O Paraná Clube fez neste ano a sua melhor campanha em um Campeonato Brasileiro. A 10.ª colocação não é bem uma novidade, pois em 93 o clube chegou a esta posição. Mas, há vários aspectos que dão um peso muito mais significativo ao desempenho do Tricolor na atual temporada. O mais importante deles fica por conta da conquista de uma vaga na Copa Sul-Americana, garantia de um calendário mais atrativo e de novas fontes de arrecadação.
Há dez anos, a competição tinha uma fórmula completamente diferente. O Paraná terminou em 10.º, mas sequer enfrentou os times de maior expressão. Pelos “formulismos” do passado, o Tricolor ficou relegado ao grupo dos “pequenos” e só não avançou no torneio porque esbarrou no Vitória (em dois empates), que viria a conquistar o vice-campeonato. Desta vez, a colocação do clube é incontestável. Só não foi ainda melhor devido a imprevistos e a constante falta de recursos para maiores investimentos.
Apostando na política do “bom e barato”, o Paraná iniciou a competição com Cuca no comando técnico. Suas indicações e uma pesquisa de campo dos dirigentes determinaram a montagem de um grupo competitivo, responsável pelo “resgate moral” do Tricolor. A força do elenco superou até as sucessivas mudanças de treinador. Após a ida de Cuca para o Goiás, a aposta foi em Adílson Batista. Quando este pediu demissão por não aceitar algumas imposições da diretoria, Saulo de Freitas assumiu “interinamente” o time.
Talvez aí tenha ocorrido o grande erro de avaliação dos dirigentes. Saulo fez um bom trabalho na reta final do primeiro turno, mas ao iniciar a nova etapa, com duas derrotas, foi afastado. Edu Marangon “naufragou” e deixou a nau tricolor à deriva. Sem o incômodo rótulo de interino, Saulo voltou para reconduzir o Paraná a uma posição de destaque. Sob a nova direção, foram conquistados 26 dos 42 pontos disputados, totalizando aproveitamento de 61,9%. O time voltou a jogar “com alegria”, fazendo valer a sua ótima condição ofensiva.
Além de terminar o ano com o vice-artilheiro do Brasileirão Renaldo, com 30 gols, o Paraná atingiu o “status” de terceiro melhor ataque da competição, com 85 gols. É o melhor desempenho ofensivo do clube de todos os tempos, com média de 1,85 gol/jogo.
Último capítulo com final feliz
O Paraná Clube fez a lição de casa, passou pelo Vitória e fechou com chave de ouro sua participação no Brasileirão-2003. O resultado colocou o Tricolor na Copa Sul-Americana do ano que vem, sua segunda competição internacional (em 1998, o clube participou da Copa Conmebol), e levou o time à 10.ª posição, igualando o feito de 93, até hoje a melhor colocação do Paraná.
Sem o mesmo ímpeto de jogos anteriores, o Paraná Clube procurou valorizar ao máximo a posse de bola na tentativa de envolver o Vitória. A primeira chance só ocorreu aos 9 minutos, com Ageu batendo uma falta da intermediária. Uma “bomba” que Juninho espalmou pela linha de fundo. Destaque negativo para o assistente Émerson Augusto de Carvalho, que marcou três impedimentos inexistentes, pois os atacantes do Tricolor estavam na mesma linha da zaga baiana.
Foi então que entrou em cena o volante Fernando Miguel. Fugindo às suas características, ele foi à frente e de fora da área mandou um “balaço”. A bola bateu no travessão e dentro do gol. Renaldo, na sobra, confirmou, mas o “bandeira” acertou ao confirmar para Miguel o golaço, aos 15 minutos. A vantagem fez o Paraná exagerar na troca de passes. O Vitória se aproveitou e Samir teve a chance de empatar, aos 29 minutos, mas Fernando Miguel chegou a tempo de tocar a bola para escanteio.
Sem fazer muita força, o Paraná ampliou. Marquinhos, em uma falta na intermediária, levantou a bola na cabeça de Renaldo. O artilheiro tocou com precisão para encobrir Juninho e marcar seu 30.º gol no Brasileirão. No final, Marquinhos poderia ter ampliado, mas pecou duplamente. Não fez a assistência para Renaldo e tocou com muita força ao tentar um “gol de placa”, encobrindo Juninho, mas também o travessão.
Na fase final, o Vitória -mesmo só cumprindo tabela -foi presa fácil e o Paraná só pecou nas finalizações. O time tentou jogar em função de Renaldo, mas os gols não aconteceram. O artilheiro embarca ainda esta semana para a Coréia do Sul, onde assina contrato com o Anyang-LG, mas leva na bagagem a vice-artilharia do Brasileirão-2003. Ele bem que tentou melhorar a marca, mas parou em Juninho. Aos 6 minutos, Renaldo recebeu de Marquinhos, tirou Alex Silva da jogada e bateu para a defesa do goleiro do Vitória.
O Tricolor ainda reclamou de duas penalidades máximas, uma sobre Marquinhos, outra sobre o próprio Renaldo, mas o árbitro paulista Paulo José Danelon nada marcou. O goleador paranista tentou de cabeça mais duas vezes, mas errou o alvo aos 22 minutos e aos 32 Juninho mostrou reflexo para impedir o 31.º gol de Renaldo. Nada que impedisse a festa da galera tricolor, com a conquista da vaga à Sul-Americana.
Bola sai de cena e entra em campo a urna
A semana do Paraná será atípica. Saem de cena os craques que devolveram a alegria aos torcedores (apesar da média ruim de público no Brasileirão) e “entram em campo” os candidatos à presidência do clube. Pela primeira vez os sócios irão eleger o dirigente que definirá os rumos do Tricolor nas duas próximas temporadas. José Carlos de Miranda e José Alves Machado disputam voto a voto a preferência dos seis mil associados.
A eleição será na próxima sexta-feira, das 8h às 20h, tendo direito a voto todo sócio titular maior de 18 anos e em dia com o clube, com mais de um ano de vinculação. Antes do pleito, a atual diretoria ainda promove uma festa de despedida do grupo que garantiu a presença do Tricolor em sua segunda competição internacional.
A festa será hoje à noite, na sede da Kennedy, com a presença de todos os jogadores. O convite custa R$ 40,00.