Hannover (AE) – Este domingo é um dia especial para Carlos Alberto Parreira. O treinador completa 100 jogos no comando da seleção, o que não é pouco, em um cargo tão desgastante quanto o de presidente da república. Para que a data tenha um fecho de ouro, o campeão do mundo em 1994 espera receber como presente a segunda vitória na Copa das Confederações – desta vez, diante do México.
O resultado garantirá ao time o primeiro lugar no Grupo B e a vaga para as semifinais. Se tudo sair conforme o figurino, o partida com o Japão na terceira rodada, quarta-feira, em Colônia, servirá para fazer ajustes na equipe. O duelo deste domingo começa às 20h45 locais – 15h45, horário de Brasília.
Parreira é veterano de seleção. Sua relação com a equipe nacional vem desde os anos 70, quando era coadjuvante em comissão técnica. Como chefe, foram três experiências. A primeira em 1983, quando chegou à final da Copa América (perdeu para o Uruguai). A segunda, e mais importante, na campanha do tetracampeonato mundial em 1994. E a passagem atual, como substituto de Felipão depois do pentacampeonato.
"Servir a seleção sempre é um orgulho e uma honra", discursa, para emendar. "Mas esta é a mais difícil", admite. "Pegar um time campeão do mundo nos dá muita responsabilidade, porque se vencer novamente, não se faz mais do que obrigação", compara. "Em 94, mesmo com toda a pressão que havia em torno de nós, foi até mais fácil dirigir o time".
Mas não se trata de fardo pesado demais para carregar. Parreira segue, em escala mais comedida, a escola de Zagallo, segundo a qual é missão patriótica servir à "amarelinha". Por isso, não se queixa do desafio de ser o primeiro técnico a conquistar um Mundial duas vezes com o Brasil. Vicente Feola, campeão em 1958, tentou repetir a dose em 1966 e a seleção saiu na primeira fase na Copa da Inglaterra. Zagallo conquistou o tri em 70, ficou em terceiro lugar em 74 e foi vice-campeão em 1998.
A estatística não parece seduzir Parreira. Os 100 jogos entram como uma etapa a mais em sua carreira. Seu espírito pragmático o empurra e preocupar-se com o México, rival deste domingo e fiel da balança nas pretensões do Brasil na Copa das Confederações. Elogios de praxe à parte para os adversários, há respeito e certo temor de que o time venha a enfrentar mais dificuldade do que na estréia, contra a Grécia. "Os mexicanos tocam melhor a bola, o que os torna mais perigosos".
Essa frase, repetida algumas vezes nos últimos dias, acena para poucas mexidas no time titular. Parreira pretende observar o maior número possível dos jogadores que trouxe para a Alemanha, mas não se convenceu de que seja o momento de mudar muito. "Quem sabe uma ou outra modificação, sem nada de extraordinário", adianta. "É bom mexer com cautela, porque temos até a possibilidade de definir a vaga na terceira rodada, se for necessário."
O aspecto que Parreira espera ver intacto, independentemente de quem entrar em campo, é a aplicação. Ele se entusiasmou com a dedicação do time contra a Grécia e indica o "espírito coletivo" como a melhor alternativa para sucesso, na Copa das Confederações, no restante das Eliminatórias e no Mundial. "Meu objetivo é dar conjunto ao time, é fazer com que o valor individual seja importante para o coletivo", adverte. "Isso não quer dizer que o esquema tático tolha a liberdade dos jogadores. Ele não tolhe de forma alguma."
Ronaldinho Gaúcho, Kaká, Robinho agradecem. A torcida brasileira mais ainda.
COPA DAS CONFEDERAÇÕES
BRASIL X MÉXICO
Brasil: Dida; Cicinho, Lúcio, Roque Júnior e Gilberto; Émerson, Zé Roberto, Kaká e Ronaldinho; Adriano e Robinho. Técnico: Carlos Alberto Parreira
México: Oscar Sanchez; Osorio (Rafa Marquez), Galindo, Salcido e Carmona; Pardo, Zinha, Torrado e Piñeda; Fonseca e Borghetti. Técnico: Ricardo Lavolpe
Súmula
Local: Niedersachsen (Hannover-ALE)
Horário: 15h45 (de Brasília)
Árbitro: Roberto Rosetti (ITA)
Assistentes: Alessandro Griselli (ITA) e Cristiano Copelli (ITA)
