Cobranças, apenas intramuros. Admitindo que todo o time foi muito mal frente ao São Paulo, não houve críticas direcionadas ou atribuição de culpa a esse ou aquele jogador. O Paraná Clube quer esquecer o mais rápido possível a histórica goleada sofrida no Morumbi, e para isso a fórmula está na ponta da língua de cada um dos atletas: ?É vencer o Náutico?. Ninguém admite outro resultado no duelo desta quinta-feira, contra o Timbu, às 20h30, na Vila Capanema.
Contra um concorrente direto na luta pela permanência na elite nacional, faz um jogo de seis pontos. O Paraná corre o risco, ainda, de entrar em campo já na temida zona de rebaixamento, caso Atlético Paranaense e Flamengo vençam seus jogos amanhã, contra Goiás e Figueirense, respectivamente. O desafio do Tricolor é provar dentro das quatro linhas que o 6×0 foi um ?acidente de percurso? e que o placar elástico não deixou chagas no grupo.
A derrota, em si, não alterou profundamente o planejamento da comissão técnica. Na matemática de Lori Sandri, o Paraná não pode vacilar em casa, contra Náutico e Corinthians. Jogos duros na avaliação de todos, mas uma rotina neste Brasileirão. ?Não há jogo fácil, independente se você enfrenta o líder ou o último colocado?, lembrou o capitão Beto. Frente ao Náutico, o Tricolor tenta resgatar o futebol do segundo tempo do jogo contra o Cruzeiro. Foi, na avaliação de todos, o melhor momento da equipe sob o comando de Lori. Independente do plano de jogo, é certo que o Tricolor precisa dar uma resposta ao seu torcedor, humilhado com a pior goleada da história do clube.
Se as boas atuações contra Juventude e Cruzeiro devolveram aos paranistas a confiança, o revés diante do líder do Brasileiro despertou antigos fantasmas. Mesmo avessa a projeções, a comissão técnica sabe que o Paraná precisa atingir o quanto antes uma pontuação que lhe garanta serenidade, livre da ?síndrome do rebaixamento?. Ainda mais diante da tabela da competição, que marca alguns confrontos fora de casa contra os mais diretos concorrentes, casos de Figueirense e Atlético Paranaense.
Zé Domingos é o candidato da situação no Tricolor
Agora é oficial. José Domingos Borges Teixeira será o candidato da situação para as eleições do Paraná Clube, programadas para novembro, com data a ser marcada. Uma condição definida num plebiscito entre os 33 componentes do Conselho Diretor do clube, ontem à noite. ?Precisávamos de uma definição. Como o quadro estava indefinido, optei pela saída mais democrática?, explicou o presidente José Carlos de Miranda, que sempre deixou claro que não abriria mão de indicar um candidato do seu grupo visando a continuidade do trabalho desenvolvido nos últimos quatro anos.
José Domingos obteve 55% dos votos, seguido de Aurival Correa e Márcio Villela. Como se previa, Domingos aceitou de imediato a indicação. Já Correa e Villela optaram por consultar suas bases políticas. Caso decidam pela união, seriam, respectivamente, o 1.º e o 2.º vices. ?Dei a ambos uma semana para uma posição definitiva. Espero que aceitem, pois deixei claro que minha intenção era a manutenção de todo esse conselho, mesmo que em novas funções?, comentou José Carlos de Miranda.
Caso Aurival e Márcio optem por outro caminho -, ambos tinham como meta o cargo maior no clube – o bate-chapa será o destino final nas eleições do Paraná, com pelo menos duas chapas fortes. ?Particularmente, gosto do bate-chapa. Acho salutar para o clube?, disse Miranda, indagado sobre uma possível ?dissidência? de integrantes do atual Conselho Diretor. Impedido de se candidatar à reeleição, Miranda confirmou que seu objetivo é assumir, desde que José Domingos seja eleito, a vice-presidência de futebol. Os próximos dias prometem ser agitados, nos bastidores políticos do Tricolor.
Paraná corre o risco de perder 18 pontos
Carlos Simon
Valquir Aureliano |
Náutico denunciou o Tricolor por causa do volante Batista. |
Se não bastasse a ressaca pelos 6 x 0 sofridos diante do São Paulo, o Paraná Clube pode enfrentar um enorme pepino nos próximos dias. O Náutico afirma ter protocolado denúncia contra o Tricolor pela suposta escalação irregular do volante Batista no Brasileirão. A punição de 18 pontos solicitada pelo clube pernambucano praticamente rebaixaria o time da Vila para a Série B de 2008.
Ontem, a diretoria do Náutico informou à imprensa do Recife que oficializou na sexta-feira uma queixa contra o Paraná no Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD). O Timbu disse ter recebido uma denúncia da situação do jogador, que tem atuado por força de liminar concedida pela Justiça do Trabalho desde que entrou em disputa jurídica com o Adap Galo, então dono de seus direitos federativos. No entender do Náutico, a liminar permitia que Batista jogasse apenas pelo Avaí, clube que defendeu até o mês passado, e não no Paraná. Como Batista disputou três partidas do Brasileiro (Juventude, Cruzeiro e São Paulo), os pernambucanos solicitam ao tribunal que retire 18 pontos do Tricolor.
O diretor jurídico do Náutico, Ivan Rocha, preferiu desconversar ao ser questionado pela reportagem da Tribuna. ?Ouvi esse comentário pela imprensa. De meu conhecimento, nada foi oficializado?, disse.
Já o procurador-geral do STJD, Paulo Schmitt, afirmou que não sabia de qualquer denúncia contra o Paraná protocolada no tribunal. O mesmo foi informado na secretaria da corte. Uma vez confirmada a queixa, ela passaria por avaliação da procuradoria do STJD antes de ser levada ou não a julgamento.
O vice-presidente de futebol paranista, José Domingos, também disse não ter conhecimento oficial da denúncia. Mas antecipou que o clube está tranqüilo em relação à situação do jogador. O cartola confirma que o juiz que concedeu a liminar liberou Batista para jogar no Avaí. ?Mas tanto a CBF quanto a Federação Catarinense de Futebol, que forneceu o atestado de liberação do jogador, sabiam da situação. Tanto que o nome dele foi incluído no BID?, falou. Batista aparece no Boletim Informativo Diário de 24 de agosto, com contrato em vigor até 2 de dezembro.
A LA Sports, parceira do Tricolor e que provisoriamente possui os direitos econômicos de Batista, acusa o Adap Galo de ter enviado a denúncia ao Náutico. ?Mandaram também ao Atlético-PR, Juventude e outros clubes. É uma retaliação do senhor Adílson Batista do Prado (presidente executivo do Adap) por não ter conseguido lucro com a negociação do jogador?, ataca o sócio-proprietário da empresa, Luiz Alberto Martins de Oliveira Filho. A Tribuna tentou contato com o dirigente da equipe de Maringá pelo celular, mas as chamadas não foram atendidas.
O Náutico, que coincidentemente é o adversário do Tricolor na próxima rodada, ocupa hoje a penúltima colocação do Brasileirão, com 21 pontos. Numa eventual punição de 18 pontos, o Paraná cairia para 10 e dividiria a lanterna com o virtualmente rebaixado América-RN.