizar a Fifa”, disse Infantino, que ainda afirma que vai adiante com a proposta de uma Copa do Mundo com 40 times e novas regras para as transferências de jogadores.

Mas uma de suas principais bandeiras é a de “limitar abusos” nas transferências de jogadores, principalmente com o envolvimento de fundos de investimentos e terceiras partes.

Oficialmente, a CBF diz que vai votar por Infantino, mas não esconde que pode migrar para o rival do europeu, Salman Al-Khalifa, do Bahrein. Nos últimos dias, um dos trabalhos de Infantino tem sido o de insistir que ele, apesar de ser afilhado político de Platini e ter sido o último a entrar na corrida, não é uma marionete do francês suspenso do futebol. O cartola chega à eleição com o apoio de José Mourinho

Eis os principais trechos da entrevista:

Quais são suas prioridades imediatas caso assuma o poder?

Claramente, reconstruir a confiança da Fifa é chave e é imperativo que a organização abrace as reformas para garantir que a Fifa se modernize, tenha credibilidade e se transforme em um organismo mundial transparente. Essas reformas precisam ser tanto estruturais como culturais e precisamos de uma administração financeira muito mais transparente.

Como o senhor pretende chegar a isso?

Eu propus medidas de reforma que incluem a criação de um novo Conselho da Fifa, com limites de mandatos para dirigentes, incluindo o mandato do presidente. Proponho a indicação de vozes independentes para comitês importantes da Fifa. Também quero a transparência na remuneração para altos dirigentes da Fifa, a escolha de um encarregado de Auditorias e um processo de licitação totalmente aberto para contratos comerciais e operacionais. Juntas, essas mudanças irão colocar a Fifa no caminho para restaurar sua credibilidade e integridade.

Quais são seus planos para a Copa do Mundo para reduzir os custos para os países-sede?

Eu quero ver um debate sério sobre expandir a Copa para 40 times. Na minha visão, a expansão permitiria que mais associações nacionais investissem em recursos na preparação, aumentando padrões. Isso só pode ser algo positivo para desenvolver o futebol no mundo. Além disso, mais times se classificando significa mais excitação nas fases de classificação. Vale ainda lembrar que 40 times competindo significa apenas 19% dos membros da Fifa, comparado com uma taxa que varia entre 30% e 100% nos torneios das confederações regionais. Esse é um debate que estou disposto a ter com a comunidade do futebol se eu for eleito presidente da Fifa. E acredito que poderemos fazer isso sem um impacto significativo nos custos do país sede.

O senhor é considerado por alguns de seus opositores como representante dos interesses europeus no futebol.

Essa eleição não é sobre uma confederação contra outra. Essa eleição é sobre o futuro da Fifa e a direção que tomará o futebol na próxima década e além. Das maiores associações às menores, eu tratarei todos os membros da Fifa com o mesmo respeito. Essa é a forma que trabalhei na Uefa e será dessa maneira que farei na Fifa.

Que tipo de medidas o senhor vai implementar para fortalecer o futebol da América do Sul ?

Fui claro em meu manifesto que eu quero ver mais diversidade na Fifa, com uma gama maior de associações num conselho da Fifa expandido. Também quero ver as posições de alto escalão da Fifa preenchidas por pessoas competentes de todo o mundo. Um ambiente multicultural e diverso vai ajudar a Fifa a se tornar uma organização moderna, pronta para enfrentar os desafios do século XXI. Sei que existem muitos talentos fora dos campos pela América do Sul e tenho certeza que a Fifa poderia se beneficiar disso.

Existe o risco de a América do Sul se transformar apenas em um fornecedor de jogadores para as grandes ligas?

Eu acho que precisamos ter um sistema de transferência mais transparente para limitar abusos e tratar da exploração do sistema por terceiras partes. A Fifa precisa lidar mais com esse assunto e, com regras claras de punição, podemos limitar o potencial para qualquer abuso e evitar o fluxo de dinheiro para fora do futebol.

Até que ponto o senhor acredita que conseguirá reconquistar a confiança do torcedor?

Obter a confiança dos torcedores, assim como dos patrocinadores e parceiros, é chave para que a Fifa possa se renovar e ser capaz de fazer o futebol crescer pelo mundo. Acho que minhas propostas vão atingir esse objetivo.

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