Tricolor falha na defesa e perde para o Santos

A vitória não veio, muito pelo contrário. O Paraná foi a Santos pensando em pelo menos ganhar um ponto – e, se desse, ganhar o jogo. Mas uma falha individual fez com que toda a planificação do técnico Gilson Kleina fosse por água abaixo. E o Santos ganhou ontem na Vila Belmiro por 2×0, deixando o Paraná parado na 12.ª colocação do Campeonato Brasileiro, e a apenas três pontos da zona de rebaixamento. Foi a quinta partida tricolor sem vitória.

Para os paranaenses, havia uma grande expectativa: como renderia o Tricolor em Santos? Gilson Kleina fez treino secreto, afirmou ter estudado todas as variações táticas do time de Vanderlei Luxemburgo, garantia estar preparado para todas as possibilidades da partida. Confiando na palavra do técnico, podia-se imaginar uma atuação de gala dos visitantes no Urbano Caldeira.

A idéia inicial do Paraná foi a de confundir a marcação dos donos da casa. Na frente, movimentação constante de Josiel, Vandinho e Vinícius Pacheco – mas com maior presença pelo lado direito, tentando aproveitar as brechas que Carlinhos e Kléber abriam. Na defesa, os três zagueiros ganhavam a ajuda dos três volantes e de Léo Matos (o Tricolor entrou no jogo sem lateral-esquerdo), formando um ?cinturão central?, que buscava evitar as trocas rápidas de passes entre Pedrinho, Marcos Aurélio e Kléber Pereira.

Tudo corria bem. Chegava a ser irritante a troca de passes entre os zagueiros e volantes do Santos. Bola pra lá, bola pra cá, vira o jogo de um lado para o outro, e nada acontecia. Não havia meio do Peixe encontrar espaço para a criação de jogadas. Ao mesmo tempo, o Paraná não criava nenhuma jogada – os três homens de frente ficavam distantes de Beto e Adriano, que tinham a incumbência de chegar mais à frente. Josiel, nesses últimos jogos, poderia até posar de Cavaleiro Solitário.

O jogo era amarrado, complicado. Se nada de diferente acontecesse, o resultado estava definido -seria um sonolento 0x0. Mas Serginho resolveu tentar um toque de calcanhar a três passos da área. ?Eu tentei tirar a bola?, disse o volante. Claro que o passe deu errado. ?Uma coisa grotesca?, reclamou Gilson Kleina. Rodrigo Souto roubou e tocou para Baiano, que aos 37 minutos, rolou para Marcos Aurélio abrir o placar na Vila. A única chance tricolor surgiu depois do gol santista, mas Léo Matos mandou longe do gol de Fábio Costa.

A falha no lance do gol abreviou o caminho de Serginho no jogo – e pode ter sido um de seus últimos atos com a camisa tricolor, principalmente por causa da reação de Kleina. Márcio Careca entrou em seu lugar, acertando a defesa. Mesmo assim, e mesmo com mais motivação, o Paraná não conseguia chegar ao gol de Fábio Costa.

Só chegou quando Éverton e Joelson entraram na partida, e aí o Tricolor saiu com tudo. Em três minutos, foram duas chances – primeiro, com Josiel acertando o poste; depois, com Léo Matos obrigando Fábio Costa a fazer uma linda defesa. Só que era pouco para quem queria vencer o Santos na Vila. E o golpe de misericórdia veio aos 46 minutos, em um belíssimo gol do incendiário Kléber Pereira. E agora, Paraná?

Desânimo geral no vestiário e muita cobrança

?Nós entregamos o jogo?, disse Luís Henrique. ?Estamos cansados de entregar as partidas?, completou Josiel. Duas declarações que dão o tom do ânimo (ou do desânimo) do elenco do Paraná Clube após a derrota para o Santos por 2×0, ontem. Um grupo entristecido, preocupado com o atual momento do time, e que – mesmo involuntariamente – acaba se acusando mutuamente pela falta de vitórias.

?Eu tive a oportunidade, mas o Vandinho acabou me atrapalhando e eu acertei a trave?, afirmou Josiel após a partida. Logo depois, o artilheiro do Campeonato Brasileiro diminuiu o tom amargo. ?Isso acontece. Quando um erra, todos erram. Perdemos juntos?, comentou o centroavante.

E foi Josiel quem tentou levantar o astral de Serginho ainda no intervalo, quando este tinha o mundo caindo na sua cabeça. Um afago no rosto do volante foi a tentativa do camisa 9 tricolor para animar o companheiro, que deve ser colocado em disponibilidade hoje. ?É que a gente precisa reagir o quanto antes?, resumiu o atacante.

Mas era difícil esconder o desânimo e a irritação. ?Erramos no primeiro tempo e sofremos um gol. Aí, tentamos buscar o gol e o nosso professor (Gilson Kleina) mexeu para tentar o empate. Não fizemos, e quem não faz, toma?, comentou o zagueiro Nem, o melhor jogador do Paraná na Vila Belmiro.

Gilson Kleina relembrou da falha de Serginho, mas preferiu reclamar da arbitragem. ?Nossa diretoria tem que abrir o olho porque a arbitragem contra o Paraná está demais?, atirou o treinador paranista, que também lamentou a falta de opções. ?Você vê o Santos, com o Petkovic, com o Tabata, e vê a nossa situação?, resumiu.

O treinador disse não se sentir pressionado e também garantiu que o esquema planejado era o certo. ?A estratégia era boa, mas aconteceu um fato inusitado. Nós tocamos uma bola de calcanhar na nossa área. O Paraná está no seu limite para as coisas acontecerem?, finalizou.

O vice-presidente José Domingos Borges Teixeira minimizou o mau momento e defendeu Kleina. ?Ele ainda não teve tempo de trabalhar. São jogos seguidos. Jogamos hoje (ontem) contra o Santos e agora tem domingo o Vasco. É claro que queremos resultados, o Gilson quer, a torcida também quer?, disse o dirigente, que deixou no ar um possível limite para a paciência da diretoria. ?No segundo turno, vamos ter mais tempo e talvez as coisas melhorem?, finalizou.

Problemas

Para complicar ainda mais o caminho tricolor, são três desfalques para a partida de domingo, às 18h10, contra o Vasco, na Vila Capanema. Josiel, Adriano e Daniel Marques levaram o terceiro cartão amarelo e estão fora da partida.

CAMPEONATO BRASILEIRO

1º turno – 18ª rodada

SANTOS 2×0 PARANÁ CLUBE

SANTOS

Fábio Costa; Baiano, Adaílton, Domingos e Carlinhos; Rodrigo Souto, Dionísio (Adriano, 14 do 2º), Pedrinho (Petkovic, 16 do 2º) e Kléber; Marcos Aurélio (Rodrigo Tabata, 35 do 2º) e Kléber Pereira.

Técnico: Vanderlei Luxemburgo

PARANÁ

Flávio; Daniel Marques, Nem (Éverton, 22 do 2º) e Luís Henrique; Léo Matos, Beto, Adriano (Joelson, 29 do 2º), Serginho (Márcio Careca, intervalo) e Vinícius Pacheco; Vandinho e Josiel.

Técnico: Gilson Kleina

SÚMULA

Local: Vila Belmiro (Santos-SP)

Árbitro: Gutemberg de Paula Fonseca (RJ)

Assistentes: Marcos Tadeu Peniche Nunes (RJ) e Wagner de Almeida Santos (RJ)

Gols: Marcos Aurélio 37 do 1º; Kléber Pereira 46 do 2º

Cartões amarelos: Kleber (SAN); Adriano, Serginho, Josiel, Daniel Marques, Éverton, Joelson (PR)

Renda: R$ 56.701,00

Público: 5.602 pagantes

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