São Paulo – O maratonista paranaense Vanderlei Cordeiro de Lima, medalhista olímpico, fará sua despedida da seleção brasileira na Corrida de São Silvestre. Mas Vanderlei, de 39 anos, 1,68 m e 54 kg, continuará atuando no na equipe BM&F/Bovespa, que defende há dezoito anos.
“Ainda gosto de correr, mas não vou mais disputar vagas na seleção brasileira. A São Silvestre é a prova que vai marcar o fim do ciclo como atleta profissional. Quando se está competindo, você fica focado no objetivo, tem de andar na frente. Agora vou querer desfrutar um pouco mais da corrida e fazer a festa com o público”, disse Vanderlei. Uma pubalgia foi a principal razão para a despedida da carreira profissional.
O problema fez com que o corredor não disputasse a Maratona de Praga, na República Tcheca, na última seletiva para as Olimpíadas de Pequim, em agosto de 2008.
Vanderlei Cordeiro de Lima nasceu no dia 4 de julho de 1969, em Cruzeiro do Oeste, interior do Estado. Criado em Tapira, onde a família trabalhava como bóia-fria nas lavouras da região, começou a correr por diversão, em estradas de terra localizadas entre as plantações.
Aos 12 anos, disputou sua primeira prova e ajudou a Escola Estadual Castelo Branco a vencer os jogos inter-escolares. Foi quando passou a considerar o atletismo como profissão e transformou os treinamentos em rotina diária.
O corredor ganhou visibilidade nacional em 1992, ao conquistar o quarto lugar na Corrida de São Silvestre. Dois anos depois participou de sua primeira maratona, em Reims, na França. Contratado como “coelho”, surpreendeu e terminou em primeiro lugar.
A conquista fez Vanderlei se especializar em provas de longa distância. Foi bicampeão pan-americano na Maratona (Winnipeg, em 1999, e Santo Domingo, em 2003), campeão da Maratona de Tóquio (1996) e da Maratona de São Paulo (2002).
O principal momento da carreira do fundista ocorreu nas Olimpíadas de Atenas/2004. Vanderlei liderava a maratona com boa vantagem para o segundo colocado, quando foi atacado pelo ex-padre irlandês Cornelius Horan.
Apesar do episódio, o fundista deu um exemplo de perseverança e espírito esportivo. Não desistiu da prova e cruzou a linha de chegada em terceiro lugar, fazendo seu tradicional “aviãozinho”.
A importância da conquista ficou caracterizada imediatamente, já na coletiva de imprensa, ainda no estádio de mármore, o Panathinaikos cenário da primeira Olimpíada da Era Moderna (1986).
A maioria das perguntas foi direcionada a Vanderlei, medalhista de bronze, e não ao campeão da prova. Mais uma vez o brasileiro surpreendeu com uma incrível demonstração de fairplay – não criticou os organizadores e valorizou o pódio.
Além da medalha de bronze – a única conquistada pelo Brasil em maratonas olímpicas -, Vanderlei recebeu do Comitê Olímpico Internacional a medalha Pierre de Coubertin, maior honraria concedida a um atleta. Além do fundista, apenas mais três atletas já receberam a homenagem na história dos Jogos, por seu alto grau de esportividade e espírito olímpico.
“Ganhar uma medalha olímpica foi a realização de um sonho. O meu bronze foi minha maior alegria. Sei o quanto batalhei, o quanto sofri para chegar naquele momento. No pódio, não importava a cor da medalha, me senti realizado”, disse Vanderlei.