Neto de Mario Filho, um dos grandes entusiastas da construção do Maracanã e que desde 1966 batiza oficialmente o estádio, Mario Rodrigues Neto classifica como “uma vergonha” o furto do busto do avô, registrado na última segunda-feira em uma delegacia do Rio. Dizendo “não haver surpresa” nos saques, ele critica de maneira veemente a forma como o principal estádio carioca vem sendo gerido nos últimos anos. “Se meu avô fosse vivo hoje e visse o que foi feito com o Maracanã, eu tenho certeza que ele não brigaria pela construção do estádio”, assegurou.

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Aos 68 anos, Mario Rodrigues Neto se diz triste com a notícia do furto. “O sentimento é de tristeza. É uma vergonha. Fizeram um estádio que custou uma fortuna, uma reforma que deixou ele bonito por fora, mas não cuidam nem da segurança”, criticou.

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O custo da reforma do Maracanã para a Copa do Mundo ultrapassou R$ 1,2 bilhão em recursos públicos. A obra deixou o estádio mais confortável, no “padrão Fifa” de arenas, mas modificou muito o local que começou a ser erguido em 1947 e foi inaugurado às vésperas da Copa do Mundo de 1950.

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“Ele (Mario Filho) brigou por um estádio para 150 mil pessoas, que chegou a abrigar mais de 200 mil. Aí, com o tempo, foram diminuindo para 102 mil, 90 mil, 78 mil. Não sei se abriga 70 mil hoje. Daqui a pouco cabem 10 mil. Só se preocuparam com luxo. Só faltou colocarem o vaso sanitário do Sergio Cabral nos banheiros”, disparou Mario Rodrigues Neto, fazendo referência a uma privada encontrada pela Polícia Federal na casa do ex-governador do Rio, preso na Operação Calicute. O vaso é repleto de botões e tem regulagem de temperatura.

Mario Rodrigues Neto também vê com estranheza o jogo de empurra para a administração do estádio. Cedida em 2013 por um período de 35 anos para a Concessionária Maracanã S.A., atualmente a arena vive um imbróglio administrativo, já que nem o consórcio, nem o governo do Estado querem ficar com a gestão. A alegação é prejuízo financeiro milionário, comprovado a cada ano nos balancetes. “Eu acho engraçado isso. O estádio é de 1947, passou todo esse tempo sediando partidas e só agora dá prejuízo?”, questionou.

Sobre o busto do avô roubado de uma parte interna do estádio, ele não crê que seja encontrado. “De qualquer forma, meu grande orgulho não é aquele busto. Meu grande orgulho é ter meu avô batizando o estádio”, afirmou. “Temos um busto menor, que está com a família. Esse eu garanto que não roubam”.