Um confronto de crises na Baixada

Hoje não é dia de caldeirão, mas sim de panela de pressão. Tanto Atlético quanto o Corinthians entram em campo para tirar o pé da lama e afastar a crise que não larga paranaenses e paulistas.

Quem perder continua no atoleiro e se empatarem mantêm a nuvem negra que insiste em permanecer sobre o CT do Caju e Parque São Jorge. Para piorar, as duas equipes abriram guerra contra as próprias torcidas, o que só deve aumentar as cobranças para cima dos jogadores. O confronto está programado para as 16 horas, na Kyocera Arena.

De comum entre as duas equipes, administrações controvertidas. Se dos lados da Baixada, Mário Celso Petraglia não é mais unanimidade, do lado do Timão, Kia Joorabichian chegou como novo mecenas e já está ameaçado de cair em desgraça. Tudo devido aos resultados. Nenhuma das duas equipes engrenou este ano. Nem mesmo o título estadual e a classificação do rubro-negro para as oitavas-de-final da Copa Libertadores minimizaram quatro fiascos seguidos, que culminaram com a maior derrota sofrida na era Arena para o Independiente Medellín.

Pior para o Timão. Nem título, nem classificação para as quartas-de-final da Copa do Brasil. Apesar de jogadores contratados a peso de ouro, os "gambáticos" continuam sem se explicar para a Fiel. Em crise, soluções antigas e troca de treinadores. Caíram Edinho Nazareth e Daniel Passarella. O resultado, por enquanto, não mostra nenhum sinal de recuperação. Muito pelo contrário.

O homem-forte do Furacão convocou uma entrevista coletiva para pôr a culpa na imprensa, mas o efeito foi o contrário. Deixou o time mais na berlinda ainda. Além de o dirigente se isolar cada vez mais no comando do clube, perdeu aliados na imprensa e no Clube dos 13. O resultado é que os jogadores continuam intranqüilos, preocupados e desorientados pelo comando ditatorial e muito pouco compreensivo, o que seria o mais adequado nessas horas.

Crise para lá, crise para cá. Sai Passarella e Carlito Tévez, a maior estrela da constelação corintiana, se abateu e já pensa em ir embora. No treinamento de sexta-feira, na Vila Capanema, só faltou chorar. Precisou ser reanimado pelo técnico Márcio Bittencourt. Esse é o resumo da ópera. Sorte dos paulistas que os ingressos foram esgotados pela torcida residente em Curitiba, disposta a fazer mais festa do que cobrar os jogadores.

A mesma sorte que Petraglia não vai ter. Antes da partida, está prevista uma manifestação em frente ao Joaquim Américo para pedir a saída do dirigente. O "Fora Petraglia" está lançado e a guerra aberta.

CAMPEONATO BRASILEIRO
ATLÉTICO X CORINTHIANS

Atlético: Diego; Jancarlos, Baloy, Marcão e Marín; Cocito, Alan Bahia, Fabrício e Lima; Cléo e Aloísio. Técnico: Borba Filho

Corinthians: Tiago; Coelho, Ânderson, Betão e Edson; Wendel, Marcelo Mattos, Gustavo Ney e Carlos Alberto; Tevez e Gil Técnico: Márcio Bittencourt

Súmula
Local: Joaquim Américo
Horário: 16h
Árbitro: Leonardo Gaciba da Silva (FIFA-RS)
Assistentes: Altemir Hausmann (FIFA-RS) e Paulo Ricardo Silva Conceição (RS)

Jogadores vão tentar administrar o fogo amigo

Rodrigo Sell

Como pensar em jogar futebol se a diretoria abriu combate contra a torcida, o time perdeu as últimas quatro partidas e é lanterna no campeonato brasileiro?

Difícil, mas o Atlético tenta vida nova com técnico interino para sair da crise e tentar reencontrar os trilhos. Não bastasse o Corinthians, o Rubro-Negro precisa de um ânimo novo para se preparar para a partida de quinta-feira pela Copa Libertadores da América, contra o Cerro Porteño. Antes disso, porém, os paulistas e o atacante Cléo é a esperança do Furacão. A partida está programada para as 16 horas, na Arena.

"Fica difícil até dormir, mas o que tinha para perder já foi perdido", desabafa o meia Fabrício. É assim que os jogadores têm enfrentado essa partida. "Temos que dar um pouco mais e se concentrar só no campo", pede o zagueiro Baloy. Ele tem razão. A tendência é de que a torcida possa protestar contra a diretoria e isso pode influenciar os jogadores durante o jogo. No entanto, o técnico Borba Filho acredita que o clima mudou para melhor. "O astral já é outro e isso é o mais importante", destaca.

Se ele tem razão ou está somente querendo animar os jogadores só o tempo dirá, mas que ele já promoveu mudanças profundas no time não há dúvida. Primeiro, o consagrado (no Atlético) 3-5-2 dá lugar ao convencional 4-4-2. Para Borba, esse é o sistema mais adequado para o futebol brasileiro e que a ausência de bons líberos dificulta sua utilização. Além disso, o volante Ticão e o atacante Maciel não ficarão nem no banco. Em contrapartida, o desconhecido Cléo ganha a chance de atuar contra o Corinthians.

Vindo da Ferroviária, que disputou a terceira divisão em São Paulo, o atacante será a grande esperança de gols. Ele estará ao lado de Aloísio, que sofreu uma lesão contra o Independiente Medellín, mas se recuperou a tempo de jogar. Assim, Lima volta a atuar no meio-de-campo, ao lado de Fabrício, Alan Bahia e Cocito. No restante do time, Jancarlos manteve a posição, que era de Etto, e Danilo sai da zaga para dar lugar a mais um meia.

Jogo será "marco zero" para o Corinthians

Almir Leite

(AE) – A partida deste domingo contra o Atlético está sendo encarada de forma especial pelos jogadores do Corinthians. Vivendo já há quase duas semanas uma crise profunda – que teve eliminação na Copa do Brasil, goleada num clássico estadual (5×1 diante do São Paulo) e demissão de treinador – os jogadores querem recomeçar do zero. Pretendem fazer deste jogo, o ponto de partida para uma reação no campeonato brasileiro. O Corinthians somou apenas um ponto em três rodadas e está na zona de rebaixamento.

"Todo mundo tem consciência que esse jogo é muito importante. Principalmente depois da saída do técnico (Daniel Passarella). A cobrança sobre os jogadores deverá ser ainda maior a partir de agora, mas estamos tranqüilos. Se a gente ganhar, o time recupera a confiança e então terá tudo para reagir no campeonato", disse o zagueiro Betão, um dos que foram barrados por Passarella.

O técnico Márcio Bittencourt – que assumiu interinamente a vaga de Passarella, mas se for bem pode até continuar no cargo – levou o Corinthians na manhã de sexta-feira para Curitiba. A idéia foi tirar um pouco a pressão sobre os atletas. "A gente precisava conversar com mais tranqüilidade, sem a pressão que certamente teríamos em São Paulo. Além disso, a convivência entre os jogadores poderá ser um fator importante para um bom desempenho no jogo", avalia o técnico, que promoveu algumas mudanças na equipe. Algumas delas, radicais.

A começar pelo sistema de jogo. O Corinthians deixa o 3-5-2 de Passarella e passa a atuar com apenas dois zagueiros. Ganha o reforço de um homem no meio-de-campo e os atacantes ganharam maior liberdade. Desta forma, o Corinthians terá Ânderson e Betão no miolo da zaga. Na lateral-direita entra Coelho. Edson foi deslocado para a lateral-esquerda. Gustavo Nery, por sua vez, vai para o meio-de-campo, ocupar a vaga de Roger que, contundido, sequer viajou para o Paraná.

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