Em uma segunda-feira agitada no Grêmio, a venda do meia-atacante Tetê ao Shakhtar Donetsk e, principalmente, suas reclamações sobre a falta de oportunidades entre os profissionais repercutiram até mais do que a vitória por 2 a 0 sobre o Veranópolis, no duelo válido pela oitava rodada do Campeonato Gaúcho, liderado pelo clube. E irritaram o técnico Renato Gaúcho.
Tetê, de 19 anos, nem chegou a estrear pelo time profissional do Grêmio. O meia-atacante participou recentemente do Sul-Americano Sub-20 pela seleção brasileira e não foi integrado ao elenco profissional após o retorno do torneio, o que o levou a realizar reclamações em sua entrevista coletiva de despedida.
Na segunda-feira, o meia-atacante convocou a imprensa a um hotel em Porto Alegre, onde confirmou a sua transferência para o Shakhtar. Os detalhes financeiros da transação não foram revelados pelo jogador ou pelo Grêmio, mas o time ucraniano deve desembolsar 10 milhões de euros (aproximadamente R$ 43 milhões) na transação.
Questionado sobre a venda, Renato não escondeu sua insatisfação com a postura de Tetê. “Apoiei a venda. Foi bom para o jogador e para o clube. Não se pode pensar duas vezes, os clubes dependem de vendas. Pode até sair outro, mas o Grêmio compra. Não vamos querer jogador insatisfeito”, afirmou.
À frente do Grêmio desde 2016 e considerado o maior ídolo da história do clube, Renato adotou discurso firme para defender a falta de chances a Tetê, citando jogadores que se destacaram pelo time sob o seu comando, mas demoraram a conquistar a titularidade.
“Enquanto eu for treinador, jogador da base vai chegar no profissional no momento que demonstrar que tem condições. Não adianta empresário vir tumultuar ou amiguinho. Tem que fazer por onde para estar no grupo principal. Não é porque foi para a seleção, comigo tem que jogar. No grito, no papo, não cola. Foi assim com todos os garotos. Luan, Everton, Pedro Rocha. Pergunta a eles se não sofreram para jogar”, prosseguiu o treinador.
Renato também rebateu a declaração de Tetê que reclamou de faltas de chance no clube, afirmando que ninguém vai conquistar espaço no time no “grito” ou por ter um currículo de êxito nas divisões de base.
“Um jogador ser convocado para a sub-20 não quer dizer nada, com respeito a ele. Desejo toda sorte. ‘Só fico se for profissional?’ Boa viagem. Nem a pedido do presidente vou aceitar. Tem que fazer por onde. Tem que valorizar onde está. É só fazer as coisas certas que a gente começa a trazer”, concluiu o treinador.
Líder do Campeonato Gaúcho com 20 pontos, o Grêmio agora se concentra para a estreia na Copa Libertadores, em 6 de março, quando vai visitar o Rosario Central, na Argentina, pela primeira rodada do Grupo H.