Vida dura até a primeira vitória

A vida nunca foi fácil para o mais novo vencedor brasileiro na F1. Até ser ?descoberto? por um amigo de Jean Todt na F-3000 européia, Felipe Massa, que venceu domingo o Grande Prêmio da Turquia, em Istambul, teve de se virar como podia para correr.

Depois de ganhar o título brasileiro da F-Chevrolet em 1999, foi para a Itália com pouco mais do que a roupa do corpo.

Tinha dinheiro para disputar apenas algumas corridas na F-Renault, e com os prêmios que ia ganhando pagava a prova seguinte. Numa dessas vitórias, ganhou do patrocinador do campeonato algumas caixas de cerveja, que vendeu ao dono de um bar perto de sua equipe para financiar mais uma corridinha.

Assim foi conquistando títulos e fama, até que o tal amigo de Todt o apresentou ao chefão da Ferrari em meados de 2001. Na época, a Sauber usava motores feitos em Maranello e Todt pediu a Peter Sauber para dar um teste ao jovem brasileiro.

Felipe andou em Mugello e impressionou o suíço, que procurava um piloto barato para a temporada seguinte. A Ferrari, então, assinou com ele um contrato de cinco anos, apostando no seu futuro. E o emprestou à Sauber.

O primeiro ano foi turbulento. Massa mostrou velocidade e arrojo. Mas, inexperiente, cometeu muitos erros e irritou Sauber, que o mandou de volta para a Ferrari. O ano de 2003 foi fundamental para sua carreira. Convivendo com Schumacher e Barrichello, na condição de piloto de testes, aprendeu tudo que podia num time que vivia o melhor momento de sua história.

Nos dois anos seguintes, voltou à Sauber como titular. Quando Rubens decidiu deixar a Ferrari, em agosto do ano passado, a escolha do time italiano foi natural: promover Felipe a titular.

Massa assinou por apenas um ano. Começou o campeonato de forma irregular, mas na quinta corrida, em Nürburgring, subiu ao pódio pela primeira vez com um terceiro lugar. Voltaria a ganhar troféus em Indianápolis, Magny-Cours e Hockenheim, até subir ao degrau mais alto ontem.

Apesar da boa campanha, com 62 pontos em 14 corridas, ocupando a terceira posição no mundial, Felipe ainda não sabe o que vai fazer no ano que vem. Ele aguarda uma decisão de Schumacher sobre o futuro. Se o alemão decidir continuar, deverá ter como companheiro Kimi Raikkonen. Mas Michael já teria pedido ao presidente da Ferrari para Massa continuar como titular. Caso Kimi venha mesmo, o brasileiro poderia voltar a ser piloto de testes. Se Michael decidir parar, Felipe tem a vaga garantida como titular dos carros vermelhos.

Alemão ?depende? do companheiro

O segundo lugar de Alonso em Istambul voltou a colocar o espanhol numa posição confortável na luta pelo título de 2006. O piloto da Renault ampliou de 10 para 12 pontos sua vantagem para Schumacher e, de novo, não precisa ganhar mais nenhuma corrida para ser campeão. Três segundos e um terceiro lugares nas quatro provas que faltam serão o bastante para Fernando. Ele tem 108 pontos e, com esses resultados, chegaria a 138. Se Schumacher ganhar as quatro, atinge 136. Isso significa que o alemão depende mais do que nunca de Massa para buscar a oitava taça.

Vitória com espírito de equipe

Espírito de equipe é isso aí. Felipe Massa tinha acabado de receber a bandeira quadriculada em Istambul para vencer sua primeira corrida na Fórmula 1, e antes mesmo de gritar feito um louco no rádio, disse a Ross Brawn, diretor-técnico da Ferrari: ?Lamento por Michael?.

O histórico GP da Turquia foi, para Massa, na prática, uma corrida tranqüila. Felipe fez seu papel. Teve um ritmo forte e seguro, sem cometer erros, e sem ser ameaçado. Mais para trás, a questão era: o que acontecerá se Schumacher passar Alonso? Não deu tempo de saber.

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