O campeonato carioca terminou em tumulto e o título ficou com o Vasco, após a vitória por 2 a 1 sobre o Fluminense, ontem, no Maracanã. O jogo decisivo sofreu interrupção de 11 minutos por causa de sucessivas agressões. A primeira, de Marcelinho Carioca num assistente da arbitragem o atleta vascaíno acabara de ser expulso e se recusava a seguir para o vestiário. O técnico do clube de São Januário, Antonio Lopes, teve responsabilidade direta na confusão. Ele jogou a bola sobre Alex Oliveira, caído no campo após ser derrubado por Léo Lima.
O campeonato carioca de 2003, sob a acusação de resultados fabricados, foi um reflexo da omissão e da falta de transparência da Federação de Futebol do Rio na escalação de árbitros e na apuração de denúncias de corrupção na competição. Durante a primeira fase, o técnico do Fluminense, Renato Gaúcho, já anunciava que havia “armação”. Ontem, foi preciso a chegada de uma tropa do Batalhão de Choque da Polícia Militar para garantir a continuação da partida no segundo tempo.
O Vasco tinha a vantagem de dois resultados iguais, por ter vencido a Taça Guanabara. Na primeira partida, vencera pelo mesmo placar. Portanto, podia até perder por um gol de diferença. E começou o jogo avassalador. Em um minuto, teve duas chances de marcar. A terceira foi certeira, 30 segundos depois. Marcelinho chutou de longe, o goleiro Kléber espalmou para a frente e Léo Lima aproveitou o rebote. O lance teve início numa saída equivocada da zaga do Flu. A bola bateu na cabeça do árbitro Samir Yarak e sobrou para Marcelinho.
Logo depois, Ademílson completou para o gol o cruzamento de Carlos Alberto, mas não pôde comemorar. O assistente Elson Passos acusou falta de ataque, o que não aconteceu. Isso serviu para tornar a partida mais tensa. Aos 21 minutos, no entanto, numa jogada de velocidade, Fábio Bala tocou para Ademílson marcar novamente. Desta vez, o gol valeu, embora o atleta estivesse em impedimento.
No final da primeira etapa, Marcelinho e Marcão foram expulsos, depois de uma seqüência de faltas e reclamações. Foi quando começou o tumulto, com invasão de campo e o desequilíbrio de Antonio Lopes, que tinha sido coordenador-técnico da seleção pentacampeão do mundo. Ele foi expulso, mas não deixou o campo, incentivado pelo presidente do Vasco, Eurico Miranda, que ameaçava policiais militares com o dedo em riste.
O intervalo demorou mais de 20 minutos. E o Fluminense não voltou com ímpeto para reagir. O meia Carlos Alberto, o melhor do time, era pouco acionado. Djair, Alex Oliveira e Jadílson, destaques da equipe na competição, tinham atuação apagada e o artilheiro Fábio Bala também não conseguia produzir nada. O Vasco passou a atuar nos contra-ataques.
Num desses contra-ataques, Léo Lima proporcionou às 77.590 pessoas presentes ao estádio o único lance de futebol-arte na decisão do carioca. Da linha de fundo, pela esquerda, ele fez um cruzamento de letra, surpreendendo toda a zaga do Flu. Na área, Cadu cabeceou a bola para trás e Souza não desperdiçou: Vasco 2 a 1.
Depois, o que se viu foi o desespero do Fluminense, já completamente abatido. O Vasco, merecidamente, conquistava seu 22.º título carioca.
Fluminense: Kléber; Jancarlos, (Zada), César, Zé Carlos e Jadílson; Marcão, Alex Oliveira (Marcelo), Djair (Fernando Diniz) e Carlos Alberto; Ademílson e Fábio Bala. Técnico: Renato Gaúcho.
Vasco: Fábio; Russo, Alex, Wellington Paulo e Edinho; Henrique (Rogério Corrêa), Bruno Lazaroni, Léo Lima (Rodrigo Souto) e Marcelinho; Souza e Marques (Cadu). Técnico: Antonio Lopes.
Gols: Léo Lima, a 1, e Ademílson, aos 21 minutos do primeiro tempo; Souza, aos 15 do segundo. Árbitro: Samir Yarak. Cartão amarelo: Zé Carlos, Marcão, Alex Oliveira, Djair, Carlos Alberto, Alex, Henrique, Léo Lima, Marcelinho e Souza. Cartão vermelho: Marcão e Marcelinho. Público: 77.590 pagantes.