Acusado de fraude fiscal, Neymar teve seu depoimento perante o juiz espanhol José de la Mata divulgado nesta quinta-feira, pelo jornal El Confidencial. As imagens são de fevereiro de 2016, e nelas, o brasileiro afirma desconhecer os detalhes de sua transferência para o Barcelona, iniciada em 2011 e finalizada em 2013. A Justiça da Espanha investiga se houve sonegação fiscal na transação, utilizando empresas dos pais de Neymar.

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Chama atenção nos vídeos divulgados que Neymar admite que assinou os documentos que são apresentados como provas no processo, mas repetidas vezes diz que apenas seguia as instruções do pai, também chamado Neymar. O jogador deixa claro que não sabia o que assinava.

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“Meu pai gerencia minha carreira desde que eu nasci, é uma pessoa em quem confio de olhos fechados. Meu pai toma conta da minha vida e da minha carreira também”, disse Neymar, quando questionado sobre o que tinha a dizer a respeito do processo, que ele afirmou só conhecer pela imprensa.

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“Desde que assinei meu primeiro papel foi meu pai que conduziu tudo. Ele que me pedia e eu assinava sem problema nenhum”, disse Neymar ao juiz, afirmando também que não se lembrava de ter assinado um documento usado como prova. “Posso identificar minha assinatura. Foi mais um documento que meu pai pediu para que eu assinasse. Toda vez que meu pai pedia para eu assinar qualquer documento eu sempre assinei.”

Ainda segundo Neymar, ele não gosta de burocracia e por isso sempre designou seu pai para essa função. “Eu nunca fui por dentro de todos os contratos, de tudo que passava pela minha carreira, até porque não gosto e por isso tenho quem gere isso, conduz, que é meu pai. Ele sempre conduziu da melhor manteira possível. Ele tem total liberdade para fazer o que quiser da minha vida”, revelou, antes de completar: “Tudo que meu pai indica para assinar eu assino”.

Em novembro passado, após o processo chegar a ser encerrado, o Ministério Público da Espanha pediu dois anos de prisão para Neymar e para seu pai, além de uma multa de 30 milhões de euros à família, apontando para a suspeita de corrupção e fraude. O promotor José Perals ainda recomenda uma pena de cinco anos de prisão ao ex-presidente do Barcelona, Sandro Rosell, considerado como a pessoa responsável pelo contrato com o brasileiro.

Por “corrupção nos negócios” e “fraude mediante simulação contratual”, a promotoria ainda pede que Neymar fique inabilitado de qualquer exercício comercial por três anos. Aos pais do jogador, sócios das empresas que assinaram o contrato, são mais 2 anos de prisão para ele e um para ela, além de multa de 10 milhões de euros para cada. No total, a família de Neymar teria de desembolsar 30 milhões de euros se o juiz atender ao pedido do promotor.

O caso havia sido iniciado pela empresa DIS, que geria parte dos direitos sobre Neymar quando o brasileiro ainda atuava pelo Santos. A queixa tem, como origem, a divisão do pagamento que o Barcelona deveria realizar na compra do jogador. Para a DIS, ela deveria receber 40% do dinheiro que o clube catalão ou qualquer outro gastaria no jogador. Mas a empresa insiste que apenas recebeu 17,1 milhões de euros do Barcelona.

As investigações na Espanha acabaram revelando que o valor real pago por Neymar chegou a 83 milhões de euros, o que acabou sendo confirmado pelo Barcelona e levado à queda de sua diretoria. Mas 40 milhões de euros teriam ido para Neymar por meio de “contratos simulados”. Para a DIS, uma negociação transparente com outros clubes teria gerado mais dinheiro para a empresa que, ao não saber de outros contratos de Neymar com o Barcelona, considera que foi lesada financeiramente.