Tricolor foi melhor, mas não conseguiu balançar as redes

Teve clima ensolarado, preliminar com ídolos do passado e estádio cheio. Todos os ingredientes estavam prontos para uma grande festa no Pinheirão, mas o Paraná não conseguiu oferecer a seu torcedor o prato principal: uma vitória sobre o Vasco. Embora não tenha feito grande partida, o Tricolor criou as melhores oportunidades -incluindo um pênalti desperdiçado por Borges -, mas não conseguiu sair do 0 x 0. Assim, a equipe paranista encerra o primeiro turno do Campeonato Brasileiro na terceira colocação, com 37 pontos, dois a menos que o líder Corinthians.

O jogo provou que o Paraná encontra dificuldades contra times retrancados, como se comportou o Vasco na tarde de ontem. A equipe de Lori Sandri afunilou demais as jogadas, sempre à procura do bem marcado Borges. Errou muitos passes, também por culpa do gramado irregular do Pinheirão. Mostrou-se improdutivo na articulação, pois Thiago Neves, principal encarregado desta função, não dava seqüência às jogadas. E falhou nos arremates – André Dias, outro que não estava em tarde inspirada, perdeu duas ótimas chances.

As dificuldades foram maiores no primeiro tempo, quando o Paraná enroscou-se na marcação vascaína e pouco criou. Ainda assim, uma jogada individual de Borges produziu a melhor chance tricolor na partida. Mas o artilheiro da equipe chutou o pênalti para fora, aos 16 minutos.

Mesmo atuando contra uma defensiva pesada e desentrosada – o Vasco estreava os zagueiros Fábio Braz, de fraca passagem pelo Paraná em 2003, e o chileno Vergara – o Tricolor não conseguia obter vantagem no ataque. Tanto que o técnico Lori Sandri pediu mais ?atitude? do time na saída para o intervalo.

A cobrança gerou algum efeito, já que o Paraná voltou com um pouco mais de disposição para a segunda etapa. Depois de um gol anulado de Neto, aos 9 minutos, e algumas boas jogadas ofensivas, os 24 mil torcedores – recorde de público do Tricolor neste Brasileiro -empurraram o time para cima do Vasco. Os laterais, em especial Vicente, apoiaram com mais freqüência e as chances foram aparecendo.

Mas aí os erros ocorreram nas finalizações. André Dias chegou a desperdiçar com o goleiro Roberto já batido, depois de um chute na trave de Borges. Do outro lado, o Vasco trazia algum perigo nos contragolpes com o ágil Alex Dias. Sorte que Romário, lento e pouco disposto, passou quase despercebido.

No final, Silva, do Vasco, ainda tentou dar uma mãozinha, cabeceando contra o patrimônio. Mas a bola explodiu na trave de Roberto, provando que a tarde não era tricolor.

Lori traça novas metas pro segundo turno

Um dos principais candidatos ao rebaixamento, conforme a maioria das previsões anteriores ao Brasileiro, fechou o primeiro turno em terceiro lugar. Apesar do resultado inesperado diante do Vasco, o Paraná comemorou o ótimo desempenho na primeira metade do campeonato e traçou suas metas para o turno decisivo.

Os 37 pontos conquistados espantam o risco de descenso e fazem o próprio Lori Sandri mudar lentamente o discurso de extrema cautela. Embora tenha voltado a citar os 48 pontos como meta para livrar-se de qualquer perigo, o técnico começa a expor planos mais ousados. ?Realmente foi além do que se esperava, mas não estamos satisfeitos. Digo para meus meninos que quem tiver média de dois pontos por jogo, como fizemos nas últimas rodadas, será campeão?, falou o treinador, lembrando a invencibilidade de nove jogos – maior série invicta do clube em campeonatos brasileiros, igualando as marcas obtidas entre 1995 e 96 e em 2003. ?O campeonato começa de novo para nós. Daremos um passo de cada vez para chegarmos aos nossos objetivos?, falou o zagueiro Daniel Marques, que novamente teve boa atuação.

Sobre o jogo de ontem, o treinador disse que o Paraná não fez má partida. ?Jogamos toda hora em cima do Vasco?, falou Lori, que reclamou mais uma vez do gramado ruim do Pinheirão.

O Tricolor começa contra o Goiás, quarta-feira, no Serra Dourada, uma seqüência de cinco partidas fora de casa -contando os jogos com São Paulo e Palmeiras em Maringá. Em Goiás, o Paraná não terá o lateral-esquerdo Vicente, que tomou o terceiro amarelo.

?Velhinhos? tricolores dão show no Pinheirão

Antes do jogo de ontem, a torcida tricolor que lotou o Pinheirão pôde matar saudades de velhos ídolos do passado. O time de másteres do Paraná Clube fez sua quarta apresentação na temporada – a primeira na preliminar de um jogo do Brasileiro – e goleou sem dificuldades o Clube Esportivo Alvi-Rubro de Gravataí (RS), por 8 a 1.

Com alguns quilos ou cabelos brancos a mais, desfilaram no Pinheirão jogadores que marcaram época com a camisa tricolor, como os zagueiros Marcão, Castro e Edinho Baiano, os meias Ney Santos e Neguinho e os atacantes Saulo e Caio Júnior. Também participaram ex-atletas dos times precursores do Paraná Clube, como Ary Marques e Caxias (ex-Colorado) e Renato e Ademir Alcântara (ex-Pinheiros).

Mais do que divertir, a montagem do time máster tem como objetivo aproximar os ex-craques paranistas da torcida. ?São atletas que tiveram uma história no clube. Eles não podem perder sua identidade conosco nem ficarem esquecidos?, disse o relações-públicas Luiz Carlos Casagrande, o ?Casinha?, um dos responsáveis pela idéia e também o técnico do time.

Os gols dos ?velhinhos? tricolores foram marcados por Saulo (2), Caio Júnior (2), Neguinho (2), Ademir Alcântara e Castro. ?É uma bonita iniciativa da diretoria. O que mais vale são as recordações dos bons tempos?, falou Saulo, maior artilheiro da história paranista. Nas exibições anteriores, o máster do Paraná venceu os combinados de São Bento do Sul (SC), Guaratuba e Morretes.

Campeonato Brasileiro

Súmula
Local: Pinheirão
Público: 23.185 pagantes (Total: 24.035)
Cartões amarelos: Thiago Neves, Marcos, Rafael Muçamba, Flávio Alex e Vicente (P), Fábio Braz, Vergara e Fernandinho (V)
Árbitro: Rodrigo Martins Cintra (SP)
Assistentes: Ana Paula da Silva Oliveira (FIFA-SP) e Maria Elisa Correia Barbosa (SP)

Paraná 0x0 Vasco

Paraná – Flávio; Daniel Marques, Marcos e Aderaldo; Neto (Wellington Paulista), Rafael Muçamba, Beto, Thiago Neves (Flávio Alex) e Vicente; André Dias e Borges. Técnico: Lori Sandri

Vasco – Roberto; Claudemir, Fábio Braz, Vergara e Diego; Ygor, Osmar (Silva), Abedi e Fernandinho (Robson Luiz); Romário e Alex Dias. Técnico: Renato Gaúcho

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