O Paraná Clube segue sua busca incessante pela permanência na Série B. Um processo que teve início há quase três meses, com a contratação do técnico Paulo Comelli.
Experiente, ele nunca se iludiu com as remotas chances matemáticas de acesso à primeira divisão. Encarou o desafio de tirar o Tricolor “da lama” e evitar o vexame de uma queda para a Terceirona. Nas suas contas, ainda faltam cinco pontos para o alívio ser completo.
Após vitórias expressivas ao longo do returno onde o clube tem a terceira melhor campanha, Comelli admite que além do trabalho, o Paraná também contou com uma boa dose de sorte. Quase como se sobrevivesse a uma “roleta-russa”.
Com frieza, o treinador admitiu, logo após a vitória sobre o Barueri, que a reformulação “tinha tudo para dar errado”. Afinal, às vésperas do início da segunda metade da competição, o Paraná promoveu uma profunda mexida no elenco.
Em meio a dispensas e contratações, a comissão técnica tinha contra si o escasso tempo de preparação. Entre o dia 22 de agosto e o dia 23 de setembro, oram oito jogos.
E, neste período, Comelli e seu “fiel escudeiro” André Chita (seu auxiliar-técnico) tiveram que se desdobrar e contar com todo o apoio dos remanescentes da comissão técnica para conseguir formatar um novo time. Tudo sob a pressão do constante risco de rebaixamento.
Foi diante desse quadro pouco animador que o Paraná ressurgiu na competição. No processo, cinco jogadores foram dispensados (ou afastados) e outros onze chegaram à Vila Capanema.
Destes, sete logo se tornaram titulares. “Trouxemos as peças que foram possíveis naquele momento. Tudo conspirava contra, mas conseguimos formar um grupo coeso e competitivo”, frisou o treinador.
“Mas, lá atrás, todos olhavam para o Paraná com desconfiança. E não poderia ser diferente”, admitiu Comelli.
Afinal, dentre os reforços, o Tricolor não trouxe nenhum jogador “de peso”, à exceção do goleiro Mauro, campeão brasileiro pelo Santos.
Na prática, a garotada deu conta do recado. Fabrício na defesa e Ricardinho no ataque tornaram-se as referências desse “novo” Paraná. Time que ganhou solidez tática e hoje já consegue variar do 4-4-2 para o 3-5-2 sem traumas.
“O time, quando entra em campo ligado, é difícil de ser batido”, destacou Ricardinho, que no Paraná recuperou o futebol que o fez uma das revelações do futebol paulista num passado não tão distante. “Estamos no caminho certo. Mas ainda não ganhamos nada. Não dá pra vacilar”, destaca Comelli.
A vitória em Barueri trouxe aparente tranqüilidade. “Mas com responsabilidade”, emenda Comelli, batendo firme na tecla do pacto firmado na semana passada com os jogadores. “Seriedade total e comprometimento com a instituição”. Este é o lema do Tricolor, até o dia 29 de novembro, data da última rodada da Segundona.