Jogou no ataque, decepção. Jogou na retranca, sucesso. A lógica natural do futebol se inverteu no Paraná Clube. Na segunda oportunidade que o técnico Roberto Cavalo decidiu montar um time retrancado, o Tricolor venceu, sem sustos, o Brasiliense por 1×0, ontem, em Taguatinga. O resultado leva a equipe aos 35 pontos, ficando em posição intermediária na Série B.
O torcedor do Paraná nem sabia mais o que esperar. Toda a temporada foi no estilo “uma no cravo, outra na ferradura”. Era ganhar uma jogando bem e perder outra de lavada. E aí ninguém entendia mais nada.
Quem apostaria suas fichas em um time que levou quatro do Figueirense em plena Vila Capanema, e que três dias depois reformulava completamente a equipe, contando com os retornos de Luís Henrique e Davi?
Para evitar maiores sustos, o Tricolor armou uma retranca das boas. Quando não tinha a posse de bola, todos os jogadores (inclusive o centraovante Adriano) recuavam, evitando o surgimento de qualquer espaço para o Brasiliense. Assim, o Jacaré não conseguiu criar oportunidades perigosas no primeiro tempo, parando no paredão paranista.
Mas tal organização defensiva implicava na falta de ofensividade. A única chance dos visitantes em 45 minutos foi de Adriano, recebendo na entrada da área e chutando para fora.
Davi e Rafinha, que eram as esperanças de criatividade, mal pegaram na bola. Era o preço de quem cedia todo o terreno para os adversários e demonstrava um interesse nítido em garantir pelo menos um ponto em Taguatinga.
“Nossa proposta é essa. Estamos em um campo grande e enfrentando um adversário qualificado”, disse Luís Henrique, que voltava após sete meses de inatividade.
A segunda etapa prometia a vitória – pelo menos no discurso de Roberto Cavalo. “Se a gente acertar o passe, vamos fazer o contra-ataque e ganhar esse jogo”, resumiu o treinador paranista.
E não é que, com dez minutos, deu certo? Após troca de passes, a bola foi recuada para João Paulo, que chutou com força e colocação, vencendo Guto e abrindo o placar na Boca do Jacaré.
O gol tricolor obrigou o Brasiliense a se atirar ainda mais para o ataque. A pressão aumentou, mas começaram a surgir espaços para as infiltrações de Davi e Rafinha.
O cansaço obrigou Roberto Cavalo a sacar Élton, Adoniran e Davi, promovendo a reestreia de Leandro, o retorno do esquecido Rai e a entrada de mais um volante, Kleber. Era a tática do jogo contra o Ceará sendo repetida.
E o final também se repetiu – uma vitória sofrida, mas muito importante. Só que, desta vez, sem esperanças de acesso, servindo apenas para facilitar a rota de permanência na Série B.