Tricolor não resistiu à altitude

O Paraná Clube não conseguiu suportar 90 minutos na altitude de Potosí. A queda vertiginosa de rendimento na etapa complementar custou ao Tricolor a terceira derrota na Libertadores da América. Com o resultado, pela primeira vez o time paranaense está fora da zona de classificação às oitavas-de-final, adiando a definição do grupo para a última rodada, na próxima semana.

Bem agrupado e com toques curtos, o Paraná conseguiu quebrar o ritmo do jogo, seguindo à risca o plano tático estabelecido por Zetti. Estratégia que só não se completou porque além da altitude e da baixa temperatura, o Tricolor se deparou com um gramado ruim, o que dificultou as raras ações ofensivas do representante paranaense. Logo aos 2 minutos, Henrique disparou um tiro cruzado, fazendo o goleiro Burtovoy trabalhar. O Potosí só levou perigo em cobranças de escanteios, até 17 minutos, quando Brandan mandou a ?bomba? e Flávio espalmou.

E se os escanteios eram um problema, aos 24 minutos a situação se complicou. Numa jogada ensaiada, a bola foi alçada na área e Rodriguez se antecipou à zaga para testar no ângulo esquerdo. Apesar do gol adversário, o Paraná manteve a mesma postura e chegou ao empate 5 minutos depois. Dinelson encontrou Gérson na direita. O meia driblou seu marcador e na saída do goleiro só cutucou no canto esquerdo, empatando o jogo. O gol permitiu ao Tricolor não se aventurar tanto ao ataque, dosando energias e evitando a correria.

Mesmo com essa postura, aparententemente, o Paraná esteve a pique de virar. Aos 40 minutos, Henrique apareceu livre pela direita. Mas, ao invés de bater a gol, preferiu o toque para Dinelson, facilitando o corte do zagueiro. Nos acréscimos, em um vacilo da defesa paranista, o Real quase fez mais um, mas a bola cruzou toda a área, para alívio de Zetti e companhia. O intervalo foi apenas para a retomada do fôlego, mas o reinício da partida foi sinistro para o Tricolor. O Real Potosí conseguiu imprimir velocidade, tirando proveito de sucessivas saídas de bola equivocadas da equipe paranista.

O volume de jogo transformou-se em vantagem aos 25 minutos. O argentino Brandan, o melhor jogador da equipe boliviana, dominou na entrada da área, tirou de Toninho e bateu no alto para colocar o Real em vantagem. O quadro se complicou de vez cinco minutos depois. A defesa parou pedindo falta, Edu Monteiro não e mandou a bola no canto esquerdo do Flávio: 3×1. Com a entrada de Vinícius Pacheco, o Paraná reagiu e o atacante quase diminuiu. Mas, foi pouco. Resta ao Tricolor a vantagem de poder definir sua classificação em casa, na próxima semana, frente ao Unión Maracaibo.

Decisão da vaga será na Vila Capanema

O que parecia questão de tempo, virou drama. O resultado em Potosí custou ao Paraná a segunda colocação do Grupo 5 e na próxima semana o clube faz um jogo de vida ou morte frente ao já eliminado Unión Maracaibo, na Vila Capanema. No mesmo horário, o Real Potosí – que hoje estaria classificado -enfrenta o Flamengo, no Maracanã. A vantagem dos bolivianos está apenas no número de gols marcados, já que os clubes estão iguais no número de pontos e no saldo de gols, o primeiro critério de desempate.

O técnico Zetti reconheceu que a altitude foi fator decisivo no jogo. Isso sem contar o cansaço pela viagem. A delegação encarou – para tentar reduzir os efeitos da altitude de mais de 4 mil metros -quase três horas de estrada entre Sucre e Potosí. ?Não houve surpresa na movimentação do adversário. Tentamos nos defender para explorar os contragolpes, mas infelizmente perdemos algumas oportunidades?, analisou o treinador. ?O nosso rendimento ficou muito abaixo do normal. Usamos oxigênio antes e no intervalo do jogo. Mas, só isso não basta. É uma questão que varia muito de jogador a jogador?.

O treinador revelou que após o jogo, muitos reclamaram de tontura, vista escurecendo e indisposição estomacal. ?É algo complicado para um atleta. Tentamos fechar o meio-de-campo, mas não foi o suficiente. Tive que administrar acima de tudo esse desgaste de muitos jogadores?, analisou. Para Zetti, em Curitiba a história será diferente. ?É claro que o jogo será difícil. Mas, em casa nossa postura é outra. Talvez até com o Josiel, para dar mais força ao ataque?.

Para o zagueiro João Paulo, não se pode tirar o mérito do Real, que não venceu apenas pela altitude. ?Eles tiveram qualidade. Particulamente, demorei um pouco para pegar o esquema da respiração. Depois, foi tranqüilo?, disse. Reação diferente da de Gérson, que pediu substituição antes da metade do segundo tempo. ?No intervalo, já tive ânsia de vômito. Essa náusea voltou no segundo tempo e não consegui continuar em campo?, disse o autor do único gol tricolor na Bolívia. A delegação do Paraná, que retornou ontem a Sucre, volta hoje ao Brasil, chegando a Curitiba no início da noite. Às 22h já começa a concentração para os atletas, visando o clássico de amanhã, frente ao Coritiba, valendo a primeira colocação do Grupo A, do Estadual.

COPA LIBERTADORES DA AMÉRICA
2a FASE – 5a RODADA
SÚMULA
Local: Mario Mercado Vaca Gusmán (Potosí).
Árbitro: Ricardo Grance (PAR).
Assistentes: Manuel Bernal (PAR) e Óscar Viera (PAR).
Gols: Rodriguez a 24? e Gérson a 29? do 1o tempo. Brandan a 25? e Edu Monteiro a 30? do 2o tempo.
Cartões amarelos: Marco Paz, Lider Paz e Yecerotte (Real). Gérson e Joelson (Paraná).

REAL POTOSÍ  3×1 PARANÁ CLUBE

REAL POTOSÍ
Burtovoy; Gatty Ribeiro (Aguilera), Eguino, Marco Paz e Rodriguez (Lider Paz); Colque, Calustro, Suárez e Brandan; Peña (Yecerotte) e Edu Mondeiro. Técnico: Mauricio Soria.

PARANÁ
Flávio; Daniel Marques, Toninho e João Paulo; Goiano (Vinícius Pacheco), Xaves, Beto, Gérson (Alex) e Egídio; Dinelson (Joelson) e Henrique. Técnico: Zetti.

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