Um dia especial na vida de Washington

Vai ser um jogo muito mais que especial. Se fosse apenas um confronto para cumprir tabela, mesmo assim, já haveria motivos suficientes para o torcedor do futebol ir até o Joaquim Américo acompanhar Atlético x Paraná Clube, às 16h.

Muito mais do que um clássico, e até por se tratar de um com rivais em situações opostas na tabela, a expectativa cresce ainda mais.

Independente do resultado, o atacante Washington estará de volta aos gramados e sua vitória já está garantida. Venceu duas fraturas, combate ferrenhamente o diabetes e, agora, mostrou ao coração que é mais valente. Desde o dia 22 de novembro de 2002 ele não entra em campo.

Uma sensação que o fez voltar no tempo. “Eu até digo para os meus companheiros que eu estou parecendo um juvenil ganhando uma chance no profissional”, disse na sexta-feira um artilheiro com vontade de sobra para recuperar o tempo perdido. Nos 14 meses afastado, passou por cirurgias, avaliações, foi condenado e deu a volta por cima. “Essa é a minha vida e o que eu sei fazer é jogar futebol”, minimizou.

Quem vai ter coragem de contrariar essa disposição? O Atlético bancou a recuperação do artilheiro, teve paciência para esperar o momento ideal para tê-lo atuando e, desde já, tem um dos principais nomes para o campeonato paranaense. “Não tenho palavras para agradecer o que todos aqui fizeram por mim e espero retribuir fazendo boas partidas e ajudando o time a conquistar campeonatos.”

Já na primeira competição que tem para mostrar serviço, Washington já encara o Paraná Clube, que o projetou nacionalmente. Agradecido pelo que o Tricolor lhe deu, no entanto, ele agora quer olhar para frente. “Sou jogador do Atlético e vou honrar a camisa rubro-negra com muito orgulho para dar grandes alegrias a essa torcida”, completa. O artilheiro, aliás, é a única alteração na equipe comandada pelo técnico Mário Sérgio em relação ao time que empatou com o Coritiba.

Do outro lado, o Paraná Clube entra em campo como franco-atirador. Sem nunca ter vencido na Arena e desfigurado em relação ao ano passado, o time de Saulo de Freitas tenta conter o desespero para buscar os primeiros gols na competição, além de uma vitória para ainda tentar escapar de mais um vexame, que é disputar o Torneio da Morte. Numa semana conturbada, o Tricolor tratou de sacudir a poeira e voltar a investir na prata-da-casa e em jovens promessas para repetir o sucesso no ano passado.

Atlético tem dupla de ataque de origem tricolor

Precisando desesperadamente da vitória, o Paraná Clube pode provar, hoje, do próprio veneno. O técnico Mário Sérgio confirmou e Washington e Ilan vão reeditar uma das duplas mais vitoriosas da Vila na Arena. Depois do sucesso em 1999, os dois estão juntos novamente e prontos para defender a camisa rubro-negra.

“Nós já nos conhecemos muito bem, ele me deu todo o apoio quando comecei e agora vou ajudá-lo no que for preciso”, promete Ilan. Para ele, o time todo está feliz por contar com um amigo, além de ter mais uma arma para o ataque. “Vai ser muito bom contar com ele e o time se fortalece com esse grande profissional”, diz.

Já Washington tenta conter a ansiedade nesse momento tão especial. “Graças a Deus estou tendo essa oportunidade num clássico e para mim vai ser ótimo. Espero que a gente consiga fazer uma grande partida e conquistar a vitória”, expõe. Profissional como é, ele vê com alegria essa volta aos gramados ao lado de Ilan e justamente contra o Paraná Clube. “É a história do futebol, coincidências do futebol. O Paraná é um clube que eu admiro bastante, que eu gosto muito”, destaca.

Mesmo assim, quando a partida começar o que vai valer é a diposição para buscar mais três pontos. “Agora eu sou jogador do Atlético, estou vestindo com muito orgulho essa camisa, tenho apoio total da torcida e todos esperam um grande campeonato meu”, explica. A última partida que Washington jogou foi no dia 22 de novembro de 2002, ainda pelo Fenerbhaçe, da Turquia. “Estou com muita saudade do jogo e, como centroavante, estou com saudade dos gols. No entanto, primeiro vou ajudar o clube a vencer e, depois, se tiver oportunidade, vou tentar fazer os gols”, finaliza o artilheiro.

Athos estréia protegido pela história

Na história de “Os três mosqueteiros”, do escritor Alexandre Dumas, Athos é um destemido manejador de espadas, que junto com seus parceiros Aramis, Porthos e Dartagnan vence todas as batalhas que surgem pela frente.

Na guerra do campeonato paranaense, o Paraná Clube ainda não venceu nenhuma batalha e foi buscar no meia Athos, contratado essa semana, a esperança de sair do buraco e bater o todo-poderoso Atlético, em pleno território inimigo, hoje, às 16h.

Apesar do nome idêntico ao do personagem de Dumas, o Athos tricolor diz que seus pais não se inspiraram na literatura francesa para batizá-lo – mas garante que briga tanto quanto o “xará” famoso. “Eles são evangélicos e tem a ver com a Bíblia”, diz o jogador, que também se converteu a essa religião há um ano e meio.

Aliás, foi por causa de sua fé que ele estréia hoje no clássico, com a função de lutar muito para ajudar o Tricolor a conseguir a primeira vitória no campeonato. Antes de assinar contrato, o jogador teve que passar por um período de testes. “Nunca havia sido testado antes de assinar contrato. Isso é curioso em um time profissional.” Mesmo considerando a situação curiosa, Athos decidiu permanecer na Vila Capanema, confiante de que assinaria contrato. “Deus conversou comigo e garantiu que eu iria jogar no Paraná. Por isso fiquei e o que ele disse acabou se confirmando”, diz, numa declaração que soa estranha para os céticos.

Crenças à parte, o que vale agora é a presença garantida do jogador na equipe titular, independente do esquema tático que o técnico Saulo escolher. Se o treinador optar pelo 4-4-2, Athos jogará no meio-de-campo. No 3-5-2, ele fará as vezes de ala-direita, já que o treinador não gostou da atuação de Wiliam improvisado na posição. “Para mim não tem problema, pois já joguei assim em outras oportunidades. Nesse momento, o que o treinador determinar, eu cumpro”, afirma.

Além de ser uma esperança no setor de criação do time, Athos também garante que vai tentar fazer o que o Paraná mais precisa nesse momento: gols. “Sou mais de servir os companheiros, mas se abrir, eu chuto. No campeonato goiano do ano passado, marquei nove gols pelo Vila Nova. Quem sabe não chegue perto dessa marca no Paraná?”.

Para a partida de hoje, o técnico Saulo mantém o mistério como arma. Se jogar no 3-5-2, ele coloca em campo Flávio; Erivélton, Fernando Lombardi, Gélson Baresi e Anderson; João Vítor, Éverton César, Wiliam e Athos; Éverton e Vandinho. Se optar pelo 3-5-2, Erivélton dá lugar a Juliano, que entra na zaga para fazer o terceiro zagueiro. Na ala-direita, Athos jogará improvisado.

CAMPEONATO PARANENSE
ATLÉTICO X PARANÁ CLUBE

Atlético: Diego, Rogério Correia, Alessandro Lopes e Ramalho; Willian, Allan Bahia, Fernandinho e Jadson; Marcão, Ilan e Washington. Técnico: Mário Sérgio

Paraná: Flávio, Herivélton (Juliano), Gelson Baresi Fernando Lombardi e Anderson; João Vítor, Éverton César, Wilian e Éverton; Athos e Vandinho. Técnico: Saulo de Freitas

Súmula
Local: Joaquim Américo
Horário: 16h
Árbitro: Heber Roberto Lopes
Assistentes: Gilson Bento Coutinho e Rubens Berton

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