Ser goleiro reserva não é fácil, ainda mais quando já se provou que é bom e quando o titular também é muito bom e seu amigo. Isso não quer dizar que a vaga de Edson Bastos esteja ameaçada, mas que Vanderlei vai vestir a camisa 1 do Coritiba e aproveitar essa grande oportunidade, não resta a menor dúvida. Campeão paranaense pelo Paranavaí, ele foi o escolhido pelo técnico René Simões para ser o arqueiro na ausência do parceiro, suspenso pelo terceiro cartão amarelo, na partida contra a Portuguesa, às 20h30 de terça-feira, no Canindé.
?É uma oportunidade que eu estou tendo com o terceiro cartão do Edson e tenho que saber aproveitar. Tenho que fazer a mesma coisa que ele está fazendo, que são boas partidas e ajudar o Coritiba a vencer?, diz. Para ele, será natural fazer uma grande partida contra a Lusa e ser obrigado a voltar ao banco no jogo seguinte. ?O Edson está muito bem no campeonato e por uma infelicidade tomou o cartão amarelo. Isso acontece. Eu tenho que procurar fazer minha parte e dar uma dor de cabeça a mais para o treinador?, analisa.
De acordo com ele, não há nenhum problema em disputar essa posição justamente com quem ele mais convive dentro do clube. ?É uma coisa sadia, somos companheiros, um gosta do outro e respeita o outro e quem entra em campo procura fazer o melhor para ajudar o time?, destaca o arqueiro. No entanto, a tarefa dele não será nada fácil, pois terá que jogar contra a Lusa fora de casa, e há dois meses o Coxa não vence ninguém. ?A Série B é um campeonato muito equilibrado e a maioria das equipes está buscando seus pontos dentro de casa e fora é mais complicado. Temos que partir para um jogo cauteloso?, projeta.
A outra substituição na equipe será a entrada de Keirrison no lugar de Gustavo, que sofreu uma lesão na coxa direita. Hoje, o treinador do Coritiba comanda um coletivo e amanhã repete a dose no CT da Graciosa. Na segunda-feira, o time trabalha no Couto Pereira e embarca para São Paulo. O provável time do Coxa deverá ter Vanderlei; Henrique, Ânderson Lima e Leandro; Pedro Ken, Careca, Caíco, Marlos e Douglas Silva; Henrique Dias e Keirrison.
Grupo de torcedores dá vida nova às arquibancadas do Couto
Foto: Valquir Aureliano |
Um dos diferenciais da Povão Coxa-Branca é a grande quantidade de faixas e a homenagem a jogadores do passado nas bandeiras. |
Uma novidade vem contribuindo para a média de público no Couto Pereira ser de quase dez mil torcedores na Segundona, superando muitos clubes da Série A. Desde o Campeonato Paranaense, a Povão Coxa-Branca vem agitando a arquibancada do gol de fundo. Diferente das outras e tradicionais organizadas do Coritiba, o novo grupo vem inovando na festa que faz no Alto da Glória. Fortemente inspirada no que acontece na América do Sul e Europa, eles levam ao estádio bandeiras e faixas homenageando jogadores do presente e do passado e se destacam pela alegria durante as partidas e não querem eleger líderes. A pedido, a entrevista foi respondida em conjunto e assinada com o nome da nova associação.
Tribuna – O nome da torcida é mesmo Povão?
Povão Coxa-Branca – Foi o nome que encontramos para nos representar, o qual remete à narração do saudoso Lombardi Jr.: ?Alegria, alegria, alegria do meu Povão do Verdão Coxa Branca?, narração esta que até hoje está guardada na memória de qualquer coxa. Mas não somos o que se pode chamar de uma ?torcida?.
Tribuna – Como surgiu a idéia de montar a torcida?
Povão – Surgiu durante o ano passado, quando percebemos que podíamos fazer mais pelo nosso clube. A idéia foi criar um movimento que apóie o Coxa incondicionalmente durante os 90 minutos, independente da política do clube e independente do resultado da partida. Acreditamos e apoiamos o time até o fim do jogo.
Tribuna – Vai ser mais uma organizada com estatuto, diretoria, sede ou a idéia é ficar entre amigos?
Povão – Não somos uma torcida organizada. Não temos estatuto, temos sim um ideal de apoio irrestrito ao Coritiba e somente ele. Não temos diretoria, cada um é responsável por seus atos. Nossa sede é o Couto Pereira e só existimos de fato durante os jogos. Somos um movimento de apoio e todos os torcedores que se juntam ao nosso grupo durante os jogos fazem parte da família coxa-branca. A única cobrança que fazemos aos torcedores do Coritiba, não só dos que participam do nosso movimento, é associar-se ao clube.
Tribuna – Outros torcedores podem aderir?
Povão – Não só podem como estão convidados a participar e começar a agir. Podem fazer sua faixa de apoio ao clube e levar sua voz para cantar conosco. Para juntar-se ao nosso movimento basta ser coxa-branca, ter vontade e a consciência de apoiar o clube em qualquer situação.
Tribuna – O que mais chama a atenção é a inspiração portenha? É isso mesmo?
Povão – Admiramos e nos inspiramos na forma de torcer de torcidas de todo o mundo, entre elas torcidas européias e latino-americanas, não só as portenhas. Mesclando influências com a forma brasileira de torcer, buscamos criar um clima positivo para que o time sinta-se à vontade em campo e possa mostrar o seu melhor futebol.
Tribuna – As barras (organizadas argentinas) têm influenciado vocês com as bandeiras, faixas direcionadas aos jogadores, faixas entre as arquibancadas e bandeirolas?
Povão – Sim, apoiamos essa diversidade visual. Quanto mais faixas e bandeiras melhor. Cada um faz a sua em casa e leva pro campo. Com faixas e bandeiras direcionadas a jogadores do presente e do passado do clube queremos mostrar apoio e enaltecer o passado. Mas a torcida do Coritiba em geral é especial e tem uma forma única de torcer, seja na arquibancada, nas cadeiras da Mauá ou nas sociais.
Tribuna – Foi vocês que escolheram a localização? E como é a relação com o clube?
Povão – Sim, escolhemos este local pois, além de ser próximo à entrada do vestiário do Coritiba, era um lugar frio do estádio e estamos tentando fazer uma bonita festa ali. Tem também o fato de ser próximo ao setor da torcida visitante, a qual podemos abafar. Nossa relação com o clube é durante os 90 minutos dos jogos. Cantar, apoiar, enfim… torcer.
Tribuna – E o time? Está bem? Precisa de reforços? Sobe?
Povão – Confiamos em todos os jogadores e comissão técnica. Acreditamos no título. Queremos uma equipe que demonstre em campo a raça necessária para nos colocar em nosso lugar, a Série A. Com reforços ou não estamos do lado dos atuais guerreiros que nos representam em campo. Todo jogador que vestir a camisa alviverde será considerado o melhor jogador do mundo. Se constrói uma equipe campeã com união e com vontade. A união precisa ser de todos, inclusive da torcida com o time.