Venezuela, o novo desafio para a seleção brasileira

Maracaibo – A seleção brasileira vai entrar em campo neste sábado, em Maracaibo, às 22 horas de Brasília, com um só pensamento: derrotar a Venezuela e permanecer na primeira posição das eliminatórias para a Copa de 2006. Tradicional saco de pancadas, os venezuelanos, no entanto, vêm fazendo a melhor campanha de sua história e vencer o Brasil seria a confirmação da evolução de seu futebol.

Recuperado de incômodo muscular, o atacante Ronaldo está confirmado. Artilheiro da competição com sete gols (metade do total de gols da equipe), o “Fenômeno?? formará a dupla de frente com Ronaldinho Gaúcho. Na zaga, Juan ganhou a disputa com Lúcio e é o novo titular.

“Espero poder manter uma seqüência. Quanto mais estiver entrosado, melhor será para a equipe. Temos respeito por todos os adversários, mas o objetivo é terminar o ano bem classificado”, espera o jogador do Bayer Leverkusen. Para a posição de Edmílson, cortado por lesão, o técnico Carlos Alberto Parreira optou por colocar Renato, que irá compor o setor com Edu, Juninho e Kaká.

Considerada a seleção revelação em pesquisa realizada pela Fifa, a Venezuela ocupa o sexto lugar na competição, com 10 pontos e três vitórias, sendo que a mais importante foi sobre o Uruguai por 3 x 0, em pleno Centenário, em Montevidéu. Para sábado, a equipe não vai contar com o atacante Rafael Castellin, lesionado, o que não tira a confiança do treinador Richard Páez.

“Tenho certeza de que, mantendo a serenidade, vamos conseguir algo positivo. O Brasil tem grandes estrelas do futebol mundial, mas nós também temos nossas grandes figuras”, avisou o técnico, que conta com o talento do meia Jorge Arango. “Estamos muito motivados e com a esperança de fazer história. Pela primeira vez, temos chances de vencer e não podemos desperdiçar”, disse o jogador.

A vez de Renato

A escolha de Renato para a posição de primeiro volante no jogo de hoje foi feita um pouco por exclusão. O titular Edmílson sofreu grave contusão e Gilberto Silva, a opção direta para substituir o atleta do Barcelona, também não pôde ir a Maracaibo. Está com um problema nas costas e só deve voltar à atividade em meados de novembro.

Mas não se deve atribuir apenas à casualidade a escalação de Renato. Ele fez uma ótima temporada pelo Santos, destacou-se na Copa América e tem mantido o ritmo no Sevilla, da Espanha, para onde se transferiu em agosto.

Renato espera aproveitar a ausência de seus colegas, concorrentes na disputa de vagas no meio-de-campo da seleção, para se firmar na equipe. Ele sabe que Edmílson vai ficar em tratamento por pelo menos seis meses e que Gilberto Silva dificilmente voltará a defender o Brasil este ano.

Como favorito absoluto, a ordem é ganhar

Maracaibo –

O Brasil lidera o ranking da Fifa, é pentacampeão mundial, tem seis atletas indicados para o título de melhor do planeta em 2004 e venceu recentemente a Copa América com time reserva. Todas essas credenciais apontam o absoluto favoritismo da seleção para o jogo desta noite, às 22h (de Brasília), contra a Venezuela, pelas Eliminatórias do Mundial de 2006.

Os números também indicam uma ampla vantagem brasileira. Em 15 partidas realizadas até agora entre as duas equipes, houve 15 vitórias do Brasil. Nada disso, porém, deve pesar no resultado de hoje. O alerta é do técnico Carlos Alberto Parreira. “Favoritismo não leva a lugar nenhum. Se não suar a camisa, não superar as dificuldades e não jogar com seriedade, a história pode mudar.”

Ele levará a campo um trio de potencial indiscutível: Kaká, Ronaldo e Ronaldinho Gaúcho. Os três não atuavam juntos desde o amistoso com a França, em maio. A presença deles, no entanto, não significa que o público será brindado com um futebol vistoso.

O Estádio Jose Encarnacion Pachencho Romero está muito esburacado e duro, ou seja, em péssimas condições. Na verdade, o local da partida foi construído para servir de velódromo e abrigar oito pistas de atletismo. Como no meio da obra ficaria um espaço vazio, a solução encontrada foi gramar a área.

Assim, o complexo esportivo virou também um lugar para a prática do futebol, esporte em terceiro lugar na preferência dos venezuelanos – perde para o beisebol e o basquete.

A evolução da seleção da Venezuela desde as últimas eliminatórias despertou na equipe brasileira uma atenção maior contra o adversário de hoje. Parreira não esconde sua opinião sobre a superioridade do Brasil, mas repetiu durante a semana várias vezes que “camisa não ganha jogo”.

Essa estratégia do grupo é clara: é preciso ter cuidado nas declarações para evitar animosidades e não motivar quem está do outro lado. O lateral Cafu, de volta à seleção depois de três partidas, manteve o discurso de Parreira. “A Venezuela venceu recentemente o Uruguai por 3 a 0, em Montevidéu. Não é uma equipe ingênua. Espero que o nosso tabu contra eles não seja quebrado.”

O zagueiro Roque Júnior seguiu a linha de raciocínio. “Se o Brasil entrar em campo pensando que o jogo é fácil, vai criar um grande problema.” Ele atuará ao lado de Juan, seu companheiro de zaga no Bayer Leverkusen e possivelmente o novo titular da seleção, na vaga de Lúcio. No meio, Renato está escalado como substituto de Edmílson, contundido.

Para suportar o calor em Maracaibo – a temperatura prevista para esta noite é de aproximadamente 30 graus -, a recomendação da comissão técnica é para que o time não corra demais e procure tocar a bola com rapidez. Parreira quer uma partida em ritmo cadenciado. Nada de afobação quando o Brasil tiver a posse da bola.

Kaká vai exercer o papel de “número 1”, nome que Parreira dá ao jogador que atua mais adiantado no meio e serve os atacantes. O atleta do Milan previu dificuldades com relação ao estado do gramado e à motivação dos venezuelanos. “Pela primeira vez, eles notam que existe a possibilidade de o time deles lutar pela classificação a um mundial. Isso vai se refletir em campo, em entusiasmo, com o apoio dos torcedores.”

Imediatamente após o jogo, a delegação brasileira deixa Maracaibo em vôo fretado, seguindo para Maceió, onde enfrentará a Colômbia, na quarta-feira, pela primeira rodada do returno das eliminatórias. Parreira quer uma viagem tranqüila.

“Na hora em que houver uma escorregada, vai haver pressão, uma chuva de críticas. O futebol brasileiro é assim, não vai mudar.”

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