É o momento mais complicado do Coritiba no Campeonato Brasileiro, talvez em toda a temporada. Vindo de cinco derrotas consecutivas, a equipe recebe o Cruzeiro às 20h30, no Alto da Glória. A partida representa, talvez, a última chance alviverde para ainda sonhar com uma vaga na Copa Sul-Americana. Mas este é o objetivo mais distante no momento – hoje, a necessidade primordial da equipe é afastar-se da zona de rebaixamento.
Para o jogo de hoje, permanece o interino Antônio Lopes Júnior, que após a partida será alvo da análise dos dirigentes. O treinador espera uma união generalizada. ?Não há nada de mais em não gostar da comissão técnica, da diretoria ou dos jogadores. Mas estamos em um momento complicado, em que todos devem estar juntos. Tenho certeza que nosso torcedor vai nos apoiar. Se, depois do jogo, o time não render a contento, podem vaiar. Mas durante os noventa minutos a gente necessita da força de todo mundo?, apela.
Ainda mais em uma partida com forte carga emocional. Em casa, o Cori tem uma campanha apenas regular, e a vitória hoje significaria um sopro de alívio, que faria a equipe seguir com mais calma para o jogo de sexta com o Internacional. ?Eu tenho certeza que o Coritiba vai se recuperar. Não vai ser com desespero, e sim com a nossa força?, garante o capitão Reginaldo Nascimento. ?Aqui todos estão imbuídos do mesmo pensamento, que é voltar a vencer. E estamos vivendo o Coritiba 25 horas por dia?, filosofa o treinador interino.
A diretoria reuniu-se com os jogadores domingo, e pediu uma reação. ?Foi uma conversa boa, e nós entendemos o que eles querem?, resume Nascimento. Ele diz que o grupo está consciente do que está acontecendo. ?A gente já queimou a gordura que tinha, agora chegou o momento de vencer?. E o elenco admite que não há nada de bom em lutar para não cair para a segunda divisão. ?Nós vamos ter que cumprir esta obrigação. É muito ruim passar por este momento?, confessa o goleiro Douglas. ?É uma das situações mais delicadas que existem?, completa Nascimento.
Clube passa pelo pior momento no campeonato
O Coxa nunca esteve tão mal neste campeonato.
Em décimo-sétimo lugar, a apenas três pontos da ?degola?, o time igualou o recorde negativo de derrotas no jogo com o Botafogo. São cinco partidas seguidas de fracassos – exatamente hoje completa-se um mês de última vitória, o 2×0 sobre o Vasco. Além disso, a equipe sofre com a instabilidade emocional, com dificuldades técnicas e com o azar de sucessivas contusões.
Fica totalmente compreensível a reação da torcida, que está irritada por esperar resultados há um bom tempo. O comando do futebol é questionado, com uma crítica que é quase unânime – o Cori necessitaria de um diretor para o dia-a-dia (o que já estaria sendo tratado em reuniões). Há também a preocupação para a escolha de um treinador que se entrose com a filosofia do clube.
Há a possibilidade, inclusive, da contratação de um profissional nas próximas horas. Os dois nomes mais citados não interessariam: Lori Sandri foi negado pela diretoria e Levir Culpi afirmou que não pretende assumir nenhum clube até o final do ano.
Próximo da base ideal
Estarão em campo no Alto da Glória hoje o segundo pior ataque e a terceira melhor defesa do Brasileirão. E estas características não são de dois times, e sim somente do Coritiba. Desequilibrado na tabela e nos números, o alviverde tenta melhorar seu desempenho no setor ofensivo diante do perigoso Cruzeiro (o terceiro melhor ataque do campeonato, com 61 gols, ao lado de Palmeiras e São Paulo*).
E o Coxa terá uma equipe mais experiente esta noite, pois contará com os retornos de Marcelo Peabiru, Reginaldo Nascimento e Jackson, que cumpriram suspensão contra o Botafogo, sábado. Com isso, o interino Antônio Lopes Júnior terá em mãos o que projeta ser a base do Alviverde. ?É complicado você tentar manter uma formação, porque você tem os problemas de lesão, de suspensão, e não se consegue seguir com o mesmo time?, argumenta o treinador.
A intenção dele é ver uma equipe mais equilibrada. ?Nós sabemos o que está errado. Temos um bom trabalho defensivo mas o ataque está mal. Nosso interesse é que o Coritiba consiga render bem tanto na marcação quanto na criação de jogadas?, diz Lopes Júnior, que seguiu seus preceitos e trouxe Nascimento para a defesa (ocupando a vaga de Anderson, suspenso) e Peabiru para o comando do ataque, sacando Renaldo da equipe. (*Sem computar os gols de ontem no clássico contra o Corinthians)
Gomes ganha vaga no time
Para quem viu o Coritiba jogar contra o Botafogo, pouco ficou de importante. A principal – e talvez única – boa notícia alviverde na Ilha do Governador foi a estréia do jovem Anderson Gomes, 20 anos, que foi efetivado como titular pelo técnico interino Antônio Lopes Júnior. Com velocidade e boas jogadas, o atacante firmou-se na equipe e está confirmado entre os titulares que enfrentam o Cruzeiro. E ele sabe que chegou a hora de provar que ele deixou de ser um garoto.
Anderson Gomes confirma a posição de um dos jogadores mais experientes do clube. ?Ele disse isso, e eu sei que preciso mostrar agora que posso ajudar o Coritiba?, resume.
CAMPEONATO BRASILEIRO
Súmula
Local: Couto Pereira
Horário: 20h30
Árbitro: Luís Antônio Silva Santos (RJ)
Assistentes: Nelcy José da Silva (RJ) e Elson Passos Sena Filho (RJ)
CORITIBA X CRUZEIRO
Coritiba
Douglas; James, Vagner, Reginaldo Nascimento e Ricardinho; Márcio Egídio, Humberto, Jackson e Caio; Marcelo Peabiru e Anderson Gomes. Técnico: Antônio Lopes Júnior
Cruzeiro
Fábio; Jonathan, Marcelo Batatais, Irineu e Wágner; Maldonado, Fábio Santos, Kelly e Adriano; Alecsandro e Diego. Técnico: Paulo César Gusmão
