Não é apenas o Estádio Albino Turbay que utiliza (ou utilizava) estrutura metálica para aumentar a capacidade de torcedores. Hoje, cada vez mais campos são dotados com arquibancadas tubulares – mas é obrigatório o acompanhamento das obras e a participação de engenheiros responsáveis.
No Paraná, há dois casos recentes de utilização desse tipo de estrutura. Em 2003, o Pinheirão teve camarotes tubulares na partida entre Brasil x Uruguai, pelas Eliminatórias da Copa do Mundo. ?Construímos aquele setor e não tivemos nenhum problema. Tínhamos os laudos e todo o acompanhamento técnico?, diz Cirus Itiberê da Cunha, engenheiro civil e presidente da Comissão de Vistoria da FPF.
Ano passado, para tentar aumentar às pressas a capacidade do Estádio Joaquim Américo para 40 mil torcedores, a diretoria do Atlético derrubou o muro que separava a Arena do Colégio Expoente e ergueu uma arquibancada metálica em pouco mais de 72 horas. Mas a Conmebol, pressionada pelo São Paulo, não aceitou a manobra rubro-negra. Dias depois, o clube removeu aquela estrutura.
Fora do Paraná, o exemplo mais evidente é o Luso-Brasileiro, de propriedade da Portuguesa carioca. Revitalizado e com novo nome (Arena Petrobras), o estádio só tem capacidade compatível à exigida pela CBF para a disputa do Campeonato Brasileiro porque usa arquibancadas tubulares. ?Não há problema, é uma estrutura segura?, garante Cirus Itiberê. ?Mas, para montar, é preciso uma empresa capacitada e o acompanhamento de engenheiros. Além dos laudos do Corpo de Bombeiros?, alerta o dirigente.
?Caiu uma tábua e despencou tudo?
Julio Tarnowski Jr.
?Foi uma sensação muito ruim, despenquei lá de cima. Quando vi estava caído no chão, com um monte de gente ao meu redor?, disse ontem por telefone Antônio Carlos da Silva, 24 anos, um dos três torcedores que ainda permaneciam internados na Santa Casa, em Cianorte, após o acidente de quarta-feira, que atingiu 28 torcedores – 22 deles deram entrada no hospital.
?Eles deveriam ter parado o jogo para atender os feridos.
Eles não se preocuparam com a gente?, disse o torcedor que pagou R$ 10 pelo ingresso.
Segundo Soraia Sato, enfermeira – chefe da Santa Casa, ?foram registradas escoriações e pequenos machucados na maioria dos torcedores?. Sobre os três torcedores que ainda permaneciam internados, Soraia disse que eles passariam por novos exames para serem submetidos a cirurgias. ?São três pacientes homens, com fraturas. Um deles com fratura exposta na perna?, afirmou a enfermeira avaliando ?que em dois ou três dias eles teriam alta?.
Confira abaixo a entrevista com um dos feridos.
Paraná-Online: Onde você estava no estádio na hora do acidente?
Antônio Carlos da Silva: Estava na arquibancada montada no estádio. Sempre assisto aos jogos ali.
Paraná-Online: Você sabe o que aconteceu naquele momento. Teve alguma confusão?
Antônio: Não teve confusão. Só pulamos um pouco na hora de um lance. Estava garoando. Daí caiu uma tábua e despencou tudo.
Paraná-Online: O local parecia seguro?
Antônio: Acho que sim. Eles sempre montam essas arquibancadas improvisadas. Acho que faltou manutenção e aconteceu esse acidente.
Paraná-Online: Alguém procurou vocês para dar uma explicação?
Antônio: Ainda não sei direito. Hoje (ontem) o presidente do Cianorte (Marco Antônio Franzato) veio nos visitar e disse que ia nos dar uma assistência.
Paraná-Online: Você pretende entrar com uma ação contra o clube, a Federação?
Antônio: Se ele não cumprir o que prometeu, vou procurar a Justiça. Sou armador de ferragens na construção civil. Trabalho por conta, não sou registrado.
Paraná-Online: E agora, você vai voltar a assistir jogos do Cianorte no estádio?
Antônio: Vou continuar torcendo, mas acho que não vou assistir mais jogos lá. Agora só vou acompanhar pelo radinho.
