VALEU FURACÃO!

atletico150705.jpg

Jogadores recebem a medalha de prata. Fabrício errou um pênalti
e saiu de cabeça baixa.

São Paulo – O Atlético lutou, chegou até a final da Libertadores, mas não teve forças para enfrentar o São Paulo num Morumbi lotado com mais de 70 mil pessoas. Jogando um futebol confuso na maior parte dos 90 minutos, acabou sucumbindo ao maior poderio do Tricolor e acabou goleado por 4 a 0. Pelo vice, o Rubro-Negro fatura US$ 300 mil de prêmios e o reconhecimento como uma das melhores equipes da América. Já os paulistas se tornaram o primeiro clube brasileiro tricampeão do principal torneio continental.

Que não seria fácil todo mundo sabia, mas enfrentar um Morumbi completamente lotado e enlouquecido esperando pelo tricampeonato da Libertadores ficou acima da expectativa. Ainda restavam três horas para a partida e o barulho era infernal. A torcida não parava de cantar o hino e gritar palavras de ordem. Tudo estava preparado para a comemoração e o grito de tricampeão só saiu da garganta da massa tricolor após o segundo gol.

Matreiro, o técnico Antônio Lopes mandou o time mais cedo para o campo. Mas, as mudanças efetuadas por ele na equipe surtiram efeito apenas em parte. Enquanto Evandro criou boas jogadas, André Rocha se perdeu na meia e abusou das faltas. De qualquer forma, o ímpeto sãopaulino foi o mesmo o tempo inteiro.

O ala Cicinho era o exemplo da disposição do time paulista. Foi dele o chute que resultou no gol do Tricolor. O goleiro Diego não conseguiu segurar, Luizão ganhou na dividida e deixou Amoroso à vontade para fazer de cabeça o gol que não prometeu ao filho para evitar mais polêmica com o "Morumtri".

A vantagem no placar e no domínio de bola era do São Paulo, mas quem esteve perto de marcar foi o Rubro-Negro. O zagueiro Alex puxou Aloísio em cima da linha e o árbitro marcou o pênalti. Na cobrança, Fabrício foi infeliz e acertou a trave, já nos acréscimos. Uma ducha de água fria para o Furacão.

No segundo tempo, a escalação se mostrou mais equivocada e o baque pelo pênalti desperdiçado deixou a partida ao feitio do São Paulo. Sem organização, o time de Lopes deu os espaços para o adversário ampliar a vantagem e se sagrar tricampeão da Libertadores. Os outros gols foram marcados por Fabão, Luizão e Diego Tardelli.

Uma campanha pra se orgulhar

São Paulo – Vice-campeão. Torcedor atleticano, não dá para tirar o grito da garganta e gritar "sou campeão!" Mas, quem esperava que o Rubro-Negro chegasse tão longe. O Atlético chegou quase lá. Não ganhou a taça, mas se projetou internacionalmente, peitou a Conmebol e mostrou força ao derrubar o muro e encaminhar uma solução para a conclusão da Arena.

Quase ninguém acreditava e o Furacão foi tão longe que mesmo a segunda colocação é digna de mérito. Para quem em 1995 não sabia nem onde iria treinar, hoje pode dizer que é um dos maiores clubes das Américas. Quem enfrentou o São Paulo e perdeu tem, no mínimo, história para contar.

E, essa história começou no vice-campeonato do ano passado. A saída do técnico Levir Culpi, do cerebral Jádson, do artilheiro Washington, da muralha Marinho deixou o Atlético desfigurado, sem a espinha dorsal. Com Dagoberto machucado, restou a Diego, a Cocito e a, principalmente, Marcão tocarem o barco com os novos companheiros. E quantos companheiros. Foram tantos que dá até para perder as contas. Quase 70 atletas vestiram a camisa rubro-negra no Paranaense, no Brasileiro e na própria Libertadores.

Caiu treinador, caíram jogadores. Mas isso foi normal. No comando da equipe, Casemiro Mior, Edinho Nazareth, Borba Filho e Antônio Lopes se revezaram conforme o humor dos dirigentes. Sobraram os dois últimos, um na assistência, outro ditando o novo e vitorioso ritmo de um time que varreu os adversários no frio de Porto Alegre ou no calor de Guadalajara. Um viva ao Furacão! Mesmo com o vice-campeonato.

Orgulho, apesar da frustração pela perda

Carlos Simon

baixada150705.jpg

A Arena ficou com boa parte
das arquibancadas tomada.

Mesmo a 400 quilômetros do Morumbi, a Arena viveu o clima da decisão ontem. Mais de oito mil torcedores foram ao Joaquim Américo e, como se estivessem diante dos jogadores, vibraram, xingaram e por fim saíram decepcionados com a derrota rubro-negra.

Três telões foram instalados para o público, que acompanhou o jogo das cadeiras superiores e inferiores da Avenida Getúlio Vargas. Os portões abriram às 19h e cerca de meia hora antes do início do jogo já não havia mais ingressos. Mas o que levou milhares de torcedores a deixarem o conforto de seus lares para assistir ao jogo numa tela a longa distância, e ainda pagando R$ 7,00 (mais um agasalho)? Havia vários motivos. Alberto Graf, 22 anos, seria minoria no sofá. "Meu irmão é são-paulino e minha irmã, coxa-branca. Só na Arena me sentiria em casa", brincou. O engenheiro químico Carlos Wendler aproveitou o clima pacífico e foi a um estádio de futebol pela primeira vez na vida. Levou a mulher e o filho de 13 anos. "Estou gostando da alegria e da convivência. É um jogo histórico e vê-lo em casa não teria graça", explicou.

Antes do jogo, animados pelo sistema de som, atleticanos cantaram o hino do clube e outros gritos de guerra. Após o apito inicial, a reação era semelhante à de uma partida normal: palavras de incentivo, xingamentos ao árbitro e aos adversários. O gol de Amoroso causou silêncio e expressões preocupação nos torcedores. Daí para frente, só decepção: o pênalti perdido por Fabrício e os gols são-paulinos no segundo tempo esfriaram de vez os ânimos dos torcedores, que aos poucos esvaziaram a Arena.

Ao final, a frustração era evidente, mas serena. Muitos torcedores reconheceram a luta da equipe e o ineditismo de chegar à decisão do torneio continental. (CS)

Agora, sobrou o Brasileirão

O baque pela goleada nem permitiu muitas lamentações por parte dos atleticanos. A maioria dos vice-campeões da América reconheceu a superioridade são-paulina na decisão e começou a fazer planos para o Brasileiro.

Com voz embargada, o goleiro Diego se disse orgulhoso da medalha de prata. "Muitos não acreditavam que chegaríamos à final. Queríamos o topo, mas o São Paulo foi melhor", afirmou, dizendo que agora a Libertadores é passado e o novo objetivo é classificá-lo para o continental do ano que vem.

Já o capitão Marcão também reconheceu os méritos do São Paulo e disse que faltou ao Atlético e mesma "pegada" de jogos anteriores.

Na coletiva após a partida, Antônio Lopes minimizou o vice-campeonato. "Fica a lição que temos que ganhar sempre. Não adianta ficar em segundo", falou o treinador, que justificou a escalação de Evandro e André Rocha pelo bom desempenho de ambos no Atletiba e pela "falta de ritmo" dos titulares Alan Bahia e Fernandinho.

Lopes também considerou o placar elástico demais e reclamou do excesso de chutões da defesa para o ataque, o que facilitou o trabalho da defesa adversária. "O pênalti desperdiçado também poderia mudar o resultado do jogo. Mas não há o que contestar. O São Paulo mereceu", disse o técnico.

Grupos de WhatsApp da Tribuna
Receba Notícias no seu WhatsApp!
Receba as notícias do seu bairro e do seu time pelo WhatsApp.
Participe dos Grupos da Tribuna
Voltar ao topo