Não tinha altitude, nem clima desértico, nem mesmo o calor que ameaçava fazer – o jogo foi disputado sob a agradável temperatura de 27 graus. Assim valeu só o futebol, e o Paraná Clube foi demais para o Unión Maracaibo. Comandado pelo endiabrado Dinelson, o Tricolor passou por cima do time venezuelano por 4 a 2 no Estádio Jose Pachencho Romero e emplacou a primeira vitória brasileira na fase de grupos da Libertadores.
Já é líder do grupo 5 e deu um grande passo para a classificação às oitavas-de-final.
O Unión Maracaibo não marcava sob pressão e tomava grande cuidado defensivo, respeitando o representante brasileiro.
Desta forma, os paranistas se impuseram na partida, atazanando a saída de bola adversária, trocando passes e dominando as ações no meio-campo. Os criadores, porém, erravam muito e o Tricolor só teve uma boa chance aos 17 minutos, quando Gerson bateu de dentro da área e o goleiro Angelucci pegou. Do outro lado, os venezuelanos assustavam com constantes descidas pelo lado esquerdo, e ainda meteram bola na trave numa cabeçada do lateral Vallenilla.
A fraca produção ofensiva tricolor deixava o jogo equilibrado. Mesmo assim, o Paraná saiu na frente numa grande jogada de Josiel.
Ao receber lançamento longo de André Luiz, o avante tirou o zagueiro com um só toque e fuzilou no ângulo do goleiro.
Mas o Tricolor não teve tempo de corrigir seu principal defeito defensivo. Novamente pelas costas de Egídio, Vallenilla foi ao fundo e rolou para ?Cafu? Arismendi, seu companheiro da seleção venezuelana, empurrar para as redes, aos 44 do primeiro tempo.
Na segunda etapa, os articuladores paranistas desabrocharam. E o Tricolor matou o jogo como quis.
Aos 10, Henrique aparou espertamente com a cabeça um lançamento longo, deixando Dinelson livre para superar Angelucci: 2 x 1. Um minuto depois, Dinelson devolveu a gentileza e Henrique, solto, fez o terceiro. Mas logo em seguida Cásseres, de cabeça, descontou para os anfitriões.
O camisa 10 paranista, que já era temido pelo técnico do Maracaibo, resolveu abusar. Na ponta esquerda, Dinelson meteu uma caneta no zagueiro argentino Bovaglio e rolou com açúcar para a chegada de Gerson, que tirou do goleiro e dos zagueiros. Golaço.
O lance genial desanimou o Maracaibo. O Tricolor achou espaços no ataque e poderia ter emplacado uma goleada maior – Joelson, mais uma vez atabalhoado, perdeu o gol mais feito, sozinho na pequena área.
Mas nem era necessário: um novo time copeiro pinta na América do Sul.
Copa Libertadores
2ª fase
Grupo 5
1ª rodada
Gols: Josiel, aos 38 do 1º, Arismendi, aos 44 do 1º, Dinelson, aos 10 do 2º, Henrique, aos 11 do 2º, Cásseres, aos 21 do 2º e Gerson, aos 22 do 2º
Cartões amarelos: Bovaglio e Arismendi (UM), Gerson, Daniel Marques e Neguete (P)
Local: Estádio José ?Pachencho? Romero
Árbitro: Samuel Haro (EQU)
Auxiliares: Carlos Vera e Fernando Tamoyo (EQU)
Unión Maracaibo 2×4 Paraná
Unión Maracaibo
Angelucci; Vallenilla, Bovaglio, Fuenmayor e Martinez; Fernández, Mea Vitali, Figueroa (Rentería) e Urdaneta (Almeyda); Cásseres e Arismendi (Balesteros). Técnico: Jorge Pellicer
Paraná
Flávio; André Luiz, Daniel Marques, Neguete e Egídio; Xaves, Beto, Gerson e Dinelson (Alex); Henrique (Joelson) e Josiel (Lima). Técnico: Zetti
Pegando o jeito da Libertadores
Já são dois jogos fora do País em sua curta história na Libertadores, e duas vitórias convincentes. Comandado por um homem com vasta experiência no torneio, o time do Paraná parece ter aprendido rapidamente as artimanhas da maior competição do continente.
O bordão favorito do técnico Zetti tem sido ?Libertadores não é para dar show?. O time correspondeu e, mesmo sem ser brilhante, foi eficiente quando necessário. ?Eles (jogadores) estão entendendo o espírito da Libertadores.
O time demonstra desde o aquecimento o comprometimento e a vontade de jogar?, falou o técnico, depois do jogo de ontem, em entrevista à Rádio Banda B.
Ontem, porém, o meia Dinelson ?desobedeceu? o técnico, com lances criativos e abusados como o drible por baixo das pernas do zagueiro Bovaglio, no lance do quarto gol. ?O espetáculo acontece por acaso, como fez o Dinelson.
É característica dele ser ousado. Não vamos impedir que faça as jogadas bonitas, porque ele faz sério?, disse Zetti. ?Esse é o espírito da Libertadores.
A equipe brigou, sempre correu atrás do resultado e mereceu fazer muito mais?, completou o zagueiro Daniel Marques.
Na quarta-feira, o Paraná recebe o Real Potosí, da Bolívia, na Vila Capanema, às 19h30.
Viagem
O Paraná Clube conseguiu fretar um vôo para o Brasil e antecipou o retorno da Venezuela. Ainda assim, a jornada será longa e a chegada está prevista para a manhã de domingo.
No cronograma anterior, o elenco chegaria por volta das 13 horas de domingo.