Vitória premiou quem buscou mais o gol

Não foi um jogo, foi uma guerra. A semana calma nos CTs da Graciosa e do Caju não refletiu aquilo que se viu no sábado, na Arena. Duas equipes jogando como se fosse uma decisão de campeonato. Muita garra, catimba, jogadas duras e algum futebol, que fizeram a festa dos torcedores presentes ao estádio. E, nessa competição à parte dentro do Brasileirão, o Atlético levou a melhor e passou pelo Coritiba por 1 a 0. Com o resultado, as duas equipes se igualam em número de pontos e continuam em busca da classificação à próxima fase.

Ao apito do árbitro, ficou evidente a proposta dos dois treinadores. Enquanto Abel Braga pregava respeito ao adversário e muita tranqüilidade a seus atletas, Paulo Bonamigo armou sua equipe para parar o adversário de qualquer jeito. O volante Roberto Brum foi o espelho disso. Com poucos segundos de bola rolando, grudou em Adriano e começou as trombadas e provocações. Os atleticanos souberam se controlar e não entraram na artimanha. Pelo contrário, ao perceberem a fragilidade da arbitragem, começaram a parar os alviverdes nas faltas e conseguiam irritar mais os rivais dessa forma.

Perdidos em campo, os alviverdes davam liberdade ao Furacão para triangular e chegar à meta do goleiro Fernando. No entanto, foi em um erro de passe no meio-de-campo que saiu o único gol da partida. O meia Kléberson recolheu a bola, passou a Alessandro, que armou o contra-ataque com Alex Mineiro. O jogador serviu Kléber, que fuzilou para marcar seu 11.º gol na competição. A abertura do placar deu um novo ânimo ao jogo. O Coritiba se viu na necessidade de buscar o empate, mas não teve homens na frente para isso. Quem assumiu a responsabilidade foi o volante Tcheco, que arriscou várias vezes e levou perigo ao goleiro Flávio.

Na segunda etapa, Bonamigo escalou Jabá para tentar mudar o panorama do primeiro tempo, mas o pequenino jogador foi bloqueado pela forte defesa rubro-negra. Quando não era Douglas Silva, era Rogério Correia, que apenas com o corpo impediam a passagem do jogador. Do outro lado, o artilheiro Kléber proporcionou a cena mais patética da partida: após boa jogada pela esquerda, David (que entrou no lugar de Ivan, machucado) passou ao atacante, que parou na frente da área para procurar sua correntinha de ouro. Seria a chance de fazer o segundo, liquidar o clássico e mandar a torcida alviverde embora.

Com apenas 1 a 0, o Rubro-Negro tratou de ir apenas na boa e fazer passar o tempo, logo correspondido pelo time do Alto da Glória, que não tinha força ofensiva. Mesmo assim, o Coxa quase empatou em jogadas esporádicas. Bonamigo tentou criar um fato novo ao colocar Sérgio Manoel no lugar de Edinho Baiano e levar o time para a frente. Não deu. O zagueiro Danilo pôs tudo a perder ao agredir Dagoberto e levar o cartão vermelho. Daí em diante, o Atlético tomou conta do jogo e só não aumentou devido à falta de pontaria de seus jogadores.

Iguais na corrida por uma vaga

A vitória no Atletiba, sábado, aliviou a tensão sobre o CT do Caju e deu nova vida ao Rubro-Negro. Com os três pontos conquistados, o Atlético ficou mais próximo da zona de classificação e agora vai a Porto Alegre enfrentar o Grêmio para tentar sacramentar a reabilitação no Campeonato Brasileiro. Do outro lado, o Coritiba ficou estacionando nos mesmos 27 pontos que o arquirrival agora tem (com um jogo a menos) e ainda sonha com a classificação. Para isso, terá que começar a somar pontos novamente e o primeiro adversário será o Cruzeiro, em casa, quarta-feira.

Apesar de estar em melhores condições na tabela, o Coritiba completou seis jogos sem saber o que é uma vitória. Além disso, desde que chegou à liderança do Campeonato Brasileiro não conseguiu mais imprimir o mesmo futebol do início da competição e vem caindo a cada rodada. Agora está na 12ª colocação, mas com boas chances de voltar a subir. Para tanto, precisa passar pela Raposa já na quarta-feira. O jogo marca o reencontro com a torcida alviverde e é o primeiro das seis partidas que restam nessa primeira fase. Para passar adiante, o Coxa tem que fazer a lição de casa e, pelo menos, vencer um confronto fora. No Couto Pereira, o time terá pela frente Cruzeiro, Paraná e Figueirense e fora de casa o Internacional, Atlético-MG e Gama.

Para o Atlético, a situação não é melhor. Subiu para 14ª posição e deixou para trás a sequência de seis partidas sem ganhar. Restando apenas cinco jogos, o Furacão terá que voltar a fazer valer o efeito Caldeirão e vencer os jogos que restam em casa (Atlético-MG, Paysandu e Juventude) e também conquistar uma vitória fora de casa contra Grêmio ou Cruzeiro. Com 39 pontos, não há garantia de classificação, mas as chances aumentam para mais de 90%.

Confusão inevitável

O resultado negativo do Coritiba acabou ocasionando problemas nas arquibancadas durante e depois do Atletiba de sábado. Durante a permanência da torcida alviverde na Arena, alguns torcedores danificaram os banheiros e corrimãos do estádio. “Não adianta lamentar. Isso sempre acontece. Parece inveja do nosso patrimônio”, disparou o presidente atleticano, Mário Celso Petraglia, que hoje faz as contas do prejuízo.

Após o jogo, no entanto, muitos torcedores alviverdes inocentes “pagaram o pato”. A orientação dada aos policiais militares era para dispensar os coxas, em minoria na Arena, tão logo o jogo acabasse. Essa medida visava impedir o confronto das duas torcidas. No momento da saída, houve empurra-empurra e a polícia começou a usar de violência para dispersar a multidão, inclusive dando tiros para o alto. Alguns torcedores saíram do incidente feridos, mas os policiais do 13.º Batalhão de Polícia adiantaram que o boletim de ocorrências só será divulgado hoje. Sabe-se que no local houve uma prisão, mas de um torcedor atleticano, por furto de objetos.

Operação Atletiba

Antes do jogo, a operação Atletiba funcionou da melhor maneira possível. Os fiscais da Secretaria Municipal impediram a comercialização de bebidas alcoólicas nos arredores do estádio e a proibição das camisas das organizadas funcionou. A chegada dos ônibus das duas equipes ao estádio também foi tranqüila, com a escolta reforçada.

A torcida alviverde também chegou à Arena escoltada, seguindo diretamente para a Rua Madre Maria dos Anjos, onde fica o portão da torcida visitante. Em fila única, os alviverdes reclamaram da demora para entrar no estádio, afinal, há apenas um portão de acesso. Com isso, quando o jogo já havia começado, alguns torcedores ainda não haviam chegado às arquibancadas. Mas o fato desagradável ficou registrado bem antes do início do jogo. Deficientes físicos foram impedidos de entrar pelo portão dos visitantes. Pela Lei Municipal 8.623, de 1995, todo o portador de deficiência física tem direito a assistir aos eventos esportivos gratuitamente. “Temos esse direito e ele não está sendo respeitado. Há até uma rampa de acesso, mas o portão está fechado”, reclamou o coxa-branca Fabiano Claudinei de Carvalho. Mais indignado estava o torcedor Francisco Monteiro, que estava no estádio desde 13h30. “Já fomos até a secretaria e disseram que nada podem fazer”.

Segundo o superintendente do clube, Alberto Maculan, houve um mal-entendido. “O acesso para deficientes é pela Getúlio Vargas. No caso da nossa torcida, há um cadastro, que também pode ser feito por outros torcedores com antecedência”, explicou, lembrando que a isenção de pagamento de ingresso não é extensiva aos acompanhantes. Para os próximos jogos, haverá uma orientação mais abrangente aos bilheteiros.

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