O Paraná Clube entra em campo hoje – às 18h10, no Morumbi – disposto a se manter na zona de classificação à Libertadores. Frente ao Corinthians, um adversário direto pelas primeiras posições, o time do técnico Pintado terá que derrubar antigos tabus. Há mais de cinco anos o time paranaense não consegue passar pelo Timão e, em se tratando de jogos na capital paulista, o retrospecto é ainda pior: a única vitória ocorreu há quase uma década.
?O passado está morto e enterrado?, disparou o treinador paranista, pouco afeito a números. ?Nunca perdi, tampouco ganhei do Corinthians, como técnico?, lembrou Pintado. Ter pela frente um dos mais tradicionais clubes do País logo na sua quarta partida à frente do Tricolor só lhe traz motivação. ?Será um jogo especial. O fator torcida é muito importante. Ainda mais diante de um time equilibrado e motivado?, comentou Pintado. ?Vai ser o duelo do melhor ataque contra a melhor defesa?, lembrou (o Botafogo superou o Paraná na artilharia, com 15 gols, contra 13. Mas, tendo um jogo mais).
Mesmo não abrindo mão do trio de atacantes – formado por Vandinho, Vinícius Pacheco e Josiel -, Pintado admite que hoje o time terá que sacrificar um pouco da natural ofensividade por conta da necessidade de ocupação dos espaços. ?Para não haver sobrecarga, todos têm que pegar, que marcar. Vale também para nossos atacantes?, destacou o treinador, acreditando no amadurecimento gradativo da equipe na competição.
Para conseguir essa maior coesão, Vandinho e Vinícius Pacheco terão dupla função. ?Temos que evitar um distanciamento entre a gente e os volantes. Mas, ao mesmo tempo, ter a consciência de que precisamos sair sempre com muita velocidade e precisão, para não deixar o Josiel isolado lá na frente?, comentou Vandinho, animado com a permanência como titular da equipe. ?Essa seqüência é muito importante pra mim. Estou pronto para fazer um grande jogo?, assegurou o meia-atacante.
A partir dessa sincronia dos atacantes, Pintado espera ver em campo um time equilibrado, livre dos deslizes cometidos em Recife, no empate com o Náutico.
O treinador encarou com naturalidade as cobranças pós-jogo. ?Não interessa se a campanha é boa. Falhamos e isso não pode se repetir. Não temos um supertime, mas todos têm a consciência de que podemos fazer mais?, analisou Pintado, que bancou a manutenção de Daniel Marques na zaga.
O treinador confirmou apenas uma alteração no time, com a volta do goleiro Flávio. Uma lesão na panturrilha o tirou das duas últimas partidas, período em que, coincidentemente, o Paraná não venceu. ?Foi apenas coincidência. O Marcos Leandro foi bem e deu segurança ao time. Agora, é voltar a vencer para seguir na ponta da tabela?, finalizou o goleiro tricolor.
Emoção na volta ao passado
Pintado reconhece que será difícil conter a emoção de voltar ao Morumbi, agora como treinador. ?Foi a minha casa. Eu morei ali durante muitos anos?, disse o comandante paranista.
O melhor momento de sua carreira como atleta foi no Estádio Cícero Pompeu de Toledo, onde faturou títulos, ganhou projeção e reconhecimento. O ?carregador de piano? foi peça de sustentação de um dos grandes times da história do futebol brasileiro.
O técnico tem na ponta da língua o seu jogo inesquecível, com a camisa do São Paulo. ?Foi a final daquela Libertadores, a primeira conquistada pelo tricolor paulista?, disse, já mostrando a cicatriz no queixo, resultado de uma dividida com o meia argentino do Newell?s Old Boys. A partida, disputada há exatos 15 anos – na noite de 17 de junho de 1992 -terminou com a vitória do São Paulo por 1×0, o que levou a decisão para os pênaltis. ?O Zetti impediu que eu me consagrasse?, brincou. ?Eu cobraria o último pênalti, mas como ele defendeu a cobrança anterior, não precisei bater. Deixei de fazer o gol do título, mas foi uma jornada inesquecível?, disse Pintado, não escondendo a emoção de relembrar um dos títulos mais importantes de sua carreira, como jogador. O São Paulo de Telê Santana fez 3×2 e levantou seu primeiro título das Américas.
?Essas recordações virão à tona quando eu estiver subindo no túnel. Será uma experiência interessante?, disse Pintado. Para o treinador, é melhor encarar o Corinhians no Morumbi. ?Lá no Pacaembu, o clima é diferente, favorável à pressão da torcida adversária. A casa vai estar cheia, mas num estádio amplo, temos que saber administrar o ritmo do jogo.?
CAMPEONATO BRASILEIRO
6ª RODADA
Corinthians x Paraná Clube
CORINTHIANS
Felipe; Fábio Ferreira, Zelão e Betão; Pedro, Marcelo Mattos, Rosinei (Carlos Alberto), Marcelo Oliveira e Edson; Éverton Santos e Finazzi.
Técnico: Paulo César Carpegiani.
PARANÁ
Flávio; Daniel Marques, Neguete e Luís Henrique; Parral, Beto, Adriano, Vandinho e Márcio Careca; Vinícius Pacheco e Josiel.
Técnico: Pintado.
SÚMULA
Local: Morumbi (São Paulo).
Horário: 18h10.
Árbitro: Wagner Tardelli Azevedo (FIFA/SC).
Assistentes: Alcides Zawaski Pazetto (SC) e Claudemir Maffessoni (SC).