O Coritiba teve nova lição no Campeonato Brasileiro. A vitória sobre o Fortaleza, que enfim tirou a equipe da ?zona de sombra?, voltando a se posicionar entre os classificados para a Copa Sul-Americana, mostrou que nem sempre de técnica e qualidade se faz um resultado. Foi na vontade que o time conseguiu superar o adversário, que segurou a vantagem e, enfim, passou do limite da 12.ª colocação. Agora, o objetivo é ter novo período de estabilidade, mantendo o ritmo de subida na competição, já a partir do jogo de amanhã, às 18h10, contra o Santos, na Vila Belmiro.
O técnico Cuca admite que o Coxa não foi brilhante, mas que teve, acima de tudo, força de vontade. ?Nós tivemos alguns vacilos, e isto é normal. O importante foi que nunca desistimos?, resume ele, que cita três jogadores quando falou na raça da equipe. ?O Ricardinho não esteve bem no primeiro tempo, mas depois se recuperou e melhorou muito. E é ótimo ver a dedicação de todo mundo, ver a entrega de jogadores como o Jackson e o Capixaba.?
Para o treinador, outro fator decisivo foi a participação dos pouco mais de dez mil torcedores que estiveram no Couto Pereira na quinta. ?Eu falo isso em nome de todo o grupo. Nós estamos muito agradecidos pela resposta das arquibancadas. No final do primeiro tempo não ouvimos vaias e sim apoio. E isso fez com que todos voltassem com vontade de retribuir com gols a força que recebemos da torcida?, comenta Cuca. ?Nós estávamos em dívida com eles (torcedores)?, reconhece o zagueiro Vágner, um dos destaques do jogo.
E a solução tática encontrada pelo técnico foi a mesma das vitórias sobre Ponte Preta e Atlético-MG – antes de tudo, ter uma equipe com poder de marcação. Cuca aprovou o rendimento da trinca Vágner, Flávio e Allan, que tiveram a importante ajuda do capitão Reginaldo Nascimento, o melhor jogador em campo. O bom trabalho defensivo facilitou a vida de Douglas, que teve poucas intervenções. ?Mas ele foi seguro sempre que foi acionado e passou tranqüilidade para o time?, ressalva o comandante coxa.
O Cori também soube vencer na quinta a ansiedade que moveu a equipe nas últimas partidas em casa. ?Nós ficávamos tensos e acabávamos errando muitos passes no meio-de-campo?, reconhece Jackson. ?Faltava o último passe, não tínhamos como acertar?, completa Luís Carlos Capixaba, que saiu aplaudido de campo. ?Mas nós jogamos com paciência. Em uma partida como esta, você precisa ter calma, porque você precisa escapar de um cinturão de marcação e isto não é fácil?, diz Cuca.
Agora, o pensamento é subir mais no Brasileiro. Vencendo o Santos fora de casa e contando com tropeços de Botafogo e Ponte Preta, o Cori pode terminar a rodada na nona posição, bem mais perto da Libertadores. ?Nós assumimos o compromisso de buscar o maior número de vitórias possível, principalmente em casa. E, se conseguirmos, vamos voltar a pensar em Libertadores e até mesmo no título?, finaliza Jackson.
Cuca tem problemas pra armar o meio
Mais uma vez Cuca não poderá manter uma formação vitoriosa. Do time que enfrentou o Fortaleza, dois jogadores estão definitivamente descartados do jogo de amanhã contra o Santos – o meia Caio, que levou o terceiro cartão amarelo, e Reginaldo Nascimento, que sofreu uma lesão no joelho e fica três semanas afastado. Assim, o técnico do Coritiba fica sem seu capitão e sem o jogador que dá ritmo ao ataque. Ele tem duas opções de montagem de equipe: a primeira mais defensiva, se resguardando para jogar na Vila Belmiro; a segunda mais próxima à forma que o time vem jogando.
Caso queira deixar o Coxa mais forte na marcação, a primeira opção de Cuca é a escalação de Rodrigo Mancha (que será o substituto de Nascimento) e Silas. Com os volantes em campo, Capixaba teria mais liberdade para atacar e Marquinhos seria o jogador mais avançado do meio, se aproximando de Renaldo. Foi assim que o Coritiba fez boas atuações contra Cruzeiro e Ponte Preta -mas a diferença é que nestas duas partidas Caio estava em campo.
Outra idéia tática seria a colocação de Alcimar ou Marciano. Cuca deixa em aberto a utilização de um deles. ?O Alcimar está crescendo a cada partida e quero logo dar nova oportunidade ao Marciano?, comenta o treinador. A definição, no entanto, só acontecerá em Santos. ?Agora eu preciso pensar na melhor maneira de atuar e nas opções que tenho?, confessa.
Matador de leões
?O Fortaleza tem medo dele. Aqui, ele é o ?matador de leões.? A frase foi proferida por um radialista cearense na tarde de quarta-feira, portanto mais de 24 horas antes do jogo. E agora ela se torna premonitória, porque Alcimar foi um dos heróis da vitória do Coritiba sobre o Fortaleza, marcando um gol cinco minutos depois de ter entrado. Ele se consagrou na noite de quinta, tendo seu nome cantado pelos torcedores – e justamente contra o adversário que mais sofreu com seus gols.
Alcimar esperou até momentos antes da partida pela escalação no time titular. Esta não veio, pois Cuca preferiu escalar Luís Carlos Capixaba. ?Mas eu sei que o nosso grupo é muito forte e a opção do treinador é certa?, garante. Mesmo assim, ele ficou ?mordido?, com mais vontade ainda de jogar bem. Não deu outra – a entrada dele agitou a partida. ?É ótimo ver um jogador como o Alcimar entrando bem e modificando o panorama da partida?, elogia o técnico alviverde.
Pior para o Fortaleza, que sofreu o nono gol do meia nesta temporada – o goleiro Bosco levou oito deles. Daí o apelido de ?matador de leões?. ?Isto foi inventado pelos torcedores, porque eu sempre marquei contra eles. E parece que funciona, porque eu fiz de novo. Eu tenho que agradecer por ter marcado e eu sei fazer gols?, diz Alcimar, que finalmente se adaptou a Curitiba e ao Coritiba. ?Eu tive poucas oportunidades no início do Brasileiro, mas agora estou bem?, afirma.
A tristeza dos cearenses é maior porque o jogador não quis defender o Fortaleza neste campeonato. ?Eu tive oportunidades de seguir por lá, mas não queria. Tinha decidido sair, buscar outras oportunidades?, explica Alcimar, que virou um dos ?xodós? da torcida. ?Meu desejo é continuar marcando gols e ajudando o Coritiba?, completa o meio-campista.