Maior artilheiro da história da Holanda, com 46 gols em 89 jogos, o centroavante Robin van Persie tem nesta quarta-feira a oportunidade de mostrar que sua espetacular atuação na primeira rodada do Mundial não foi episódica. Os dois gols que marcou contra a campeã mundial Espanha, na inesperada goleada por 5 a 1, deram a impressão de que ele disputaria a condição de artilheiro e até de melhor jogador da competição.
Não que Van Persie não possa ainda alcançar essas glórias. Mas está há dois jogos e uma prorrogação sem marcar gols. Tem desperdiçado chances e ficado em posição de impedimento em demasia. Contra o México, na difícil vitória por 2 a 1 pelas oitavas de final, chegou a ser substituído por Klaas Huntelaar, que mudou a história do jogo, ao dar o passe para o primeiro gol e fazer o segundo, de pênalti, já nos acréscimos.
A menos de um mês de completar 31 anos – o aniversário será em 6 de agosto -, o artilheiro do Manchester United disputa a terceira Copa do Mundo consecutiva. Sua estreia na seleção laranja ocorreu em 4 de junho de 2005, nos 2 a 0 aplicados na Romênia pelas eliminatórias da Copa de 2006.
Naquele Mundial, quando atuou nos quatro jogos da Holanda, Van Persie fez um gol de falta na vitória contra a Costa do Marfim (2 a 1). Em 2010, apesar da excelente campanha da seleção, vice-campeã, marcou apenas um gol, contra Camarões. Ele chegou à competição ainda convalescente de grave contusão no tornozelo. Isso influenciou seu rendimento em uma competição de alto nível.
Ao estrear na Copa atual, Van Persie fez o gol de empate da Holanda, uma cabeçada precisa, que impressionou pelo salto acrobático e pelo toque com perfeição que encobriu o goleiro Casillas. É até agora um dos mais bonitos gols do Mundial. O centroavante fez também o quarto gol, em que demonstrou oportunismo ao roubar a bola do goleiro distraído.
No jogo seguinte, contra a Austrália, o artilheiro marcou seu terceiro gol, na vitória por 3 a 2. E parou aí. Suspenso por ter recebido dois cartões em dois jogos, Van Persie não atuou contra o Chile. Voltou ao time nas oitavas, contra o México, onde teve atuação regular e saiu para a entrada de Huntelaar. Nas quartas de final, jogou o tempo inteiro e a prorrogação contra a Costa Rica. Participou dos ataques, dividiu com Robben as atenções da defesa adversária e perdeu chances, como aos 46 minutos do segundo tempo, ao acertar o travessão costa-riquenho em chute que ainda foi salvo em cima da linha pelo jogador Tejeda.
Nascido em Roterdã, o canhoto Van Persie começou no Feyenoord e se transferiu em 2004 para o Arsenal, da Inglaterra. Em 2012, foi considerado melhor jogador do Campeonato Inglês. Naquele ano, vinculou-se ao Manchester United. Mais uma vez, Van Persie chegou ao Mundial do Brasil fora das condições ideais. Em março, machucou o joelho esquerdo. Até hoje sente o problema, tanto que é pouco exigido nos treinamentos pelo técnico Louis van Gaal.
Nesta terça, não acompanhou os companheiros na ginástica e corridas durante o treinamento realizado no estádio do Pacaembu. Depois de conversar com Van Gaal no centro do gramado, acompanhado de um preparador físico e do defensor Janmaat, fez apenas exercícios físicos à parte. É uma precaução que vem sendo tomada desde quando os holandeses chegaram ao Brasil. Van Gaal creditou o treino à parte de seu capitão a “problemas estomacais”.