Volta Redonda detona no Maracanã

Rio – O Volta Redonda deu uma aula de futebol no Maracanã ontem e venceu o Fluminense de virada, por 4 a 3, na primeira partida da final do Carioca. O título será decidido em novo encontro, no próximo domingo, e o time do interior do estado pode alcançar a inédita conquista com um simples empate.

Uma vitória do Fluminense por um gol de diferença levará a disputa para a cobrança de pênaltis. O segundo jogo da final também será realizado no Maracanã.

A última partida da competição parecia que não teria o menor apelo, tal a forma como o Fluminense iniciou o confronto de ontem. Em cinco minutos, já vencia por 2 a 0. Desenhava-se uma goleada e, não fossem dois gols desperdiçados em seguida pelo atacante Tuta, o tricolor poderia abrir uma vantagem praticamente irreversível. Na arquibancada, a torcida já comemorava o título e desdenhava do Volta Redonda.

Em campo, os jogadores do Fluminense também não escondiam o excesso de confiança, que o técnico Abel Braga chamou depois de ?desleixo?. Logo após a saída de bola, Tuta sofreu falta perto da área e Preto Casagrande cobrou bem, a 1 minuto, abrindo o placar. Aos 5, Leandro chutou para a defesa parcial de Lugão. Na seqüência, Mário César tocou para o próprio gol: Flu 2 a 0.

O Volta Redonda acusou o golpe, mas não demorou a se recompor. Aos poucos, passou a trocar passes com rapidez, envolvendo o Fluminense.

Numa falha grosseira do zagueiro Igor, que não acompanhou o avanço em bloco de seus colegas do Fluminense para deixar os adversários em impedimento, Léo Guerra dominou a bola sem marcação, driblou o goleiro Kléber e diminuiu, aos 45 minutos de jogo.

A virada

O Fluminense voltou do intervalo disposto a surpreender novamente no início. Durante 10 minutos, pressionou bastante, mas sem objetividade.

O Volta Redonda buscava os contra-ataques. Num deles, Túlio se antecipou a Kléber e quase marcou: a bola bateu na trave. Pouco depois, Tuta teve outra chance para o Fluminense, mas não conseguiu completar a jogada.

Muito bem no jogo, Túlio driblava, dava arrancadas e passes com perfeição. Um deles deixou Adriano Felício diante de Kléber. O meia do Volta Redonda deslocou o goleiro e empatou a partida.

A torcida do Fluminense calou-se.

No banco de reservas, o técnico do Fluminense, Abel Braga, levava as mãos à cabeça. Ele ficaria ainda mais nervoso quando Kléber, sem alternativa, cometeu pênalti em Glauber. Túlio cobrou rasteiro e determinou a virada: 3 a 2 para o Volta Redonda.

Faltavam 14 minutos para o fim do jogo e a ?zebra? do Carioca não recuou. Apostou sim em continuar tentando os contra-ataques, com aplicação tática e uma dedicação incomum. As duas equipes alternavam em oportunidades de gol. Aos 39, Schneider cobrou falta com violência, Kléber soltou a bola e Léo Guerra completou com precisão: 4 a 2.

A goleada só não se concretizou porque Tuta, finalmente, conseguiu acertar. Com uma bela cabeçada aos 43 minutos, superou Lugão, fez o terceiro do Fluminense e voltou a esquentar a decisão do próximo domingo.

Ficha técnica

Gols: Preto Casagrande, a 1 minuto, Mário César (contra), aos 5, e Léo Guerra, aos 45 do 1.º tempo. Adriano Felício, aos 16, Túlio aos 31, Léo Guerra, aos 39, e Tuta, aos 43 do 2.º tempo.

Fluminense: Kléber; Gabriel, Igor, Antônio Carlos e Lino; Marcão, Arouca (Leandro Eugênio), Maicon (Radamés) e Preto Casagrande (Alex); Leandro e Tuta. Técnico: Abel Braga.

Volta Redonda: Lugão; Schneider, Alemão, Aílson e Maciel (Hamilton); Jonílson, Mário César (Élson), Adriano Felício (Valtinho) e Glauber; Léo Guerra e Túlio. Técnico: Dário Lourenço.

Renda: R$ 538.894,00. Público: 37.955 pagantes.

Dário Lourenço comemora. Abel Braga parabeniza rival

Rio – O técnico do Volta Redonda, Dário Lourenço, foi irônico na entrevista coletiva após a vitória de seu time sobre o Fluminense por 4 a 3. Ele repetiu pelo menos quatro vezes que sempre sentiu orgulho de ter jogado no Bonsucesso, nos anos 70s.

Era uma resposta a declarações de seu colega do Fluminense, Abel Braga, que durante a semana fez questão de ressaltar suas passagens, como atleta, pelo próprio Fluminense, Vasco, Paris Saint-Germain e pelo futebol de Portugal. ?Me fiz homem e formei meu caráter sim no Bonsucesso, um clube de tradição do subúrbio do Rio, hoje passando por um momento ruim.?

Na semana que antecedeu ao primeiro jogo da decisão, Abel e Lourenço travaram uma disputa paralela, com recados de um para o outro, por meio da imprensa, em tom nada amistoso. Ontem, Abel preferiu recuar e reconheceu a superioridade do Volta Redonda. ?Os adversários merecem os parabéns. Eles viraram o jogo com justiça. Ocorreu desleixo do nosso time depois dos 2 a 0. O Volta Redonda nos deu uma grande lição.?

Volta Redonda

Para Lourenço, o gol de Léo Guerra, aos 45 minutos do primeiro tempo, serviu como alento à equipe, no intervalo. ?Aquele gol nos deu a certeza de que poderíamos conseguir o resultado?, disse.

O técnico do Volta Redonda comparou o desempenho de seu time ao de um carro de corrida que teve uma pane na largada, só conseguiu religar o motor depois de ser empurrado e então mostrou todo seu potencial. ?Pegamos no tranco.? Ele destacou ainda o equilíbrio da equipe e disse que o Volta Redonda vai manter a concentração para o jogo final. ?Não ganhamos nada ainda. Somente fizemos o que foi uma constante em todo o campeonato.?

Fluminense

Abel Braga pode ter a volta de três jogadores na decisão de domingo: o lateral Juan e os meias Juninho e Diego. Ele só vai se pronunciar sobre eventuais mudanças na reapresentação da equipe, amanhã. O treinador disse que mencionou os erros do time no vestiário, após a derrota. Estava muito contrariado com o resultado – pela primeira vez na temporada, o Fluminense levou quatro gols numa partida.

Ele ressaltou que terá uma semana inteira para trabalhar com o grupo e que a desvantagem do Fluminense pode ser ?perfeitamente contornada?. ?Está em aberto, um gol de diferença não representa algo tão expressivo.?

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