São Paulo parou. E é difícil fazer isto com a "locomotiva do Brasil". Só o futebol seria capaz de tal feito – e é o que está acontecendo.

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Desde que foram definidas as oitavas-de-final da Copa Libertadores, as atenções da maior cidade do País ficaram voltadas para o confronto entre Palmeiras e São Paulo. Até mesmo as crises do Corinthians ficaram em segundo plano. O jogo de ida acontece às 21h45, no Palestra Itália.

O local da partida foi um fator de discórdia – e que acirrou muito os ânimos, tanto que a Polícia Militar está preparada para "tudo". Palmeirenses e são-paulinos divergiam quanto aos estádios onde aconteceriam os dois jogos, e a Conmebol, salomonicamente, marcou os confrontos para as casas das equipes. Por isso a partida é hoje no Palestra, e a volta acontece na próxima quarta, no Morumbi.

Em campo, os dois treinadores ainda estão conhecendo os elencos. Paulo Bonamigo chegou primeiro ao Palmeiras, mas somente agora pode trabalhar com o grupo completo – com os reforços de Marcinho, Juninho e Washington. Com os três em campo, o time perdeu para o Paraná, mas todos garantem que foi apenas um ‘acidente de percurso’.

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Bonamigo deve montar a equipe em um 3-5-2, já que o zagueiro Daniel (o mais experiente do elenco) está de volta e ficaria como líbero, ao lado de Glauber e Gabriel. Assim, o treinador libera André Cunha e Lúcio para o ataque e deixa no sistema de marcação os volantes Correa e Claudecir. O sistema é semelhante ao adotado por ele em Coritiba e Paraná.

Paulo Autuori está no São Paulo há pouco mais de duas semanas, e vive – por enquanto – uma lua-de-mel com a torcida. Foram três jogos e três vitórias (5×1 no Corinthians, 3×0 no The Strongest e 1×0 no Coritiba), todas conquistadas em São Paulo. Apesar de jogar no Palestra Itália, o treinador garante que o Tricolor vai buscar a vitória.

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E, para isso, ele terá todos os titulares. O que mais preocupava, o centroavante Luizão, foi liberado pelos médicos – mesmo com dezoito pontos no rosto, fruto do violento choque com Reginaldo Nascimento no sábado. O zagueiro uruguaio Lugano, que está suspenso no brasileiro, tem retorno assegurado.

Ficha técnica

Palmeiras: Marcos; Gabriel, Daniel e Glauber; Bruno, Correa, Alceu, Juninho e Lúcio; Marcinho e Washington. Técnico: Paulo Bonamigo.

São Paulo: Rogério Ceni; Lugano, Fabão e Edcarlos; Cicinho, Josué, Mineiro, Danilo e Júnior; Grafite e Luizão. Técnico: Paulo Autuori.

Local: Palestra Itália (São Paulo-SP). Horário: 21h45. Árbitro: Sálvio Spínola Fagundes Filho (Fifa-SP). Assistentes: Ednílson Corona (Fifa-SP) e Ana Paula da Silva Oliveira (FIifa-SP).

Ruim para os verdes e azarado para tricolores

São Paulo – Palmeiras e São Paulo iniciam a disputa por uma vaga nas quartas-de-final da Copa Libertadores da América com a necessidade de romper tabus. O alviverde nunca conseguiu derrotar o tricolor em jogos válidos pelo principal torneio interclubes do futebol sul-americano. Por sua vez, os são-paulinos sempre terminaram vice-campeões nas duas vezes em que eliminaram os palmeirenses da Libertadores.

Nos quatro jogos disputados entre os dois rivais pela competição foram três vitórias do São Paulo e um empate. O Palmeiras nunca conseguiu vencer seu adversário pela Libertadores. No quesito gols, o São Paulo lidera pelo placar de 6×2. No retrospecto geral, os dois rivais enfrentaram-se 267 vezes, com 91 vitórias são-paulinas, 89 triunfos palmeirenses e 87 empates, com 352 gols do São Paulo e 346 do Palmeiras.

Curiosamente, ao contrário do que se espera para este ano, os jogos entre Palmeiras e São Paulo pela Libertadores não costumam atrair grandes legiões de torcedores. O público somado das quatro partidas disputadas até hoje é de pouco mais de 60 mil torcedores.

Além do retrospecto desfavorável, outro fator que perturba os palmeirenses mais supersticiosos é que o jogo de volta contra o São Paulo será disputado em 25 de maio, um dia antes do feriado de Corpus Christi, rebatizado ironicamente pelos torcedores rivais como "porcus tristis" por causa dos resultados ruins que o Palmeiras costuma obter durante a semana da data religiosa. O mais recente e traumático desse jogos foi a eliminação para o Boca Juniors na semifinal da Libertadores de 2001.

Os primeiros dois choques entre os tradicionais clubes paulistas ocorreram na primeira fase da Libertadores de 1974, em jogos válidos pelo grupo 2. Em 30 de março de 1974, o São Paulo bateu o Palmeiras por 2×0 no Morumbi, com dois gols de Terto no primeiro tempo. O tricolor seguiu praticamente sem tropeços e chegou ao segundo jogo com o Palmeiras como líder do grupo. Em 24 de abril no Parque Antártica, o São Paulo voltou a vencer o rival, dessa vez por 2×1. O Palmeiras chegou a abrir o marcador, numa cobrança de pênalti convertida por Ronaldo aos 39 minutos do primeiro tempo. Mas o São Paulo empatou com Mauro dois minutos depois e Chicão selou a virada tricolor aos 27 da etapa final.

O São Paulo manteve a seqüência de bons resultados e classificou-se com quatro vitórias e dois empates. O Palmeiras chegou em segundo lugar, com três vitórias e três derrotas, campanha insuficiente para superar a do adversário. Qualificado para o triangular semifinal, o tricolor paulista enfrentou e eliminou os colombianos do Millonarios e os peruanos do Defensor Lima, classificando-se para a decisão com o Independiente, da Argentina, pelo qual foi derrotado.

Vinte anos depois, Palmeiras e São Paulo voltaram a ficar frente a frente pela Libertadores. Os dois rivais encontraram-se nas oitavas-de-final, assim como acontecerá este ano. O alviverde, campeão brasileiro, chegou para o confronto depois de enfrentar Cruzeiro, Boca Juniors e Vélez Sarsfield na primeira fase e passar com certo sufoco.

O confronto era um verdadeiro duelo de gigantes. O Palmeiras estava recheado de craques trazidos pela milionária parceria com a Parmalat e tinha Evair, Zinho, Edílson e Edmundo, entre outros. O São Paulo, então bicampeão da Libertadores, não tinha mais Raí, mas contava com Cafu, Palhinha, Juninho e Müller. Por ter vencido o sul-americano do ano anterior, o regulamento permitia ao São Paulo estrear somente nas oitavas-de-final.

O jogo de ida foi disputado em 27 de abril no Pacaembu e terminou num empate sem gols em uma grande atuação do goleiro são-paulino Zetti. Por causa da Copa do Mundo daquele ano, a partida de volta só seria disputada quase três meses depois, em 24 de julho. Nesse intervalo, o Palmeiras conquistou o bicampeonato paulista, foi eliminado da Copa do Brasil pelo Ceará e fez uma cansativa excursão ao Japão, retornando ao Brasil apenas dois dias antes do jogo contra o São Paulo.

Com dois gols de Euller, o tricolor eliminou o alviverde ao derrotá-lo por 2×1. O tento palmeirense foi marcado por Evair nos acréscimos. O São Paulo seguiu na competição, bateu o Unión Española, do Chile, nas quartas-de-final, derrubou o Olímpia, do Paraguai, na semifinal, mas foi derrotado nos pênaltis pelos argentinos do Vélez Sarsfield em pleno Morumbi, novamente terminando vice-campeão depois de eliminar o Palmeiras.