O Paraná Clube entra em campo hoje – às 18h10, no Pacaembu – disposto a manter vivo o sonho de pela primeira vez disputar uma Copa Libertadores da América.
Mesmo com um longo caminho pela frente, o jogo contra o Corinthians define o caminho que o clube irá trilhar na reta final do Campeonato Brasileiro. Quem garante isso é o atacante Leonardo, principal talismã do Tricolor na temporada. Tentando superar lesões, o artilheiro afirma que está na hora do grupo reagir e buscar a arrancada em busca da classificação.
?Uma vitória diante do Corinthians e estaremos novamente nas primeiras posições, com confiança redobrada para os próximos desafios?, comentou Leonardo. ?No caso de um tropeço, ficaremos mais distantes do nosso sonho. Começaríamos tudo do zero, precisando emplacar três ou quatro vitórias seguidas?, afirmou. O Paraná é ainda o clube com a maior seqüência de vitórias neste Brasileirão. Foram seis, entre a 8.ª e a 13.ª rodadas. ?É esse perfil que precisamos recuperar. Jogar com inteligência, no erro do adversário?, disse o atacante.
Leonardo esteve presente em praticamente todos esses triunfos. Só ficou de fora do jogo contra o Cruzeiro, que fechou a série. Os números comprovam a importância do artilheiro. Leonardo participou de catorze, dos 22 jogos da equipe neste Nacional. Foram oito vitórias, três empates (sendo que em dois deles, Léo só entrou no segundo tempo) e três derrotas, num aproveitamento de 64,29%. Mesmo tendo apenas cinco gols na competição, o atacante é referência para companheiros e sua presença faz com que o futebol de outros atletas flua de forma mais intensa.
Caio Júnior evita falar em ?Leonardo-dependência?, mas o sintoma salta aos olhos. Das oito partidas em que o artilheiro não esteve em campo – sete por lesão (primeiro a clavícula, depois o tornozelo) e uma por suspensão -, o Paraná só venceu duas, empatou uma e sofreu cinco derrotas. ?Não dá para negar.
Ele é hoje um jogador imprescindível. É um atacante de qualidade comprovada?, comentou o treinador paranista. Praticamente todas as experiências feitas para se encontrar um substituto à altura fracassaram. Assim, mesmo sem o condicionamento físico ideal, Leonardo está mais uma vez escalado com a camisa 9.
A presença do atacante foi, na avaliação da comissão técnica, um dos fatores que determinaram a reabilitação do time no Brasileiro, frente ao Fluminense, no último domingo. Assim, Caio Júnior joga suas fichas, hoje, em uma formatação segura, com três zagueiros e três volantes -sendo que Beto e Batista irão se revezar entre marcação e criação – para dar sustentação à dupla de ataque, formada por Leonardo e Cristiano. Curiosamente, a dupla só iniciou dois jogos neste Brasileiro. Contra Atlético e Fluminense e o Paraná venceu os dois. Será que hoje a história se repetirá?
Contra-ataque é a estratégia tricolor
?Senti o mesmo astral do momento em que nosso time esteve no auge?. A constatação do técnico Caio Júnior dá a ele – e à torcida paranista – a expectativa de que o Tricolor ?volte aos trilhos? neste Brasileiro. Não que a campanha seja ruim. Afinal, o Paraná ostenta um aproveitamento de 51,5% e está a apenas um ponto da zona de classificação à Libertadores. Só que nas últimas partidas – e até mesmo na vitória sobre o Fluminense -o time não conseguiu apresentar o mesmo futebol da primeira metade do Brasileiro.
Jogadores e integrantes da comissão técnica têm essa consciência, o que abre a perspectiva de um crescimento técnico num momento importante, de definições na competição. Deixando a Sul-Americana de lado, Caio Júnior só detectou um jogo onde o Paraná teve um comportamento preocupante. Foi na goleada para o Botafogo, no Maracanã. ?Em outros jogos, houve deslizes. Mas, em nenhum deles faltou vibração, garra?, atestou o treinador. Para o capitão Beto, o segredo do sucesso é um futebol solidário, de muita entrega. ?Temos que ser vibrantes em todos os jogos, do início ao fim?. É esse ?espírito? que o Tricolor coloca em campo hoje, para suportar a pressão corintiana.
?Eles vêm pro abafa, pra pressão. No Pacaembu é sempre assim, no grito da sua torcida?, avisou Caio. A estratégia do treinador é aplicar um contra-veneno nessa empolgação do adversário. ?Como vão atacar com tudo, haverá espaços para os contragolpes. É assim que vamos jogar?, destacou. Para isso, a intenção do treinador é adiantar a marcação, exercendo um bloqueio na linha do meio-de-campo. Assim, a partir da roubada de bola, chegar sempre com cinco jogadores na área adversária. Uma situação trabalhada insistentemente ontem pela manhã.
Caio trocou o tradicional ?rachão? por um treino tático específico, ajustando o posicionamento do time. Depois, houve cobranças de faltas. O Paraná não terá hoje Edmilson, suspenso e Angelo, lesionado, os dois principais cobradores do time. Émerson, Peter e até Neguete treinaram muitas faltas. Outra preocupação do treinador é com a arbitragem. Orientou os atletas para evitarem faltas próximas à área, usando como exemplo o que aconteceu em Porto Alegre, onde o apitador ?transformou? uma falta em pênalti. ?É um receio. Ainda mais diante do time do Leão, que sempre pressiona os árbitros?, comentou Caio Júnior.
Corinthians é uma pedra na chuteira
O Tricolor tenta hoje, derrubar um tabu. Jamais venceu o Corinthians jogando no Pacaembu. Historicamente, os clubes fazem jogo de poucos gols, mas a vantagem dos paulistas é enorme. São dez vitórias do Corinthians, contra apenas três do Paraná e sete empates. Uma dessas vitórias do Tricolor ocorreu fora de casa, mas jogando no Canindé.
Nos sete jogos disputados no Estádio Paulo Machado de Carvalho, foram seis vitórias do Timão e um empate. Apenas em dois jogos – um para cada lado – houve vitória por dois gols de diferença. O Paraná fez 3×1, no Brasileiro de 2001 (no Couto Pereira). No ano seguinte, mas pela Copa do Brasil, o Corinthians conseguiu o mesmo placar. Nos outros onze jogos onde houve vencedor, o placar foi ?apertado?: 1×0, seis vezes, 2×1, quatro, e 3×2, com uma ocorrência.
CAMPEONATO BRASILEIRO
24ª RODADA
Local: Pacaembu (São Paulo).
Horário: 18h10.
Árbitro: Luís Antônio Silva Santos (RJ).
Assistentes: Aristeu Leonardo Tavares (FIFA-RJ) e Marcos Tadeu Peniche Nunes (RJ).
CORINTHIANS x PARANÁ CLUBE
CONRINTHIANS
Marcelo; Édson, Betão, Marinho e Gustavo Nery; Marcelo Mattos, Magrão, Roger e Carlos Alberto; Amoroso e Nadson. Técnico: Émerson Leão.
PARANÁ
Flávio; Gustavo, Émerson e Neguete; Peter, Pierre, Beto, Batista e Edinho; Cristiano e Leonardo. Técnico: Caio Júnior.
