Um vídeo feito pela equipe de transmissão via internet do clássico Atletiba, que seria realizado neste domingo (19), na Arena da Baixada, acabou com a tese da Federação Paranaense de Futebol (FPF) para justificar o cancelamento da partida. A entidade culpou os clubes e pessoas não credenciadas para não realizar o jogo. Porém, o quarto árbitro Rafael Traci em conversa com o vice-presidente do Coxa, José Fernando Macedo, afirmou que a ordem veio do presidente Helio Cury. Esse vídeo pode ser, inclusive, usado em um possível julgamento no TJD-PR da FPF.
Segundo relatou Traci, a transmissão não poderia ser realizada e, por isso, a partida não foi iniciada pelo árbitro Paulo Roberto Alves Júnior. Já a FPF alega que o jogo não ocorreu porque profissionais não credenciados estavam dentro de campo. Entretanto, em nenhum momento o árbitro pediu que a Polícia Militar retirasse os repórteres do gramado para iniciar a partida. Isso comprova a tese de que houve uma retaliação da entidade máxima do futebol paranaense aos dois clubes.
“Vem do próprio presidente Helio Cury (a ordem de não iniciar o jogo). O pessoal não pode transmitir porque não é a detentora do campeonato. É isso que a gente recebeu de informação. Se eles continuarem dentro do campo, nós não podemos iniciar a partida”, afirmou Traci em conversa com o dirigente alviverde.
A tendência é de que a súmula da partida seja entregue na sede da FPF até a tarde desta terça-feira (21). De acordo com o documento e com os relatórios dos observadores, o TJD-PR pode oferecer denúncia aos clubes. “Cabe a Justiça Desportiva tentar ouvir todos os envolvidos, dar oportunidade de manifestação de todos e tomar a melhor decisão para proteger o interesse dos torcedores, que tem que ser respeitado sempre”, afirmou o presidente do TJD-PR, Leandro Rosa, em entrevista à Banda B.
Rosa não quis antecipar qualquer tipo de decisão que será tomada antes do envio da súmula do árbitro Paulo Roberto Alves Júnior à FPF. Segundo ele, ainda não dá para saber se será caracterizado um WO duplo. Isto porque as equipes estavam em campo e o jogo foi cancelado pela própria Federação Paranaense de Futebol.
“É uma questão a ser avaliada sob o ângulo do motivo e o motivo não está claro ainda. Então, não dá para saber se há WO. É uma questão que seria anotada de maneira bem detalhada na súmula. Quando chegar para nós, na Federação, vamos trabalhar da melhor maneira possível. O objetivo é respaldar o direito dos torcedores que, na verdade, é o destino final de qualquer espetáculo esportivo”, emendou.
Enquanto a súmula e os relatórios não chegam à FPF, as assessorias jurídicas de Atlético e Coritiba tomarão, juntas, decisões sobre o caso a partir de agora. Os clubes, segundo informou Leandro Rosa, podem também entrar na Justiça, mas a tendência é de que a Procuradoria do TJD-PR ofereça a denúncia para penalizar os culpados pelo cancelamento da partida.
O lado da FPF
Ao alegar que não iniciou a partida por conta da presença de profissionais sem credenciamento, o árbitro Paulo Roberto Alves Júnior deve colocar na súmula que cancelou a partida por falta de segurança. Isso porque a FPF considera que pessoas não credenciadas são pessoas desconhecidas. O caso repercutiu dentro e fora do Brasil e há uma expectativa muito grande da publicação da súmula da partida. Se não o fizer ainda nesta segunda-feira, apesar de ainda estar dentro do prazo, a entidade máxima do futebol paranaense provará mais uma vez a sua incompetência na gerência do futebol do Estado.