Oito meses antes da escolha do Catar para a sediar a Copa de 2022, o empresário Benny Alon alega que foi avisado por Jérôme Valcke, secretário-geral da Fifa, de que o país árabe ganharia a corrida para organizar o evento.
A decisão foi anunciada em dezembro de 2010. Mas, em 29 de abril de 2010, Alon viajou até Zurique para um almoço com o cartola e para fechar um acordo com sua empresa, a JB Marketing, dando o direito de vender ingressos por quatro Mundiais. Isso valeria de 2010 a 2022. Mas com uma condição: a de que a empresa apenas teria o direito em 2022 se o Mundial ocorresse nos Estados Unidos.
Alon, porém, se surpreendeu quando deixou o encontro e foi avisado por Valcke. “Ele me disse: você negociou bem. Mas vocês não terão ingressos para 2022. Esse Mundial ocorrerá no Catar”, disse. Segundo o empresário, Valcke teria dito que o Catar “deu tanto dinheiro que não se poderia negar-lhes o Mundial”.
Alon respondeu que os norte-americanos estariam prometendo vender todos os ingressos para todos os jogos se o Mundial fosse nos EUA, em 2022. “Mas o Emir do Catar escreveria um cheque pagando por todos os ingressos”, teria respondido Valcke.
Em setembro de 2010, Valcke repetiria o alerta, numa mesa de um restaurante. “Sabíamos o que estava nos envelopes”, disse Alon. “Isso não é uma brincadeira”, completou.
PROPINA – O empresário ainda acusou o diretor-gerente da empresa ISE, Haruyuki Takahashi, de ter solicitado a ele 2 milhões de euros para dar “um presente” para Joseph Blatter, presidente da Fifa.
Antes de trabalhar para a JB Marketing, Alon era gerente da ISE. “Eu questionei Takahashi pelo motivo e ele apenas me disse que teria de dar diante de uma visita do suíço para o Japão”, contou Alon, que se recusou a entregar o dinheiro. Em meados de 2005, Blatter de fato viajou até o Japão e anunciou que a Sony seria a nova parceira da Fifa.