O Coritiba não está numa situação confortável no Campeonato Brasileiro. Um quadro que, no momento, não traz preocupação ao presidente Vilson Ribeiro de Andrade. Em evidência no cenário nacional – ele foi escolhido pela CBF para chefiar a delegação da seleção brasileira na Copa do Mundo -, o dirigente demonstra total confiança no trabalho de Celso Roth e de uma comissão técnica de primeira linha, composta por profissionais que estarão defendendo a seleção verde e amarela, como o preparador físico Paulo Paixão e o preparador de goleiros Carlos Pracidelli.
Questionado sobre sua decisão de aceitar o convite de José Maria Marin para estar ao lado da “família Scolari”, o presidente coxa-branca assegurou que nunca foi contra a Copa do Mundo no Brasil. “Nunca tive uma postura contrária ao Mundial. Fui, sou e serei contra o modelo financeiro adotado para o estádio da Baixada”, afirmou Vilson Ribeiro. “O governo do estado e a prefeitura seguiram um caminho equivocado, em detrimento dos demais clubes do Estado”. O presidente não esteve no evento-teste da Baixada e, por força de seu compromisso com a seleção, não deverá acompanhar nenhum dos quatro jogos programados para Curitiba.
Vilson Ribeiro de Andrade foi anunciado como chefe da delegação brasileira no último dia 7 de maio. “Há convites que não se pode negar. Fiquei surpreso com o convite, em fevereiro. Pedi um tempo para pensar, mas após um mês acabei dizendo sim. É uma honra para mim, para o Coritiba e para os desportistas paranaenses”, disse o dirigente coxa. A escolha da CBF é reflexo direto da postura de Andrade em negociações recentes, no que diz respeito à nova legislação para os clubes de futebol e do Bom Senso. “Com o Marin, houve uma abertura maior. Ele abriu diálogo com os clubes, sem imposições. Muito diferente do seu antecessor, Ricardo Teixeira”.
A “aproximação” entre Vilson, Marin e Marco Polo Del Nero – atual vice e futuro presidente da CBF – aconteceu a partir do primeiro arbitral da Série A. “Na oportunidade, levamos reivindicações para o alongamento das dívidas fiscais dos clubes. Todos acharam muito interessante e fui nomeado representante dos clubes, um elo entre CBF e governo nesse processo”, revelou Ribeiro de Andrade. “Creio que essa nova lei, assim que aprovada, será um marco no futebol brasileiro. Um ponto zero”, acredita Vilson.
Muito dessas novas regras foram tiradas de um café da manhã com Alex e Paulo André (ex-zagueiro do Corinthians). Na prática, trata-se praticamente do fair-play financeiro. Na contrapartida do parcelamento das dívidas com a União, os clubes terão que se enquadrar em uma rígida responsabilidade fiscal. “O clube que não apresentar as certidões (a CND) antes do início da competição, estará automaticamente rebaixado. A partir daí, terá um ano inteiro para regularizar sua situação, se não o fizer, cairá novamente, até que esteja eliminado das divisões nacionais”, explicou o dirigente coxa-branca.
Na visão de Vilson Ribeiro, isso irá moralizar o futebol e fazer com que os clubes parem de gastar o que não têm. “Para se manter dentro das regras, o clube terá que comprometer no máximo 70% de seu orçamento”, explicou. “Com essas novas regras, os salários vão cair. Clubes, empresários e jogadores terão que viver com uma nova realidade”. Uma responsabilidade fiscal que irá se estender também aos dirigentes, cujos patrimônios pessoais poderão ser comprometidos, no caso de uma má gestão. “Com isso, não teremos mais aventureiros”, arrematou o presidente do Coritiba, que, até o momento, não fala em reeleição.