Dono de fôlego invejável, o volante Valencia é quem mais vestiu a camisa rubro-negra dentre os atletas do grupo atual. Estreou em 2007, coincidentemente com o atual técnico Antônio Lopes, e desde então disputou 121 partidas.
Apesar de ter conquistado apenas o Campeonato Paranaense de 2009 neste período, com a sua presença em campo o Atlético alcançou mais triunfos que decepções. Foram 55 vitórias, 29 empates e 37 derrotas.
Em 2009 o colombiano teve atuações de destaque, recebendo elogios da mídia esportiva nacional ao neutralizar adversários importantes como D”Alessandro, Petkovic e outros mais.
O volante de 24 anos passa as merecidas férias em seu país natal, mas se reapresenta no CT do Caju na próxima segunda-feira – e agora com companhia de dois compatriotas, os recém-contratados Vanegas e Serna.
Valencia conversou com a Tribuna e comentou sobre o seu desempenho em 2009, adaptação ao Brasil, sonho de jogar na Europa e uma possível transferência, já que a diretoria atleticana revelou que o jogador será liberado para negociar caso apareça uma transação vantajosa para fora do País.
Na entrevista, Valencia esteve acompanhado por sua esposa, também colombiana e, num bom portunhol, deixou transparecer um atleta de bem com a vida e focado em seus objetivos. Surpreendeu ao revelar um lado divertido e menos tímido, totalmente diferente daquele jogador que impõe respeito quando entra no gramado e comanda o sistema de marcação atleticano.
Paraná Online: Em 2009 você completou o terceiro campeonato brasileiro com a camisa do Atlético. Essa foi a sua melhor temporada?
Valencia: Pessoal foi sim. Mas em termos de grupo foi similar às duas anteriores, brigando para não cair.
Paraná Online: Porque não houve evolução da equipe nos últimos anos?
Valencia: Estivemos sempre brigando para não cair e isso atrapalha muito o trabalho.
Paraná Online: Durante o Brasileirão, algumas de suas atuações ganharam destaque nacional. Qual análise faz disso?
Valencia: Me deixa muito feliz. Depois do jogo com o Palmeiras fiquei sabendo que a mídia estava falando muito bem de mim. Fiquei feliz por esse reconhecimento nacional, não apenas aqui no Paraná.
Paraná Online: Nessa passagem pelo futebol brasileiro, o que destaca como mais positivo?
Valencia: Ganhei muita experiência porque aqui há muitos jogadores habilidosos. Quem joga no Brasil pode facilmente jogar em qualquer outro time da Europa. Essa experiência que tive me deixa bastante tranquilo.
Paraná Online: Seu contrato com o Atlético encerra em dezembro de 2010. Já conversou com alguém do clube sobre prorrogação ou negociação?
Valencia: Não falamos nada ainda sobre renovação. Vamos esperar para ver o que acontece.
Paraná Online: A sua intenção, qual é?
Valencia: De ficar no Atlético. Pelo menos até terminar o meu contrato. Mas meu sonho é jogar na Europa. Se der para jogar lá, ficarei feliz. Se tiver que permanecer no Atlético e as coisas melhorarem (desempenho do time), também ficarei feliz.
Paraná Online: Você falou que com a experiência adquirida pode jogar em qualquer lugar. Onde gostaria de atuar?
Valencia: Estou com 24 anos e preparado para jogar em qualquer time. A Espanha ficaria fácil pelo idioma, mas gostaria de atuar na Alemanha ou Itália.
Paraná Online: Aqui no Brasil, você defenderia outro clube que não fosse o Atlético?
Valencia: Sou profissiona,l e isso faz parte da carreira de um jogador.
Paraná Online: Se aparecesse uma transferência e você não voltasse ao Atlético. O que levaria de mais positivo do clube?
Valencia: Os companheiros e as amizades que fiz. A estrutura do clube que é muito boa e a experiência que ganhei no mundo futebolístico e pessoal.
Paraná Online: Algo te chateou no período?
Valencia: Quando cheguei foi complicado. Não lembro qual foi o técnico que me deixou afastado, fazendo apenas a parte física. Isso me chateou. Mas com a chegada de Antônio Lopes, tudo mudou.
Paraná Online: Como foi sua adaptação a Curitiba?
Valencia: Foi tranquila porque quando cheguei o Ferreira estava no Atlético. Ele me ajudou bastante, mostrando a cidade e me explicando o que os outros jogadores falavam no treinamento e eu não entendia. Isso facilitou muito a minha adaptação.
Paraná Online: Mas a mudança de país, de cidade, é complicada?
Valencia: A principal dificuldade é o idioma. Aqui em Curitiba também foi o clima. A cidade é muito fria. Lá onde moro é quente. O frio foi complicado.
Esposa: Onde moramos a média de temperatura é superior a 30 graus e quando o Valencia chegou aqui era inverno. Pegou 2 graus negativos. No início foi difícil. Hoje está bem mais tranqüilo.
Paraná Online: Tem alguma gafe que tenha cometido e ficou marcado?
Valencia: Acho que muita coisa (risos). Principalmente no início quando não conseguia compreender o que as pessoas falavam e os outros não me compreendiam também. E olha que nos quatro primeiros meses eu fiquei no CT e aprendi um pouco de português. Depois chegou a minha esposa que aprendeu muito rápido. Hoje ela é minha professora e tudo ficou mais fácil.
Paraná Online: Você passa a impressão de ser um cara fechado, tímido. Como é o Valencia no dia-a-dia?
Valencia: Sou tímido mesmo. Em casa faço o que ela (aponta para a esposa) fala. O Valencia é raçudo dentro de campo. Em casa é complicado (risos).
Paraná Online: Programa predileto em Curitiba?
Valencia: No início íamos bastante aos shoppings e cinemas para aprender mais rápido (a língua portuguesa). Depois passamos a conhecer outras pessoas, fazer amigos e agora vamos à casa deles.
Paraná Online: Sonho que realizou e que pretende realizar através do futebol.
Valencia: O realizado foi jogar fora da Colômbia. Lá tem muito jogador que acredita que atuar somente no país é suficiente. O que falta é jogar na Europa e voltar a atuar na seleção da Colômbia. E para isso acho que tenho que jogar em outro país ou ser campeão de um torneio importante no Brasil.
Paraná Online: Atuando no Atlético você acredita que não tem chance de voltar à seleção colombiana?
Valencia: É complicado porque nos últimos anos o Atlético vem lutando para não cair. Mas se o clube voltar a brigar para ser campeão nacional, voltar à Libertadores, ficará mais fácil para eu retornar à Seleção.