Um Atletiba que tem tudo a ver com Lopes

Ele pode até estar achando tudo normal. Mas Antônio Lopes dos Santos, um dos técnicos mais vencedores da história do futebol brasileiro, é o principal personagem da partida entre Atlético e Coritiba, às 18h10, no Joaquim Américo.

Lopes inscreve hoje definitivamente seu nome na história do clássico Atletiba passa a ser um dos treinadores que comandou as duas equipes neste confronto, que chega hoje ao seu 328.º "capítulo?.

Na história recente, em que técnicos passam como foguetes pelas equipes, poucos conseguiram este feito. Puxando pela memória, estão nesta lista Geraldo Damasceno, Milton Buzzetto, Diede Lameiro, Paulo César Carpegiani, Lori Sandri (agora treinando o Paraná Clube) e Borba Filho – por coincidência, consultor técnico do Atlético e principal interlocutor do Delegado no Furacão. E poucos, muito poucos, tiveram sucesso nas duas equipes.

Lopes pode se considerar bem-sucedido nos rivais. No Atlético que comanda agora, reergueu a equipe em 2000, chegando às oitavas-de-final da Copa João Havelange. E neste ano produziu algo semelhante, mas com requintes de magia transformou o time cambaleante de Casemiro e Edinho em uma equipe de porte, que foi eliminando todo mundo na Copa Libertadores e que está a uma vitória de uma conquista inédita para o futebol paranaense.

No Coritiba, o Delegado também fez sua parte. Como azarão, conquistou o título paranaense em cima do Atlético em plena Arena, seu principal momento no comando coxa. Mas ele lançou no clube os dois jogadores mais valorizados do elenco agora liderado por Cuca. O zagueiro Miranda e o lateral Rafinha, este destaque da seleção brasileira sub-20 no último mundial, na Holanda, são os atletas de maior futuro do Coxa – Rafinha, inclusive, cotado para defender ainda este ano a seleção principal.

Antônio Lopes também é uma unanimidade entre os dirigentes, que mais uma vez trocaram farpas às vésperas do Atletiba (desta feita sobre a utilização ou não das arquibancadas tubulares). O presidente coxa Giovani Gionédis ficou tão chateado com a saída do técnico que chegou a comparecer na entrevista de despedida dele. E o presidente do Conselho Deliberativo rubro-negro Mário Celso Petraglia é tão grato ao Delegado que mandou para ele uma faixa de campeão brasileiro de 2001, mesmo que o treinador tenha saído do clube mais de um ano antes.

Mas a diferença básica está na reação dos torcedores. As cenas são auto-explicativas. Primeiro ato: o Coritiba tinha acabado de conquistar o paranaense de 2004, e na primeira derrota em casa no brasileiro ouviram-se no Alto da Glória gritos de "fora Antônio Lopes", que só cessaram quando ele deixou o clube, em maio deste ano. Segundo ato: o Atlético empatara com o São Paulo na quarta, desperdiçando a oportunidade de abrir vantagem na final da Libertadores, e no dia seguinte Lopes ia dar entrevista para a TV Iguaçu. Ao reconhecê-lo no saguão do Aeroporto Salgado Filho, em Porto Alegre, os torcedores atleticanos começaram a cantar e aplaudi-lo.

O Delegado vai encontrar muitos dos personagens citados acima neste final de tarde: os dirigentes, os jogadores do Coritiba, e as duas torcidas. Vai estar comandando um time reserva do Atlético e terá ainda um adversário "especial?, Antônio Lopes Júnior, seu filho e auxiliar técnico do Coxa. Por tudo isso, e por mais que ele não pense assim, Antônio Lopes é indiscutivelmente a figura central deste Atletiba 328.

CAMPEONATO BRASILEIRO
ATLÉTICO X CORITIBA

Atlético: Tiago Cardoso; Etto, Paulo André, Adriano e Marin; Marcus Vinícius, André Rocha, Evandro e Rodrigo; Fernandinho e David Ferreira. Técnico: Antônio Lopes

Coritiba: Vizzotto; Rafinha, Miranda, Flávio e Ricardinho; Reginaldo Nascimento, Márcio Egídio, Luís Carlos Capixaba e Jackson; Tiago e Alexandre. Técnico: Cuca

Súmula
Local: Joaquim Américo
Horário: 18h10
Árbitro: Wilson de Souza Mendonça (FIFA-PE)
Assistentes: Erick Bartholomeu Bandeira (FIFA-PE) e Irani Pinto da Paz (PE)

Time é reserva, mas com muita vontade

Rodrigo Sell

A proximidade do jogo mais importante da história do Atlético faz o técnico Antônio Lopes escalar uma equipe reserva para enfrentar seu maior rival. Mesmo assim, não dá para dizer que o Rubro-Negro entrará em campo com uma equipe menos qualificada. Pelas circunstâncias da temporada, alguns dos jogadores que entrarão em campo hoje não podem atuar pela Copa Libertadores da América, mas devem proporcionar um bom clássico diante do Coritiba. A principal novidade será a volta do atacante Dagoberto, no segundo tempo.

"Temos alguns jogadores machucados e outros cansados pelo excesso de jogos. Eles terão descanso, mas quem entra também são grandes jogadores e darão conta do recado", aponta o treinador do Furacão. Daqueles que atuaram em Porto Alegre contra o São Paulo, apenas o meia Fernandinho e o volante André Rocha estarão em campo. "O Fernandinho vem de contusão e precisa de ritmo de jogo, por isso vai a campo. O André tem entrado bem e está sendo importante para o time", destaca.

Mesmo com um time completamente mudado, a torcida terá bons motivos para acompanhar a partida contra o Alviverde. Pela primeira vez na Arena estarão os zagueiros Adriano e Paulo André e o meia Ferreira, deslocado para o ataque. Aliás, o gringo formará a dupla de frente com Fernandinho, mas eles poderão e deverão até se revezar com os meias Rodrigo e Evandro. Apesar de considerado reserva, alguns deles seguirão como titulares após o encerramento da Libertadores.

"Sabemos que enfrentar o Coritiba é muito difícil, mas um clássico sempre é uma grande oportunidade de mostrar o seu futebol", analisa Paulo André. Ele pisará no gramado da Baixada pela primeira vez e já está ansioso. "É um grande estádio e aquela torcida sempre faz a diferença. Espero contar com o apoio deles nesse meu primeiro jogo", diz.

Apesar dessas novidades, a maior atração estará no banco de reservas. Após nove meses, o atacante Dagoberto voltará a vestir a camisa do Atlético. Ele se recuperou de um lesão no joelho esquerdo, voltou a treinar firme e começa a ganhar ritmo para voltar ao time na seqüência do Brasileirão. "Estou pronto para a partida. Ainda falta ritmo e confiança, mas isso eu vou pegar com o passar dos jogos", projeta.

Mistério na escalação até o último momento

O Coritiba tem duas certezas depois de uma semana de muitas dúvidas. A primeira poderia vir daquela brincadeira dos humoristas ou dos "quase-filósofos?: só se sabe que nada se sabe. Além do mistério na escalação, no Alto da Glória todos têm em mente que o time não é favorito, mesmo que esteja melhor que o Atlético no brasileiro e que o rival, pensando na Libertadores, escale reservas no clássico das 18h10. O técnico Cuca se esforça para evitar que o clima externo afete o bom ambiente interno.

Tanto que nenhum jogador quis se alongar na "crise das arquibancadas?. "Nem ficamos sabendo muito desta história. Claro que gostaríamos que mais torcedores do Coritiba fossem ao estádio, mas nosso interesse está no jogo", resume o zagueiro Flávio, um dos líderes do elenco. Cuca, que nem quis entrar em polêmicas, fugiu do estereótipo de favorito. "Como vocês acham que os jogadores do Atlético vão entrar em campo? Vão dar tudo para conseguir a vitória. Quem for para o jogo, dos dois lados, tentará tudo para levar os três pontos", afirma o treinador coxa. "Do outro lado estarão jogadores de qualidade. Não somos favoritos de maneira alguma", atira o zagueiro Miranda. "Podem até falar, pelo fato de estarmos na frente na tabela, mas na hora que começar o Atletiba não tem nada disso", diz Flávio.

Com o discurso afinado, o técnico pode pensar em outra "necessidade’: manter o segredo em relação a equipe que enfrentará o Atlético. São duas pendências na equipe na defesa, Reginaldo Nascimento ou Vagner; no meio-campo, Jackson e Marquinhos. Por enquanto, Cuca prefere o silêncio, deixando a escalação para momentos antes do clássico. "Treinamos todas as situações, e é claro que vamos escolher pela que for mais interessante para o Coritiba", garante.

Ele tentará não fugir da estratégia usada habitualmente pelo Coxa jogar com velocidade e muita movimentação, e contar com uma defesa sólida. Nestas características, Nascimento (este também pela liderança) e Jackson são os favoritos para começar jogando. Cuca guarda segredo, mas espera muito do time. "Estou bastante otimista. Vamos para o jogo com o mesmo objetivo das últimas partidas, que é buscar a vitória a todo momento", finaliza. (CT)

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