Alguns dos principais velejadores brasileiros voltaram a demonstrar preocupação com a condição das águas da Baía de Guanabara, no Rio, que receberá as competições de vela nos Jogos Olímpicos de 2016. Eles consideram que a poluição da água poderá trazer problemas para a navegação e até riscos à saúde dos atletas.
A preocupação foi externada na manhã desta terça-feira, no Rio Yacht Club, em Niterói, durante a apresentação da equipe brasileira que irá participar na próxima semana do Aquece Rio International, primeiro dos dois eventos-teste que serão realizados na baía em preparação à Olimpíada de 2016. A competição, que acontece de 2 a 9 de julho, deverá reunir 320 atletas de 34 países.
“É um problema recorrente, e por isso estamos mais acostumados do que os outros. Não é uma boa imagem pra gente. Gostaríamos de ver isso solucionado da melhor forma possível”, disse o ex-medalhista olímpico Torben Grael, chefe da equipe brasileira.
“Em algumas classes os barcos são muito rápidos, é muito difícil você ver o lixo que está submerso, e se você pegar alguma coisa grande prejudica a performance de maneira relevante”, destacou.
Robert Scheidt, que compete pela classe Laser Standard, afirmou que não houve problemas na última semana, quando ele treinou na baía e participou de uma competição. Mas alertou que será preciso condições climáticas adequadas na próxima semana para que o Aquece Rio transcorra sem problemas. “Podem acontecer (problemas) caso chova muito. Quando a maré vem de dentro pra fora da Baía de Guanabara pode trazer muitos sacos de lixo e isso atrapalha”, disse.
O velejador, contudo, mostrou-se otimista para os Jogos Olímpicos. “Acho que as medidas já estão sendo tomadas. A baía está melhorando aos poucos, mas ainda temos um longo trabalho a fazer para estar perfeito para a Olimpíada de 2016”, avaliou. Ele destacou o fato de que os Jogos acontecerão no inverno, quando a incidência de chuva é menor.
Companheiras há dois anos na classe 49erFX, Martine Grael e Kahena Kunze demonstraram satisfação por competirem no Rio, próximo a amigos, familiares e da torcida brasileira. Mas lamentaram a condição da água. “Incomoda bastante, é desagradável, porque a gente está sempre em contato com a água. Tem o lixo, a água turva… A gente veleja lá fora, volta pra cá e vê a nossa realidade e é bem triste”, ponderou Kahena.
A velejadora alertou sobre os riscos à saúde. “A gente está sempre correndo o risco de pegar alguma contaminação – o que nunca aconteceu -, mas também (há problema) em relação às regatas. Se você pegar lixo, você para, tem que tirar o lixo, o que demanda tempo e posição.”
Martine destacou que conhece as águas da baía desde a infância, e que não tem percebido melhoras ao longo dos anos. Mas a atleta considera que poderá haver algum avanço até 2016.
“Eles têm condições, têm verba para fazer grandes melhorias, e se for usada da maneira correta há tempo de se fazer boas melhorias. Agora, é uma corrida atrás do tempo. Eu espero que o plano de saneamento dos municípios seja efetivamente levado a sério e aí tenhamos algum resultado em 2016”, avaliou.