No sufoco

Uruguai sofre, mas vence Egito no final e encerra tabu

Zagueiro Jimenez (2) foi o herói do Uruguai, com o gol de cabeça aos 44 do segundo tempo. Foto: Mark Baker/Estadão Conteúdo

O Uruguai entrou nesta Copa do Mundo 2018 com a meta de exibir um futebol mais ofensivo e de maior toque de bola, olhando para o futuro. Mas a velha garra e o sofrimento até o último instante voltaram a marcar a seleção sul-americana em sua estreia na Copa da Rússia. Foi com um gol suado, aos 44 minutos do segundo tempo, que os uruguaios venceram por 1×0 o Egito, desfalcado de Mohamed Salah, nesta sexta-feira (15), pelo Grupo B.

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O zagueiro Jose Maria Gímenez foi o salvador do Uruguai em Ecaterimburgo ao marcar, de cabeça, o gol da vitória numa partida marcada pela fraca atuação da equipe. E pelas chances desperdiçadas por Luis Suárez – foram três oportunidades claras. Ao mesmo tempo, Edinson Cavani brilhou na armação e passes para finalizações do companheiro, além de ter acertado a trave em cobrança de falta.

O triunfo, aliás, encerrou um antigo tabu do Uruguai. Desde 1970, quando derrotou Israel por 2×0, a Celeste não estreava em uma Copa do Mundo com uma vitória.

Diante de um Egito que sonhava com a primeira vitória numa Copa, o Uruguai oscilou entre o passado e o presente. Ora partia para o ataque com até quatro homens, ora recuava e armava uma retranca como se estivesse enfrentando um poderoso ataque. O time uruguaio vivia uma crise tática: os meias queriam o ataque, mas os volantes não acompanhavam.

Sorte da equipe sul-americana que os egípcios não aproveitaram as brechas entre as linhas mais ofensivas. Pesou, neste sentido, a ausência de Salah. O grande astro do Egito, uma das maiores estrelas da última temporada europeia, nem entrou em campo. Ele foi poupado para estar 100% para o próximo jogo, em seu processo de recuperação de uma lesão no ombro esquerdo.

Com o resultado, a Rússia lidera a chave, com três pontos. O Uruguai aparece em segundo lugar, com a mesma pontuação, mas menor saldo de gols. O Egito é o terceiro colocado, seguido da Arábia Saudita, que levou uma goleada de 5×0 dos anfitriões na quinta-feira (14), no jogo de abertura do Mundial.

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Diante de lugares vazios em trechos nobres das arquibancadas, o Uruguai tentou aproveitar a cautela inicial do Egito para assumir rapidamente o controle do jogo. Cavani e Suárez tiveram chances nos primeiros minutos. Mas o time egípcio não ficou para trás. Levou perigo, aos 10, com Trezeguet.

Ao longo do primeiro tempo, a seleção sul-americana oscilou entre partir para cima e se fechar na defesa. A partir dos 20 minutos, o Uruguai parecia decidir pela postura mais ofensiva. Empurrava o Egito para a defesa, sem impedir necessariamente que o rival levasse certo perigo em contra-ataque.

Nesta toada, aos 23, Suárez perdeu chance incrível. Após cobrança de escanteio na área, o atacante do Barcelona bateu rasteiro na segunda trave, quase sem marcação. A bola acertou a rede por fora. Torcedores uruguaios chegaram a comemorar no estádio. Mas, logo em seguida, o time uruguaio recuava, cedendo espaço para as investidas egípcias.

Entre buscar o ataque e voltar para a retranca, os volantes uruguaios não acompanhavam o ataque, abrindo brecha entre as duas linhas, na intermediária. Assim, o Egito teve ao menos três boas chances para marcar, sem sucesso. Com Salah em campo, o placar poderia ter sido diferente.

Na volta para o segundo tempo, o Uruguai teve grande chance para abrir o placar. Antes de completar um minuto, Cavani deu belo passe em enfiada para Suárez, que dominou pela direita e bateu na saída do goleiro. El Shennawy salvou.

Mas logo o time sul-americano retomou o ritmo lento e as dificuldades na transição da defesa para o meio-campo. Antes de completar 15 minutos da etapa final, o técnico Oscar Tabárez fez duas mudanças na equipe e colocou Carlos Sánchez e Cristian Rodríguez para dar maior mobilidade ao meio-campo uruguaio.

Pouco mudou na equipe sul-americana. Cavani e Suárez seguiam isolados no ataque, trocando assistências, um para o outro. Numa delas, o atacante do Paris Saint-Germain deu mais um belo passe para nova chance desperdiçada pelo companheiro, aos 27. Suárez, cara a cara com o goleiro, tentou fazer um último drible e parou em El Shennawy.

A situação se inverteu aos 37. O jogador do Barcelona deu assistência de cabeça para Cavani acertar lindo chute de primeira. O goleiro egípcio saltou para fazer bela defesa. Impondo pressão nos minutos finais, o Uruguai ainda teve chance de marcar em cobrança de falta de Cavani, que carimbou a trave. E, no rebote, quatro uruguaios “bateram” cabeça e desperdiçaram nova chance.

Quando o empate parecia decretado, uma cobrança de escanteio na área definiu a partida. Aos 44 minutos, o zagueiro Gímenez subiu mais que três marcadores e cabeceou para as redes para festa e alívio da torcida uruguaia.

O Egito volta a campo no dia 19, para enfrentar a anfitriã Rússia em São Petersburgo. Os uruguaios vão duelar com a Arábia Saudita no dia seguinte em Rostov-on-Don.

 

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