O Palmeiras entrou em campo, ontem, precisando de uma simples vitória contra o Vitória para se livrar do rebaixamento, e evitar a maior tragédia nos seus 88 anos de história. Era de se esperar um time vibrante, dedicado, dividindo cada bola. Mas, em muitos instantes, dava a impressão de que jogava uma partida de meio de competição, sem grande importância. Resultado: 4 a 3 para os baianos.

Em 2003, os palmeirenses terão mesmo de disputar a Série B do Brasileiro, pela primeira vez desde 1971, quando o torneio passou a ser disputado nos moldes atuais.

Isso, claro, se não houver manobra nos bastidores, o que o clube garante que não tentará fazer. O Brasileiro terminou para a equipe de Palestra Itália como começou: de forma melancólica. O time jogou bem em apenas três ou quatro das 25 rodadas e acabou caindo de forma merecida.

Muitos dos jogadores que atuaram ontem não estarão longe do elenco da próxima temporada. O futuro do técnico Levir Culpi está indefinido, embora sua intenção seja permanecer. Marcos, Dodô, Zinho, César, Arce, Rubens Cardoso, Nenê e Leonardo Moura são alguns dos que devem sair.

Poucos torcedores foram à Bahia para acompanhar o jogo. Mas o mundo palmeirense ficou ligado na televisão. Levir optou por manter Zinho entre os titulares, apesar da má fase do veterano meia. Nenê, mais uma vez, ficou no banco. Os baianos entraram em campo com remotas chances de classificação. Por isso, muitos apostavam que o time pudesse fazer “corpo mole”, não se empenhar tanto para ganhar. Não foi isso o que aconteceu.

O início sugeria uma tarde dramática para os palmeirenses. Logo a 3′ minutos, Aristizábal cruzou e Allan Delon fez 1 a 0 de cabeça. Mas, em seguida, Flávio empatou. O gol, porém, não mudou muito o comportamento do Palmeiras. Em vez de atacar e buscar a vantagem, os paulistas resolveram tocar a bola no meio. E acabou pagando caro por isso.

O Vitória conseguiu o segundo gol num lance duvidoso. Zé Roberto arrancou pela esquerda e foi puxado por Paulo Assunção pouco antes de entrar na área. O juiz Wilson de Souza Mendonça marcou pênalti. Aristizábal cobrou bem: 2 a 1.

Nem bem começou a segunda etapa e o Palmeiras conseguiu igualar o marcador. Foi com Nenê, que entrara no lugar de Flávio. A equipe melhorou e passou a criar algumas oportunidades. Surgia uma luz no fim do túnel, talvez a última esperança. O castigo, porém, veio quando Alexandre falhou e Zé Roberto pôs novamente os baianos à frente.

A partir daí, o desespero tomou conta dos palmeirenses e, num contra-ataque, André fez o 4.º do Vitória. No fim, Arce descontou cobrando pênalti, mas era tarde demais. Com os outros resultados da rodada nem o empate seria suficiente para salvar a equipe. Os baianos, apesar do triunfo, ficaram fora das quartas-de-final. Acabaram na 10.ª colocação.

Ainda no campo, após a partida, vários jogadores choraram. Restou apenas a lamentação. A mancha no currículo de atletas como Zinho e Marcos, campeões do mundo, Arce, vencedor da Libertadores, entre diversos outros títulos e Dodô já foi feita. Mas não por falta de aviso.

Desde o início da competição o Palmeiras surgia como um dos candidatos ao rebaixamento. Faltou, no entanto, competência e determinação para reverter o quadro.

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