Paraná Clube e Atlético iniciam hoje – às 16h, no Durival de Britto – a decisão de uma das vagas à final do campeonato paranaense. Um duelo marcado por provocações e nervos à flor da pele. Um clássico que traz à tona uma rivalidade que vai além das quatro linhas.
Ainda mais diante das posições conflitantes das diretorias sobre a realização de jogos da Copa do Mundo em Curitiba. O tricolor tenta dar um fim ao jejum de vitórias sobre o rival. Já o Atlético briga para recuperar a hegemonia do futebol paranaense.
O último ?tempero? partiu do próprio rubro-negro, em nota oficial em seu site, onde se afirma que por falta de segurança a diretoria atleticana não estará presente hoje, na Vila Capanema. Os dirigentes tricolores preferiram não responder às provocações, evitando maior polêmica. Se este clássico não tem o apelo popular do Atletiba, não faltam ingredientes para fazer do duelo desta tarde um dos grandes jogos do até então pouco atraente paranaense. A começar pelo histórico dos confrontos, que confere vantagem ao rubro-negro.
O tricolor não leva a melhor diante do adversário desde julho do ano passado. Nesse período, foram cinco jogos e cinco vitórias do Atlético – uma pelo brasileiro, duas pela sul-americana, uma na Copa 100 Anos e outra no Paranaense. Período que contrasta com o início dos anos 90s, quando o Paraná emplacou catorze jogos seguidos pelo estadual, sem uma derrota sequer. O quadro se reverteu entre 1998 e 2002, quando foi a vez do Atlético emplacar invencibilidade idêntica (considerando-se apenas jogos do paranaense).
No geral, a vantagem é do Atlético, que soma 24 vitórias, contra 19 do Paraná. Foram 23 empates ao longo dos 66 clássicos disputados. Com uma curiosidade: o rubro-negro, que nunca perdeu para o tricolor no Joaquim Américo, tem vantagem também no Durival de Britto, onde venceu quatro jogos, contra apenas um do Paraná Clube.
Paraná joga para manter vantagem
Valquir Aureliano |
Vinícius Pacheco ganhou a posição de titular no ataque. |
É hora de ?pisar fundo?. Após administrar campanhas no paranaense e na Libertadores – avançando nas duas competições – o Paraná Clube inicia hoje uma série de jogos decisivos, que se estenderão ao longo das próximas semanas.
Pelo menos este é objetivo de Zetti e companhia, que espera superar o Atlético na sua caminhada pelo bicampeonato estadual. No jogo desta tarde – às 16h, na Vila Capanema – a meta é fazer a lição de casa, garantindo vantagens para a partida de volta, no próximo domingo, no Joaquim Américo.
O tricolor corre atrás de sua primeira vitória em clássicos nesta temporada. Traz as lições do confronto na fase classificatória, onde ?deu mole? na marcação e sofreu uma derrota por 3×0 para o rubro-negro. O retrospecto do clube nos duelos com seus mais tradicionais rivais tem pouco peso nesta hora decisiva. Pelo menos este é o pensamento de Zetti, lembrando que o Paraná, nas derrotas para o Coritiba, lançou mão da equipe B, devido ao acúmulo de jogos pelas duas competições que disputa. ?Atingimos nossas metas. Agora, é buscar o título?, frisou o treinador paranista.
Mesmo tendo um jogo decisivo pela Libertadores na próxima quarta-feira – no qual precisa vencer o Unión Maracaibo para se garantir nas oitavas-de-final -, Zetti quer os jogadores focados exclusivamente no paranaense, no Atlético. ?É um clássico. Sem favoritos, sem vantagens?, destacou o técnico, que não pretende ver seu time incorrendo nos mesmos erros do confronto passado. Naquele jogo, na visão de Zetti, o Paraná se lançou desordenadamente ao ataque e ofereceu espaços para a principal arma atleticana: a velocidade dos contragolpes.
?Temos que atacar, fazer valer o mando de campo. Mas, com organização, com um time bem postado?, comentou. Esse equilíbrio não significa que o Paraná será um time lento, cadenciado. Muito pelo contrário. Zetti, diante da ausência de Henrique – que não renovou contrato – abre espaço para Vinícius Pacheco, que ao longo da temporada foi sempre um ?às?, na manga do treinador.
Com essa opção, Zetti retoma o 4-4-2, esquema utilizado com maior freqüência ao longo da temporada. Somente em sete jogos o técnico recorreu ao sistema com três zagueiros, com relativo sucesso. ?Gosto do time adaptado aos dois sistemas. A transição deve ocorrer ao natural?, frisa incessantemente Zetti. ?Confio no potencial desse grupo, que vem superando os maiores obstáculos. Chegamos com força nesta hora de decisão.?
Daniel Marques está confiante
Um dos jogadores mais regulares do time, o zagueiro Daniel Marques não vê a hora da bola rolar. O fato de o Paraná Clube ter desperdiçado a oportunidade de ?se livrar? de um clássico na semifinal não trouxe preocupação ao elenco paranista. ?Para ser campeão, não dá para escolher adversário?, frisou Daniel Marques, recorrendo ao velho chavão.
Para o xerifão paranista, as vantagens dos times – o Atlético joga a segunda em casa, mas o Paraná se classifica com dois empates – têm pouco peso nessa hora. ?Não há como entrar em campo, num clássico, pensando em empatar. Temos que fazer o nosso melhor jogo, jogar futebol e buscar a vitória?, destacou. Daniel Marques sabe que terá pela frente uma dupla de artilheiros, que historicamente deixam suas marcas em confrontos com o Paraná. ?Vamos tentar mudar isso. Com uma equipe coesa e aplicada.?
Atlético garante estar pronto para jogar contra uma ?conspiração?
Cahuê Miranda
Valquir Aureliano |
Válber pode ser a opção para entrar no lugar de Ferreira. |
O Atlético enfrenta o Paraná, hoje à tarde na Vila Capanema, esperando por uma verdadeira batalha. Além da disputa por uma vaga na decisão do paranaense, o Furacão entra em campo para enfrentar o que vê como uma conspiração para afastá-lo da grande final.
Para os jogadores rubro-negros, o que importa é o duelo em campo. ?Temos que fazer um bom resultado para jogar com tranqüilidade na Baixada. Como queremos ser campeões, temos que superar todos os obstáculos. Será um jogo de 180 minutos e esperamos fazer uma boa partida, para não ter que correr atrás do resultado no jogo de volta?, diz o zagueiro Marcão.
O xerifão atleticano, além do zagueiro Danilo e o volante Alan Bahia, volta ao time após cumprir suspensão contra o Cianorte, na última quarta-feira. Em compensação, o time terá os desfalques do meia Ferreira e do lateral-direito Jancarlos.
O técnico Vadão foi quem pediu que Ferreira forçasse o terceiro cartão contra o Leão do Vale. ?Nós entendemos que era melhor o Ferreira ficar fora deste primeiro jogo, que ainda não define a classificação. Eu optei por isso?, ressalta o treinador, assumindo a responsabilidade pela ausência do colombiano.
A dúvida no meio-campo vai durar até os últimos instantes. ?Na hora do jogo nós decidiremos. Não tem nenhuma estratégia mais defensiva ou ofensiva?, diz o técnico Vadão, negando que será mais cauteloso na falta do camisa 10. Netinho, Válber e Cristian brigam pela posição.
Nas laterais, continuam os mesmos que jogaram contra o Leão do Vale: Nei na direita e Michel pela esquerda.
Mas é no ataque que o time da Baixada aposta para sair na frente por uma briga na decisão. Além de Alex Mineiro, artilheiro do estadual com 16 gols, o Furacão conta com Denis Marques, que carrega a fama de carrasco do tricolor.
Na primeira fase, o Atlético goleou o rival por 3 a 0, em plena Vila. Com o poder de fogo de quem já marcou 57 gols no campeonato, o Furacão quer quebrar o serviço do Paraná, que joga por dois empates, ou derrota e vitória pelo mesmo placar. A idéia é reverter a vantagem tricolor e levar um grande resultado para a Baixada. ?A vantagem é do Paraná, porque conquistou isso em campo. De qualquer forma vamos ter que vencer um jogo. Então, que seja já o primeiro?, conclui Vadão.
Diretoria não irá à Vila Capanema
Para esquentar ainda mais a disputa, a diretoria do Furacão informou que não vai estar na Vila Capanema esta tarde. Os dirigentes alegam falta de segurança no estádio paranista e citam como exemplo os incidentes do jogo contra o Flamengo, pela Libertadores. Os cariocas foram acomodados junto a torcedores do tricolor e passaram por apuros nas sociais do Durival Britto.
A torcida atleticana também está na bronca. Enquanto os torcedores do Paraná têm à disposição ingressos a partir de R$ 15, os rubro-negros precisam pagar R$ 40 para assistir ao jogo, em um setor que não tem nada de diferenciado em relação aos demais.
CAMPEONATO PARANAENSE
SEMIFINAL – JOGO DE IDA
PARANÁ CLUBE x ATLÉTICO
PARANÁ
Flávio; Alex, Daniel Marques, Neguete e Egídio; Xaves, Beto, Gérson e Dinélson; Vinícius Pacheco e Josiel.
Técnico: Zetti.
ATLÉTICO
Cléber; Nei, Danilo, Marcão e Michel; Erandir, Alan Bahia, Evandro e Netinho (Cristian ou Válber); Alex Mineiro e Denis Marques.
Técnico: Oswaldo Alvarez.
SÚMULA
Local: Durival Britto (Curitiba).
Horário: 16h.
Árbitro: Evandro Rogério Roman.
Assistentes: Roberto Braatz e Sérgio Aparecido Aléssio.