Valmor critica mudanças na comissão atleticana

As críticas tecidas pelo conselheiro de honra do Atlético Paranaense, José Henrique de Farias, ao presidente do clube, Mário Celso Petraglia, dividiram opiniões entre ex-comandantes rubro-negros. Farias veio a público, em entrevista à Rádio Banda B, anteontem, cobrar explicações do presidente, a quem apoiou para assumir o comando do clube, no início do ano.

Valmor Zimermann, que tem em seu currículo 30 anos de serviços prestados ao clube, acredita que Petraglia tenha errado em alguns pontos, mas com o intuito de acertar. “Ele certamente buscou o que julgou ser melhor para o clube. Ele já fez muita coisa boa e isso não pode ser esquecido, mas errou em alguns momentos”, disse o ex-dirigente, afastado do clube desde março. Na opinião de Zimermann, o grande erro da atual diretoria foi tirar o técnico Geninho do comando. “Ele era a cabeça do grupo campeão. Aquela história de que em time que está ganhando não se mexe teria de ter valido para o comando também.” Ainda sobre a comissão técnica, o ex-dirigente também lamentou a saída da dupla de preparadores físicos Riva de Carli e Eudes Pedro. “Os dois tinham muita identidade com o clube e serviam como ponto de confiança do grupo.” Mas na opinião de Zimermann, o que mais faltou ao Atlético este ano foi a força de um dirigente de beira de gramado, que os atletas respeitassem e ao mesmo tempo soubessem que poderiam contar, em todos os momentos. “Tem que ser alguém que manda, não um funcionário do clube. Os jogadores precisam de alguém que cobre, mas saiba também ouvir e tenha poder de decidir. Alguém que trabalhe na comunicação, que sirva de ponte”.

Segundo Samir Haidar, que durante muito tempo serviu de braço-direito da diretoria, o momento das críticas é inoportuno. “Não é o momento de levantar esse tipo de assunto. É fácil criticar. Mas quem senta na cadeira de presidente é que sabe o tipo de problema que enfrenta, o quanto é difícil comandar um clube de futebol”, disse. Com seis anos de comando ao lado de Petraglia, Ênio Fornea, que também não foi convidado a permanecer na condução do clube, garante que não se envolve mais como dirigente. “Respeito quem está lá, mas não tenho mais a ver com a diretoria. Apenas torço para o time, para que reencontre o caminho da vitória”, diz.

Protesto de um torcedor ilustre

O ex-presidente do conselho deliberativo do Atlético, José Henrique de Farias, afirmou ontem à Tribuna que as críticas feitas por ele à atual diretoria não foram colocadas a público com intuito de ofender o presidente atleticano Mário Celso Petraglia, muito menos com a intenção de desestabilizar o ambiente. “Falei e estou falando como o que eu sou, um sócio e torcedor”, frisou.

Segundo Farias, o que ele pediu nada tem a ver com um movimento para tirar o comandante máximo do Rubro-Negro do poder. “Como uma pessoa que torceu e o apoiou no início do ano, quando ele tomou as rédeas da situação, acho que eu e toda a torcida temos o direito de cobrar pelo menos uma palavra de confiança, de que rumos o clube vai tomar para reeencontrar o caminho do sucesso”, diz.

Farias aponta a atitude de Petraglia como autoritária. “Ele quis afastar do comando algumas pessoas que de fato eram sempre do contra e acabou excluindo outros que discutiam soluções. Agora, como assumiu toda a responsabilidade, o mais indicado seria ele vir a público reconhecer o que deu errado e apontar os caminhos que serão tomados para o reencontro com o sucesso. Estamos no escuro, vendo o time com problemas e sem perspectivas do que será do nosso futuro.” Procurado para responder às críticas de Farias, o presidente Mário Celso Petraglia não foi localizado pela reportagem.

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