Vitória suada afasta perigo do rebaixamento

“Todo mundo tira sarro, mas não mudo de time. Sou paranista, e estou sempre que possível no estádio para torcer pelo meu time. Vim dar força, e vamos ganhar o jogo.” As palavras de Giba, o mais famoso torcedor do Paraná Clube, poderiam ser também de Leonardo, o herói da vitória de ontem sobre o Marília por 1 a 0, na Vila Capanema.

Sem desistir, nem no tempo em que sofria de séria lesão, nem durante a partida, o atacante tricolor foi o responsável pela vitória que tirou o Paraná da famigerada zona de rebaixamento da Segundona – após 22 rodadas, o time ocupa a 16.ª colocação.

O Paraná Clube estreava mais jogadores: o primeiro era Éder, revelado pelo Guarani e que mal jogou no Flamengo. Conhecedor do meia-atacante desde os tempos do Brinco de Ouro (quando ele trabalhava na Ponte Preta), Paulo Comelli não pensou duas vezes e decidiu escalá-lo na formação mais ofensiva do Tricolor, praticamente com três atacantes. Mas poderia faltar um meia, já que Cristian ficou de fora na última hora, com uma virose. Com isso, Rômulo faria sua estréia – ele era a segunda novidade da tarde fria de sábado.

A formação com três zagueiros e três atacantes deixou o Paraná ofensivo, mas sem criatividade. A equipe chegava no ‘abafa’, pressionava por vários minutos, tinha algumas chances, mas depois passava longo tempo sem chegar. Isto porque faltava transição entre o meio e o ataque – era como se Agenor, Pituca e Rômulo ficassem em um lado do gramado e Ricardinho, Leonardo e Éder no outro.

Faltava alguém para colocar a bola no chão. Fosse vôlei e nem seria preciso procurar muito, era só chamar o Giba, ele é especialista em colocar bolas no chão. Mas é futebol, Giba estava no Durival Britto só para torcer, e também queria mais qualidade no time. Paulo Comelli também, e por isso sacou os estreantes Éder e Rômulo e colocou Giuliano e Rodrigo Pimpão – saíam os “meninos do Rio” e entravam os “meninos da Vila”.

Com eles, havia armação, mas na primeira metade da segunda etapa o Paraná seguiu sem criar boas oportunidades. A marcação do Marília era muito forte, e impedia que o meio-campo do Tricolor trabalhasse. Com ímpeto, e ganhando no preparo físico, os donos da casa foram tomando conta da partida, e aumentaram a pressão após a expulsão de Leandro Amaro.

Aí brilhou a estrela do craque. Leonardo estava tentando de todas as formas, reclamou pênalti em dois lances e continuava brigando. E só poderia ser dele o gol paranista. Aos 37 minutos, ele ganhou na força do zagueiro adversário, virou o corpo e mandou uma bomba, sem chances para o goleiro Giovanni. Saiu para comemorar e não resistiu. Chorou, lembrando do calvário que passou nos últimos dez meses. E a torcida tricolor também chorava, emocionada pelo retorno definitivo de seu principal jogador, e pela fuga da zona do rebaixamento. E Giba foi para casa feliz.

“Mudança de postura e cabeça erguida”

Irapitan Costa

Allan Costa Pinto
Jogadores do Marília não deram espaço, mas o atacante do Paraná brigou até o fim. Leonardo garantiu
a vitória do time da Vila.

Para o técnico Paulo Comelli, a reação da equipe está intimamente ligada à profunda mudança no perfil do elenco tricolor. “Necessitávamos dessa injeção de ânimo. Esses novos atletas chegaram com outra cabeça e isso contagiou todo o grupo”, disse o treinador, que considerou justa a vitória pela diferença mínima diante de mais um concorrente direto contra o rebaixamento.

,“Foi um jogo onde tivemos iniciativa e criamos oportunidades. Mas, é claro que a equipe se ressentiu da ausência de meias de criação”, analisou Comelli, numa referências às ausências de Gláucio e Cristian, este, vetado somente momentos antes da bola rolar, por conta de uma virose. O técnico optou por lançar mão de três volantes, deixando Giuliano no banco de reservas. Um risco calculado.

“Ele fez cinco jogos em sete dias, pela seleção. Além disso, teve uma viagem desgastante. Por isso, esperei para colocá-lo no 2.º tempo, pegando o adversário já com desgaste”, justificou. Depois do empate sem gols no 1.º tempo, Comelli lançou não apenas Giuliano, mas também Rodrigo Pimpão, sacando os estreantes Rômulo e Éder, que pouco apareceram ao longo dos 45 minutos iniciais. “Eles tiveram pouco tempo para treinar com o grupo e tentei ajeitar o time sem um meia-armador. Houve dificuldade”, admitiu.

Mesmo assim, para o treinador, o placar só não foi mais folgado porque o Paraná pecou muito no último passe e também nas finalizações. “Talvez reflexo da ansiedade e também do gramado, que não favorece ao jogo mais rápido”, ponderou Comelli. No geral, o treinador ficou satisfeito por ver em campo um time “brigador” e que manteve sempre “a cabeça erguida”, virtudes que ele considera fundamentais para a longa caminhada que o Tricolor ainda tem pela frente.

BRASILEIRO

SÉRIE B – 22ª RODADA

PARANÁ CLUBE 1×0 MARÍLIA

PARANÁ

Mauro; Murilo, Daniel Marques, Leandro e Fabinho; Rômulo (Giuliano), Agenor, Pituca e Éder (Rodrigo Pimpão); Ricardinho (Cristiano) e Leonardo.

Técnico: Paulo Comelli

MARÍLIA

Giovanni; Flávio, Fernando e Leandro Amaro; Chiquinho, Rafael Fefo, Altair (Serginho), Ricardinho (Rodrigo Batata) e Bruno Ribeiro; Robert (Fábio Recife) e Betinho.

Técnico: Jorge Raulli

SÚMULA

Local: Durival Britto

Árbitro: Suelson Diógenes de França Medeiros (RN)

Assistentes: Kleber Lúcio Gil (SC) e Rosnei Hoffmann Scherer (SC)

Gol: Leonardo 37 do 2º

Cartões amarelos: Leandro, Murilo, Rômulo, Pituca (PR); Ricardinho, Altair, Robert, Leandro Amaro (MAC)

Cartão vermelho: Leandro Amaro

Renda: R$ 71.240,00

Público: 4.969 (4.761 pagantes)

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