Era o dia da desforra. Após ser goleado pelo São Paulo e sofrer pressão nos bastidores, o Paraná Clube queria acabar com o mau momento vencendo o Náutico com estilo. Aconteceu exatamente o contrário: jogando mal, o Tricolor foi derrotado por 4×2 pelo Timbu e não conseguiu sair da zona de rebaixamento do Campeonato Brasileiro, é o 17.º na classificação com 28 pontos. Aos gritos de ?raça?, ?time sem-vergonha? e ?timinho?, o Paraná viveu mais um capítulo trágico na temporada. Era uma partida envolvida em tensão.
O ?Batistagate? estremeceu as relações entre os clubes, tanto que o Tricolor partiu para o contra-ataque dizendo que o atacante pernambucano Ferreira estaria irregular. Previa-se pressão nos visitantes e a torcida tricolor prometia vaiar o Náutico desde o primeiro minuto da partida. Em campo, o Paraná queria ser mais agressivo. Principalmente na marcação, contando com João Paulo, mais rápido que Toninho, e com Rafael Muçamba, que reestreava com a incumbência de ser o ?cão de guarda? da zaga. E na frente, com Léo Matos e Paulo Rodrigues de volta ao time e com Vinícius Pacheco no ataque ao lado de Josiel. Mas qualquer formatação tática foi para o espaço com os horrorosos seis primeiros minutos do Tricolor.
O Náutico parecia estar jogando nos Aflitos e aflita ficou a torcida paranista. Foi uma pressão tão forte quanto surpreendente, e que terminou com o gol de Acosta, que aos 6 minutos escorou sozinho o cruzamento de Geraldo (aquele Geraldo que jogou no Coritiba). Sem outra alternativa, e com a torcida pedindo ?raça? desde os 15 minutos de jogo, Lori Sandri desmontou o esquema e sacou João Paulo, promovendo a estréia de Rodrigo. O Paraná teve mais posse de bola, mas só conseguiu criar uma chance clara, com Josiel chutando por cima. ?Estamos errando jogadas fáceis, o time está nervoso?, resumiu Lori. ?O único time que jogou bola foi o Náutico?, desdenhou o uruguaio Acosta. O Tricolor voltou para a segunda etapa com Gabriel, 21 anos, e no gol Flávio sentiu a virilha e ficou no vestiário. A terceira alteração veio com apenas 13 minutos: Rodrigo foi sacado sem ter jogado 45 minutos (e mal ter tocado na bola) e Lima entrou em seu lugar. Não adiantou. Aos 17 minutos, Vagner Rosa lançou Acosta, que tocou de calcanhar na entrada da pequena área, diga-se de passagem para Júlio César, que apareceu livre para ampliar a vantagem dos visitantes. O segundo gol gerou a reação que se previa ser necessária. Aos 20?, Beto desviou o escanteio cobrado por Paulo Rodrigues e recolocou o Paraná no jogo. Era um drama. Sem condições, e sem ter como alterar, Lori se viu forçado a manter Neguete em campo mesmo lesionado (ele resistiu quinze minutos e depois saiu, e o Tricolor ficou com dez jogadores).
O zagueiro virou uma espécie de símbolo do time, lutando muito, mas sem condições de se salvar em campo. O golpe de misericórdia veio na bobeira geral do time, que deixou o Náutico partir com três contra Gabriel. Acosta apenas rolou para Geraldo, que resolveu o jogo. Josiel ainda descontou (chegando aos 16 gols no Brasileirão), mas Marcelo Silva marcou o quarto e acabou com a história.
Jogadores baqueados após outro desastre
?Horrível?. A palavra usada por Léo Matos resume o sentimento do torcedor do Paraná, que não agüenta mais tanto sofrimento. A derrota para o Náutico colocou o time em uma situação delicadíssima no Campeonato Brasileiro, obrigando a buscar fora de casa os resultados que vão tirar a equipe da zona de rebaixamento. E os jogadores sentiram o baque de novo.
?Nós temos que ver o que está acontecendo, corrigir logo os erros e buscar a recuperação já contra o Corinthians?, resumiu o zagueiro Daniel Marques, um dos poucos a falar após o desastre da Vila -nenhum atleta compareceu na coletiva após a partida.
O técnico Lori Sandri, apesar de ainda acreditar, percebeu que há uma ?nuvem negra? em torno do time. ?Quando a gente teve todos os jogadores, estava tudo certo. Mas hoje (ontem) deu tudo errado. Começamos mal e levamos o gol. Depois, buscamos a recuperação, mudamos o esquema, e perdemos o Flávio. Quando fizemos a outra alteração, o Neguete se machucou?, lamentou o treinador, que segue confiando.
?Eu posso garantir que ainda dá?, finalizou. ForaSão dois desfalques certos para a partida de domingo, às 19h, contra o Corinthians, na Vila Capanema. Beto terá que cumprir suspensão automática por causa da expulsão de ontem, e Neguete ficará em recuperação da lesão muscular na coxa direita. ?Temos que conseguir um resultado positivo. Isso vai fazer com que a gente entre de novo no caminho que a gente deixou passar?, disse Lori.
CAMPEONATO BRASILEIRO
2º turno – 24ª rodada
PARANÁ CLUBE 2×4 NÁUTICO
PARANÁ
Flávio (Gabriel, intervalo); Daniel Marques, Neguete e João Paulo (Rodrigo, 21 do 1º, depois Lima, 15 do 2º); Léo Matos, Rafael Muçamba, Beto, Éverton e Paulo Rodrigues; Vinícius Pacheco e Josiel.
Técnico: Lori Sandri
NÁUTICO
Eduardo; Sidny, Toninho, Onildo e Júlio César; Elicarlos, Daniel Paulista, Acosta (Maurício, 34 do 2º) e Geraldo; Ferreira (Vagner Rosa, 27 do 2º) e Marcelinho (Marcelo Silva, 22 do 2º).
Técnico: Roberto Fernandes
SÚMULA
Local: Durival Britto
Árbitro: Giuliano Bozzano (DF)
Assistentes: Marrubson Melo Freitas (DF) e Ediney Guerreiro Mascarenhas (RJ)
Gols: Acosta 6 do 1º; Júlio César 17, Beto 20, Geraldo 28, Josiel 33 e Marcelo Silva 41 do 2º
Cartões amarelos: Rafael Muçamba, Rodrigo (PR); Daniel Paulista, Sidny, Acosta (NÁU)
Cartão vermelho: Beto
Renda: R$ 31.041,00
Público: 3.531 (2.860 pagantes)