O clássico de sábado contra o Coritiba poderá marcar as pazes entre o time do Atlético e seus torcedores. Esse, pelo menos, é o pensamento do ala-direito Alessandro, um dos mais visados e culpados pela sequência de derrotas.
Após o fracasso diante do Internacional, no domingo, a tensão entre fãs e ídolos quase chegou às vias de fato, mas ficou apenas no prejuízo material. O atleta, que passou ileso pelo protesto na saída da Arena, reconhece a má fase e o direito de cobrança, e quer por um ponto final no conflito e voltar a ficar de bem com o décimo segundo jogador rubro-negro.
“Tudo tem um limite. Chega um momento que não tem mais o que você cobrar. Eles tiveram o momento deles e acho que chegou ao limite. Agora, eles têm que apoiar a gente pela circunstância que nós estamos passando no campeonato”, alerta Alessandro.
De acordo com ele, os xingamentos não têm atrapalhado seu desempenho dentro de campo, mas incomoda. “São momentos ruins. Você tenta uma jogada, não consegue fazer e a torcida pega no seu pé. Aí, na segunda jogada, antes de você ir na bola eles já estão te vaiando”, explica. Para não deixar se influenciar, ele se apega às palavras do técnico para continuar tentando fazer o que sabe. “O professor está me dando confiança e, com certeza, essa má fase vai passar e eu, junto com meus companheiros, vamos dar a volta por cima”, finaliza.
Time
Com tanta pressão (má fase e semana de Atletiba) em cima do clube, o técnico Abel Braga está tratando de manter a mesma rotina no CT do Caju. Os trabalhos estão sendo realizados em função da competição até a véspera de jogo, quando o adversário será abordado. Ontem, por exemplo, Abelão não poupou os zagueiros. Depois dos três gols tomados diante do Internacional, o treinador pôs a moçada para suar bastante e evitar que os erros infantis não se repitam. Contra o Coritiba, o time só deverá ser definido amanhã. As certezas são as voltas do atacante Kléber (após cumprir suspensão automática) e do ala-esquerdo Ivan (que entra no lugar de Fabiano, suspenso). As dúvidas são em relação a quem sai no ataque e quem entra no lugar de Gustavo (Wellington Paulo ou Douglas Silva?)
E o novo líbero já está escolhido
O zagueiro Wellington Paulo, do Atlético, poderá ter a sua grande oportunidade no clube atuando como líbero no maior clássico do estado. Ele é a primeira opção do técnico Abel Braga para substituir o capitão Gustavo, que cumprirá suspensão automática na partida de sábado. Desde o início do ano no CT do Caju, o jogador disse a O Estado que espera mostrar seu potencial nesse jogo e buscar a vitória para presentear os torcedores.
O Estado – O Atlético está há muito tempo à procura de um líbero e você foi bem na partida contra a Portuguesa. Será que este jogador é você?
Wellington Paulo – Eu já fiz um jogo no Brasileiro nessa forma e me senti muito bem. No início do ano o Geninho conversou comigo e já sabia que eu tinha jogado dessa forma, mas ele não me usou nenhuma vez como líbero. Com o Gílson Nunes eu tive a chance e procurei fazer aquilo que ele tinha passado para mim.
O Estado – Você já conversou com o Abel Braga sobre isso?
Wellington Paulo – Não, eu não tive, mas na conversa com o grupo ele colocou que tinha informações de todo mundo e disse que sabia que eu tinha ido muito bem contra a Portuguesa e já sabia que eu também atuo de líbero. Ele também me conhece por jogar várias vezes contra ele e já estive até para trabalhar com ele em outros clubes.
O Estado – Sua briga então é para jogar o clássico?
Wellington Paulo – É lógico. Eu já brigo aqui todos os dias. Tem cinco meses que eu estava atrás de uma chance, ela veio na partida contra a Portuguesa e eu consegui ajudar o time. Se precisarem de mim mais uma vez, eu estarei pronto. (RS)
Com todo o respeito
O presidente Mário Celso Petraglia, do Atlético, foi ontem prestigiar o treino do time e já pôs pilha no clássico de sábado. A partida, que até agora não vinha despertando muito interesse pela atual situação dos dois clubes, promete esquentar com a promessa do dirigente de que seu time irá sair vencedor da Arena e rumará em busca da classificação. A partida contra o Coxa será no sábado, na Arena, e uma vitória é fundamental para o Furacão escapar da zona de rebaixamento e ainda sonhar com a classificação à próxima fase.
“Com todo respeito ao Coritiba, nós vamos vencer o clássico e vamos nos classificar para fase final do Campeonato Brasileiro”, prometeu o dirigente, através da assessoria de imprensa. De acordo com ele, as informações de falta de preparo físico e de noitadas não procedem. “O Atlético está concentrando 48 horas antes das partidas para acabar com as especulações e fofocas infundadas. Para o clássico, os jogadores deverão se apresentar no CT amanhã à noite. Quanto à questão da forma física, muitos esquecem que o diretor científico Antônio Carlos Gomes já estava no clube quando fomos campeões brasileiros”, respondeu.
O dirigente aposta que os maus resultados são apenas fruto de uma má fase. “O Atlético é grande e não tem como voltar a ser pequeno. Isto que está acontecendo é apenas uma fase que vai acabar no clássico Atletiba”, disparou. Resta saber se a torcida irá aceitar mais um vexame em casa. Até aqui, somente comissão técnica e jogadores têm sido cobrados pelo fraco futebol mostrado pela equipe no Brasileirão. Após a derrota para o Internacional, alguns torcedores começaram a cobrar uma posição mais enérgica da direção.