Tricolor e Coxa buscam vitória no clássico

Um clássico em alta voltagem promete sacudir a Vila Capanema esta noite.
A partir das 18h15, Paraná e Coritiba medem forças com um objetivo em comum: dar um bico na crise e iniciar uma nova arrancada no Paranaense 2008.

A situação do Tricolor é, sem dúvida, muito mais delicada. A derrota em casa para o Iraty, no último domingo, custou o cargo do técnico Saulo de Freitas e deixou o time fora da zona de classificação. Na estréia de Paulo Bonamigo, precisa urgentemente da vitória, para aliviar o clima na Vila e não se afastar do grupo dos oito primeiros.

O Coxa está melhor na tabela, venceu o Paranavaí na última rodada, mas também vive um momento difícil. Ainda não conseguiu apresentar um futebol convincente este ano, amargou alguns tropeços em casa e vê o rival Atlético cada vez mais longe na liderança.
A instabilidade já gera contestações ao técnico Dorival Júnior, que pode balançar caso o time perca o segundo clássico na temporada.

Num jogo de tanta pressão, os dois times têm em garotos revelados em casa suas principais apostas. No Paraná, Everton, Giuliano e Jéfferson têm a missão de balançar as redes.
No Coritiba, a bola está com Rodrigo Mancha, Pedro Ken, Keirrison, Marlos e Renatinho.

O Tricolor também joga contra um tabu: há dois anos não consegue superar o rival. A última vitória foi no dia 19 de fevereiro de 2006, quando fez 3 a 0, no Pinheirão. Desde então, quatro clássicos foram disputados, com três vitórias alviverdes e um empate. No último encontro, em abril de 2007, o Coxa venceu por 3 a 1, na Vila.

A seqüência fez o Coritiba assumir a supremacia histórica no confronto, que durante anos pertenceu ao Tricolor. Em 82 jogos, são 29 vitórias do Coxa, 28 do Paraná e 25 empates.

O clássico de número 83, em meio à monótona primeira fase do estadual, tinha tudo para ser um encontro de poucos atrativos. Mas com tanta coisa em jogo, o melhor para o torcedor é ir à Vila Capanema, ajudar o time a dar a volta por cima e mandar a crise para a casa do rival.

Bonamigo leva vantagem no duelo com Dorival Júnior 

No duelo das pranchetas, Paulo Bonamigo está em vantagem sobre Dorival Júnior. Como treinadores, os dois se enfrentaram no ano passado, pela Copa Sul-Americana, e o novo técnico tricolor levou a melhor, eliminando o time do colega alviverde.

Na ocasião, quem vestia verde e branco era Bonamigo. Ele comandava o Goiás, que superou o Cruzeiro de Júnior no torneio internacional.

?Nós vencemos no Serra Dourada por 2 a 0, perdemos no Mineirão por 1 a 0 e seguimos em frente na competição?, recorda Bona.

Os dois técnicos também foram contemporâneos como jogadores.

?Em alguns jogos tivemos a possibilidade de jogar contra. Mas não tenho muitas lembranças, porque jogamos em estados diferentes. Eu fiz quase toda minha carreira no Sul?, diz Bonamigo, que viveu seus melhores momentos com a camisa do Grêmio.

Mas se não lembra muito bem do jogador, Bona é só elogios para o técnico Júnior. ?Tenho acompanhado muito a carreira do Dorival e visto o crescimento profissional dele. É um dos grandes técnicos que o futebol brasileiro tem hoje, sempre com equipes muito organizadas e com uma dinâmica de jogo muito interessante?, avalia.

Maior goleada foi com Bonamigo no comando

Paulo Bonamigo tem boas recordações dos clássicos contra o Coritiba. Em sua primeira passagem pelo Paraná, o treinador enfrentou cinco vezes o Coxa, com duas vitórias, duas derrotas e um empate.

Os números são equilibrados, mas sob o comando de Bonamigo o Tricolor teve mais alegrias que o rival.

No Paranaense de 2001, eliminou o Alviverde nas semifinais (derrota de 2 a 1 no Couto Pereira e vitória por 3 a 1 no Pinheirão) e fez a final com o Atlético. O Furacão ficou com o título.

Mas a maior alegria foi no dia 6 de abril de 2002, pela Copa Sul-Minas.

Em uma tarde perfeita para os paranistas, a Vila Capanema quase foi abaixo quando o Tricolor massacrou o Coxa por 6 a 1, na maior goleada da história do clássico.

Clássico é da gurizada

Muita raça, garra e superação. A velha receita é mais uma vez a principal arma do Paraná para encarar o Coritiba esta noite. Paulo Bonamigo, que chegou na última quinta-feira, quer ver o time compensar com força de vontade o pouco tempo de trabalho.

Bonamigo teve apenas dois dias para montar o time para o clássico. Por isso, e pela falta de opções no elenco, o técnico faz poucas alterações em relação ao time de Saulo de Freitas.

Mas o dedo do novo treinador já pode ser notado na escalação do Tricolor.

Pela primeira vez, os garotos Everton, Giuliano e Jéfferson começam uma partida jogando juntos. O meia Everton, que figurava no banco com Saulo, finalmente ganhou a posição, já que Cristian está machucado e ficará pelo menos quatro semanas afastado.

Outras duas mudanças são os retornos de dois conhecidos da torcida. No meio-campo, o volante Beto deve ganhar um lugar ao lado de Jumar e Everton. Na zaga, João Paulo está de volta, formando o trio com Luís Henrique e Leonardo Dagostini.

Bona, porém, prefere não confirmar a escalação.
?Eu tenho uma dúvida de ordem clínica. O Beto está voltando depois de um período longo.
O Léo, está administrando uma tendinite que vem aparecendo.
E tem também o Jumar.
Dos três, jogam dois?, diz o treinador.

A chance de começar o clássico como titulares não assusta os garotos da Vila. ?Estamos acostumados a pegar os moleques no Coxa no júnior e no juvenil. Agora é no profissional. Jogando em casa, acho que vai dar a gente?, aposta Everton.

Giuliano também está ansioso para encarar o rival como titular da equipe principal. ?Nós nos conhecemos desde a base. Estamos tranqüilos, para fazer o melhor papel possível. Agora é confiar no talento do Everton e do Jéfferson, no potencial de cada um e ir em busca da vitória contra o Coxa?, afirma.

Como a torcida vinha pedindo, Giuliano deve atuar um pouco mais recuado em relação aos últimos jogos, quando vinha formando o ataque ao lado de Jéfferson. ?Vamos jogar com dois meias-atacantes. Eu e o Everton estaremos chegando mais de trás, jogando mais no meio de campo. Vamos municiar o Jéfferson e partir para cima para tentar fazer os gols?, avisa.

Mas para Bonamigo, o mais importante será o empenho dos atletas em busca de um triunfo. ?Temos que ter consciência que precisamos da vitória. Entrar com uma raça e disposição fora do comum e acima de tudo confiantes. Só assim, na superação, poderemos vencer?, conclui o novo comandante tricolor.

Dorival Júnior exige mais dos jogadores

Foto: Daniel Derevecki

Técnico alviverde rasga elogios a Bonamigo, mas quer a vitória hoje contra o Paraná.

Da parte de Dorival Júnior, elogios é que não faltam para descrever o trabalho e a personalidade de Paulo Bonamigo, rival de hoje à noite na Vila Capanema. Adversários dentro das quatro linhas nos tempos de boleiros e no banco de reservas na nova profissão, eles voltam a se encontrar hoje, mas o treinador do Coritiba não quer dar moleza para a motivação extra que o Paraná Clube pode ter com o treinador apresentado na quinta-feira. Por isso, o comandante alviverde não se cansa de exigir mais dos jogadores, ampliando os horários dos treinamentos e corrigindo as falhas das partidas anteriores.

?Naturalmente, nós já temos as nossas preocupações pela importância da partida e pelo adversário, mas precisamos ter consciência que você tem que se preparar mais e mais e ficar bem focado porque a necessidade também é grande e nós ainda não temos uma equipe equilibrada e que mantenha uma regularidade?, avisa Júnior. Segundo ele, o adversário estará mais motivado com a troca de comando. ?É lógico que é uma motivação a mais para um clássico como este, e espero que o Coritiba se prepare ao extremo porque a necessidade de vencer também é grande?, aponta.

E a vitória terá que vir diante de Bonamigo. ?Já tive algumas oportunidades de trabalhar contra o Paulo, como jogador ele teve uma carreira exemplar, muito competente, sério. Agora, fazendo trabalhos importantes e ele é uma das boas realidades do futebol brasileiro, uma pessoa séria e que tem capacidade para enfrentar grandes desafios?, elogia. Por isso, o respeito pelo colega de profissão. ?O Paulo é um profissional que faz parte de uma geração que está tentando se estabelecer, assim como nós. É um profissional muito competente e sinto muito pela saída do Saulo?, destaca.

Time

Na equipe, a dúvida fica por conta do aproveitamento ou não do meia Pedro Ken. ?Em razão da falta do Pedro nos dois últimos treinamentos, provavelmente a equipe que nós iniciaremos o clássico será essa que treinou?, analisa Júnior. E a equipe que treinou teve Gilberto Flores na ala-direita e um meio-de-campo bastante criativo com Douglas Silva, Marlos e Renatinho. No ataque, Henrique Dias e Keirrison. No restante, nenhuma alteração.

Estaleiro – O lateral-direito Dick fez uma pequena corrida, mas sentiu dores no tornozelo direito e voltou para o tratamento. Dificilmente ele irá ter condição de enfrentar a Tuna Luso na quarta-feira, pela Copa do Brasil.

Finalmente – O atacante Thiago Silvy apareceu ontem no CT da Graciosa e iniciou a bateria de testes antes da assinatura de contrato. O departamento médico aprovou a condição atlética e só aguarda agora os exames cardíacos para avalizar a contratação. O atleta veio do Sertãozinho, que ficará com o atacante Hugo. Este, por sinal, já viajou para o interior de São Paulo para se apresentar ao novo clube.

Consulta – O empresário de Silvy, o ex-volante Hélcio Alisk, aproveitou a passagem pelo CT do Coxa, ontem, para conversar com o médico Willian Yousef sobre um problema no braço.

Ampliação – O Centro de Treinamento Bayard Osna vai ganhar, em breve, uma capela.
A construção está a todo vapor e vai ampliar a área construída do Coritiba no local.

Esgotados – Os ingressos colocados à disposição da torcida do Coritiba acabaram ontem pela manhã. A carga de 2,1 mil foi toda negociada e a torcida garantiu assim lotação completa no espaço destinado aos visitantes na Vila Capanema.

2008 começou muito bem pro volante

Foto: Arquivo

Rodrigo Mancha desbancou os titulares do ano passado e não sai do time desde a primeira rodada do Paranaense.

Ele é o cara! De uma temporada quase jogada fora e pouco utilizado pelos treinadores que passaram pelo Alto da Glória, 2008 tem sido o ano do volante/zagueiro Rodrigo Mancha. Titular nas oito primeiras rodadas, o curitibano revelado nas categorias de base do Coritiba já soma 720 minutos sem sair da equipe. Ou seja, não foi substituído em nenhuma partida e ainda deixa no banco ex-titulares como Veiga e Careca. Por isso, o jogador encara mais esse clássico como uma prova de fogo. E sem lesões e mais magro, ele já projeta uma boa sequência para o restante da temporada.

?A gente trabalha para isso, sempre buscando a titularidade com o professor (Dorival) Júnior e como ele mesmo diz no Coritiba não tem titular absoluto, mas vamos buscar o nosso espaço?, analisa Mancha, de 21 anos. De acordo com ele, a boa fase vem dos cuidados que teve nas férias e da boa pré-temporada. ?Isso é fruto do trabalho. Desde as férias eu venho me cuidando, até porque o começo de 2007 não foi muito bom. Voltei acima do peso. Este ano foi totalmente diferente, estou voltando com ritmo, bem e isso facilitou para esta fase em que eu estou agora prevalecesse sobre o ano passado?, justifica.

Ele explica que depois de despontar em 2006, acabou se machucando no final do ano e perdeu a forma física. ?Entrei de férias machucado e não deu nem para jogar aquelas famosas peladas, malhar, não deu para fazer nada e voltei acima do peso?, revela. Agora, mais fino e ágil, Mancha tem se destacado tanto no meio quanto na defesa.

?O que o professor precisar, estou disposto a fazer o melhor pelo Coritiba.

Ele só procura passar o posicionamento porque ele vê de fora?, diz o dono da camisa 5.

Se o retrospecto dele prevalecer no confronto contra o Tricolor, tem tudo para comemorar mais uma vitória. ?Desde a base, contra o Paraná sempre me dei bem. Inclusive no Campeonato Paranaense do ano passado fiz dois gols e saímos com a vitória do Couto Pereira?, destaca. Mesmo assim, ele pede cuidados com o adversário, que está em crise e acabou de trocar de treinador. ?Independente da situação do Paraná estamos preocupados com o nosso time no decorrer da partida e vamos tentar impor nosso ritmo de jogo para sair de lá com um bom resultado?, finaliza Mancha.

Paraná x Coritiba

Paraná

Fabiano Heves; Luís Henrique, João Paulo e Leonardo Dagostini; Goiano, Jumar, Beto (Léo), Everton e Daniel Cruz; Giuliano e Jeferson.

Técnico: Paulo Bonamigo.

Coritiba

Edson Bastos; Rodrigo Mancha, Jéci e Nenê; Pedro Ken (Gilberto Flores), Douglas Silva, Marlos, Renatinho e Rubens Cardoso; Henrique Dias e Keirrison.

Técnico: Dorival Júnior.

Local: Vila Capanema

Horário: 18h15

Árbitro: Heber Roberto Lopes.

Auxiliares: Rubens Berton e Francisco Aurélio do Prado.

Ingressos para a torcida do Paraná: Reta do relógio, curva norte, proprietários de camarotes e proprietários de cadeiras, R$ 10; arquibancada social, R$ 20 e cadeira, R$ 30. Mulheres, crianças, estudantes e idosos pagam meia.
Ingressos para a torcida do Coritiba: esgotados.
TV: Premiere – Canal 125 da NET.

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