Depois dos acontecimentos de uma semana atrás, em Assunção, quando o Vasco se sentiu vítima de violência não coibida do Libertad e com Dedé e Renato Silva sendo alvos de insultos racistas, havia o temor de que os vascaínos entrassem em campo, nesta quarta-feira, muito “pilhados” em busca de retaliação. Mas foi na bola, com tranquilidade e categoria, que o time brasileiro deu a resposta sobre o mesmo rival paraguaio: vitória por 2 a 0, em São Januário.
O resultado foi de suma importância, pois coloca o Vasco com os mesmos sete pontos do Libertad, mas em segundo lugar do Grupo 5 da Libertadores pelos critérios de desempate. Nacional (Uruguai) e Alianza Lima (Peru) jogam no dia 27 de março para fechar a quarta rodada, mas ambos têm três pontos. Em um cenário ideal, a torcida vascaína é por um empate, que dê ao time carioca a paz para buscar a classificação nos dois jogos fora do País, primeiro contra os peruanos, em 3 de abril.
“Eu me sinto um privilegiado por ainda poder jogar nesse nível. Sinto muito prazer nisso”, vibrou o meia Juninho Pernambucano, autor do primeiro gol vascaíno nesta quarta-feira, depois de entrar no segundo tempo para comandar, ao lado de Felipe, a equipe à vitória. Demonstração de que os veteranos podem jogar juntos se a ocasião assim determinar. “Um grande time não tem apenas um forma de atuar”, destacou o jogador.
No início, porém, o clima de tensão era grande, como esperado. O ônibus do Libertad foi atingido por pedras, latas e garrafas na chegada a São Januário. A polícia teve que intervir com gás de pimenta. Mas os visitantes não demonstraram abalo e fizeram o seu jogo no primeiro tempo.
Os donos da casa, empurrados pelas arquibancadas repletas, apertaram a pressão a partir dos 30 minutos, mas o bom posicionamento defensivo dos adversários limitou o Vasco a apenas três finalizações na primeira etapa. “Está faltando movimentação, apesar dos três atacantes. Está faltando o meia de armação atrás dos dois volantes”, analisou o meia Felipe.
Na deixa de seu veterano meia, o técnico Cristóvão Borges voltou com o meia Juninho Pernambucano no lugar do atacante Eder Luís, além de colocar o mais ofensivo volante Allan na vaga do marcador Eduardo Costa. “Vamos tentar um passe mais vertical para superar essa marcação de duas linhas de quatro”, explicou o treinador.
O meia de 37 anos prontamente recompensou seu técnico. Aos 8 minutos, Juninho Pernambucano pegou a sobra de seu próprio escanteio e, quando todos esperavam novo cruzamento, arriscou direto, quase sem ângulo: gol, com colaboração de Muñoz.
Melhor em campo, o Vasco não demorou para fazer o segundo gol. Allan fez boa jogada e cruzou para Alecsandro tocar para o gol vazio aos 17 minutos. Àquela altura, mais um gol colocaria os brasileiros na liderança do grupo, bom motivo para seguir na mesma batida. Mas os anfitriões diminuíram o ritmo, satisfeitos com a vitória que lhe deixa em boa condição para decidir a vaga fora de casa.
FICHA TÉCNICA:
VASCO 2 X 0 LIBERTAD
VASCO – Fernando Prass; Fagner, Dedé, Renato Silva e Thiago Feltri; Eduardo Costa (Allan), Rômulo e Felipe (Fellipe Bastos); Eder Luis (Juninho Pernambucano), Wiliam Barbio e Alecsandro. Técnico – Cristóvão Borges.
LIBERTAD – Muñoz; Bonet, Bizera, Benegas e Samudio; Ayala (Melgarejo), Cáceres, Sergio Aquino e Civelli (Camacho); Gamarra (Velázquez) e Menéndez. Técnico – Jorge Luís Burruchaga.
GOLS – Juninho Pernambucano, aos 8, e Alecsandro, aos 17 minutos do segundo tempo.
ÁRBITRO – Wilmar Roldán (COL).
CARTÃO AMARELO – Thiago Feltri, Menéndez, Civelli e Benegas.
RENDA – R$ 588.725,00.
PÚBLICO – 12.776 pagantes (15.799 presentes).
LOCAL – Estádio São Januário, no Rio.