Quatro derrotas consecutivas puseram fim ao sonho que o Paraná Clube alimentou em boa parte do Brasileirão. Se as chances já eram remotas, o fracasso no clássico tirou definitivamente a Libertadores do discurso tricolor. A equipe ficou 10 pontos atrás do Goiás, hoje o último classificado para a maior competição continental.
?Agora só resta a Sul-Americana. O torcedor tem que cobrar mesmo, pois mais uma vez perdemos por erros nossos?, lamentou o atacante Borges, que marcou o 18.º gol no Brasileiro e aproximou-se do principal artilheiro do torneio (Róbson, do Paysandu, que tem 21).
Para o líbero Marcos, a motivação agora é levar o time à melhor colocação possível. ?Se não der para ficar em quarto, tentaremos o quinto. Só não podemos perder mais, pois no futebol o bom logo vira ruim?, observou.
A verdade é que o Tricolor, agora em 9.º lugar, não engrenou sob o comando de Luiz Carlos Barbieri. Mesmo com mais opções no elenco,
o novo técnico somou quatro vitórias, um empate e sete derrotas – o aproveitamento de apenas 36%, se fosse projetado em toda a competição, deixaria o time uma posição acima da zona de rebaixamento. O antecessor Lori Sandri conquistou 55% dos pontos disputados e largou o Paraná em 5.º lugar.
Barbieri justificou a derrota pela falta de penetração dos meias. ?Centralizei os dois atacantes para que os meias caíssem no costado da defesa. Mas não cumpriram o que pedi. Também faltou movimentação e tocar a bola com rapidez?, cobrou.
Contra o Internacional, quinta-feira, em Cascavel, o Paraná não terá o atacante Borges, que tomou o terceiro cartão amarelo. Como André Dias segue lesionado, o técnico terá dificuldades para montar o ataque. O Tricolor terá uma semana curta para sacudir a poeira e voltar a vencer.
Confusão, balas e feridos à saída da Arena
Depois de um período de certa calmaria, novamente um clássico paranaense registrou cenas de violência. A confusão aconteceu na saída da torcida do Paraná Clube, que entrou em confronto com seguranças do Atlético e depois com a Polícia Militar. Dois torcedores ficaram feridos, supostamente atingidos por balas de borracha – uma delas, uma menina de 15 anos, teve sérios ferimentos no rosto.
O clima começou a ficar tumultuado antes mesmo do clássico. A PM barrou os paranistas que vestiam camisas de organizadas e não liberou a entrada da bateria tricolor. O tratamento não foi o mesmo dado aos atleticanos, que puderam entrar com camisas e instrumentos. Os tricolores protestaram. ?Não houve reunião com a PM antes do clássico. Nós fomos atrás e o 13.º Batalhão informou que as camisas e a batucada estavam liberados?, reclamou o 1.º secretário da Fúria Independente, João Luiz de Carvalho, contando que os torcedores tiveram que arrumar às pressas outra indumentária para entrar no estádio.
Ao final do jogo, alguns paranistas se desentenderam com seguranças do Atlético na Rua Madre Maria dos Anjos, que dá acesso ao setor dos visitantes na Arena. De acordo com a PM, torcedores atiraram pedras contra viaturas, equipes policiais e construções vizinhas. Algumas cadeiras de plástico e os banheiros do estádio sofreram danos.
A PM interveio, e um membro da Rotam do Regimento de Polícia Montada foi acusado de disparar em direção aos tricolores. Jeferson Padilha, 20 anos, e a adolescente de 15 anos que o acompanhava foram feridos. Segundo diretores da Fúria, o casal foi atingido com tiros de borracha disparados a curta distância, e a menina teve o olho machucado. Houve corre-corre, mas logo os ânimos foram contidos. Os dois feridos foram socorridos por conhecidos.
O major Sérgio Cordeiro de Souza, comandante do policiamento no clássico, não confirmou se os ferimentos foram causados por balas de borracha ou pela queda dos torcedores no meio da confusão. ?Mas o ferimento no lábio do rapaz realmente parece ter sido causado por bala de borracha. A orientação durante tumultos é atirar em direção às pernas?, falou o oficial. Segundo o major, a adolescente não foi ferida no olho, e sim no supercílio. O policial acusado de atirar foi identificado e sua conduta será investigada.