O desempenho impecável do Paraná Clube dentro das quatro linhas contrasta com os enormes problemas financeiros que ainda afligem o Tricolor. Batendo nos dois meses de salários atrasados, os jogadores decidiram convocar uma reunião “emergencial” com a diretoria e não treinaram ontem à tarde. O impacto desse protesto só poderá ser medido na sequência da competição. O clube programou para a próxima quarta-feira o pagamento da folha de julho, mas busca recursos para quitar também os salários de agosto.
Terceiro colocado da Série B, com um aproveitamento de 63%, e apontado como um dos favoritos à promoção a Série A (o Chance de Gol dá ao Tricolor 95,7% de probabilidade de acesso) o clube mais uma vez tem como grande obstáculo a falta de recursos para manter salários em dia. Após o “pedido de socorro” de Dado Cavalcanti, há pouco mais de vinte dias, a Vila Capanema recebeu bons públicos nas duas partidas recentemente disputadas na Vila.
Porém, a receita dos jogos contra Sport e Guaratinguetá, e até mesmo o patrocínio da Fúria Independente, não foram suficientes para apagar o incêndio. “Estamos trabalhando incessantemente para resolver essa questão de vez. Mas não é fácil. A luta é árdua e as soluções não vêm de imediato”, disse o vice-presidente Luiz Carlos Casagrande. “Nunca escondemos nossos problemas, mas os jogadores podem ter certeza de que ninguém sairá daqui sem receber. Essa diretoria não dá calote. Creio que o Ricardo Conceição, o Anderson e outros que já conviveram com essas dificuldades no ano passado sabem do que estou falando”, comentou Casinha.
Desde que caiu para a Segundona, essa tem sido a rotina do Paraná, que não consegue equilibrar seu fluxo de caixa e sustentar um elenco competitivo. O desafio, nesses três últimos meses de competição, é impedir que todo o trabalho desenvolvido no 1.º turno não seja perdido. “Essa possibilidade, pra mim, é zero. Todos já viram o comprometimento desse grupo. Vamos superar esse momento de turbulência e esses jogadores, essa comissão técnica irão nos colocar novamente na primeira divisão”, desabafou Luiz Carlos Casagrande.
A diretoria, após a reunião com o elenco, se fechou na busca por soluções. Hoje, antes do treino da tarde, deverá apresentar uma proposta para o pagamento dos atrasados (de jogadores e funcionários). Essa oferta será decisiva para a realização do apronto, programado para o período da tarde, na Vila Capanema.