Vitória embala e Paraná só precisa conter euforia

Entusiasta por natureza, o técnico Paulo Campos tratou de conter uma natural euforia após a estréia vitoriosa no Brasileirão. O Paraná Clube superou as próprias limitações e numa exibição muito equilibrada -ainda mais para um time formado há somente duas semanas – superou o Santos, um dos favoritos ao título.

O treinador “arregaçou as mangas” e trabalhou intensamente os jogadores reservas, demonstrando a sua preocupação com a manutenção do astral de todo o grupo, ainda em formação.

Os titulares se limitaram a um trabalho regenerativo. Neste início de competição, com jogos a cada três ou quatro dias, a comissão técnica dá ênfase à recuperação muscular dos atletas – introduzindo novas técnicas preventivas – e o único treino tático visando o jogo frente ao Vitória ocorrerá hoje à tarde. “Temos que dosar muito bem as energias. Mas, além do descanso, é preciso corrigir erros. Não podemos perder o foco apenas porque obtivemos um bom resultado”, comentou Paulo Campos.

O resultado (3×2) pode ter surpreendido a muitos, mas o treinador exaltou o eqüilíbrio do time, formado às pressas após o fracasso no estadual. “Tinha confiança naquilo que fizemos na intertemporada. Mas, sempre há a apreensão por uma estréia. Os jogadores estão de parabéns, pois cumpriram à risca tudo o que planejamos”, comentou o treinador, que sequer realizou preleção antes do jogo. “Resumi o que precisava falar em uma frase: vão lá e executem tudo o que treinamos nestas duas semanas”.

Paulo Campos deixou o Pinheirão ovacionado pela torcida paranista, mas sabe que este foi apenas o primeiro passo. “Temos planos ambiciosos. Nosso objetivo está muito bem definido, mas a vitória foi muito importante”, disse Campos. Ele sabe que o resultado serviu para tirar dos atletas o peso da estréia e, ao mesmo tempo, as dúvidas que pairavam sobre os torcedores, desconfiados com a reformulação do time. “É uma situação até natural, pois a mudança foi radical. Mas, sempre tenho dito que o elenco tem qualidade e eles, neste jogo, provararam seu potencial. Só que ainda há muito o que melhorar”.

Os jogadores reconhecem que o entrosamento só virá com a seqüência de jogos. O meia Fernando, por exemplo, cumpriu uma função tática específica, marcando mais que criando. “O importante foi a vitória e a boa atuação. Como temos um grupo, qualquer sacrifício é válido na busca do resultado”, frisou. Campos sabe que em alguns momentos seu time recuou em demasia e deu espaços ao adversário. Na fase final, com este problema corrigido, o Paraná poderia ter “matado” o jogo com velocidade, mas pecou na articulação dos contragolpes. “É um ponto que depende muito do entrosamento e temos um time em formação, que crescerá ao natural”, avisou Campos.

Jogadores recuperam músculos no gelo

O preparador físico Wilian Hauptman adota novas técnicas de ação profilática, na busca por uma perfeita recuperação muscular dos jogadores. A crioterapia – ou imersão no gelo – já é utilizada pela seleção brasileira e outros clubes do País e do exterior. Com efeito analgésico e anti-inflamatório, a ação visa minimizar o índice de lesões. No CSA e no Iraty, Hauptman utilizou a técnica. “O resultado foi ótimo, com zero de lesão muscular”, comentou.

O esforço físico gera uma vaso-dilatação. Com a imersão no gelo, o efeito contrário é obtido, ou seja, uma vaso-constrição. “Há um desconforto inicial, mas os atletas têm demonstrado uma boa aceitação, pois o resultado é altamente positivo”, disse o preparador físico. Os jogadores ficam na banheira – com aproximadamente 15kg de gelo adicionados à água – por aproximadamente 5 minutos. “A primeira sensação é ruim, parece que está queimando. Mas sabemos que é para melhorar o nosso rendimento”, comentou o meia Beto.

A crioterapia será aplicada no dia seguinte aos jogos, nesta fase com rodadas intermediárias. “Quando a competição tiver jogos somente aos finais de semana, a aplicação será semanal”, explicou Hauptman. Com um jogo no domingo, por exemplo, a imersão no gelo ocorrerá sempre às quintas. “Assim, os jogadores chegam inteiros para o apronto e com força total nos jogos”, disse. Na Vila Capanema, os jogadores se revezam nas duas banheiras de hidromassagem existentes. “Já cheguei a utilizar tambores em outros clubes, mas aqui o trabalho está fluindo com facilidade. Principalmente porque o grupo é muito bom. Estes jogadores são muito profissionais”, ressaltou o preparador físico. Hauptman atua com seu auxiliar, Fernando Tonet, e com Carlos Faria, auxiliar-técnico de Paulo Campos, mas também com especialização em fisiologia do esporte.

“Neste início, vamos priorizar muito o descanso. Teremos viagens longas pela frente e toda a base fisiológica foi aplicada durante a intertemporada”, disse Hauptman. “Agora, já individualizamos trabalho na busca por melhor rendimento em determinadas valências, caso a caso”, disse. O preparador físico já iniciou as avaliações físicas de Carlos Eduardo (Zulu), recém-contratado, e de Marcel, que está em período de avaliação.

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