José Maria Marin, ex-presidente da CBF e hoje em prisão domiciliar nos Estados Unidos, sofreu mais uma derrota nas cortes americanas e agora vê a pressão aumentar para seu julgamento, que ocorrerá a partir de novembro. Nesta semana, o tribunal no Brooklyn rejeitou seu pedido para que seja julgado de forma separada aos demais dirigentes investigados pelo escândalo de corrupção no futebol mundial. O brasileiro alegava que ele não tinha qualquer relação com as denúncias feitas sobre os demais e que o volume de acusações contra os outros envolvidos poderia contaminar o seu caso.
Os procuradores norte-americanos tinham rejeitado essa opção, apontando que a corrupção do brasileiro e do restante dos dirigentes era “um estilo de vida” generalizado.
Dos 42 indiciados até hoje no maior escândalo do futebol internacional, 20 já se declararam culpados. Cinco deles, porém, insistem que são inocentes, enquanto os demais ainda não foram detidos ou negociam acordos de delação.
Os advogados de Marin insistiam que, ao ser julgado com os demais, o brasileiro seria “prejudicado” e que “a montanha de evidências” poderia criar uma situação em que ex-presidente da CBF seria condenado por crimes que ele sequer tinha envolvimento.
Marin não foi o único a buscar essa estratégia. O mesmo foi defendido pelo ex-presidente da Conmebol, Juan Ángel Napout, pelo peruano Manuel Burga, além dos cartolas da América Central Héctor Trujillo e Costas Takkas. Todos tiveram seus pedidos negados.
Em uma sentença do tribunal da última segunda-feira, a procuradoria americana insistiu que “não há mérito nesses pedidos”. De acordo com a acusação, os cartolas agiram de forma coordenada em muitos dos esquemas de corrupção, inclusive envolvendo a venda de direitos de TV da Copa Libertadores.
“Com respeito à Copa América Centenário, é alegado que Napout, Marin e Burga solicitaram ou receberam propinas em conexão com aquele torneio e que o pagamento foi feito pelos mesmos intermediários”, diz a sentença.
De acordo com o documento, a procuradoria indicou que vai “introduzir evidências de que algumas empresas – Traffic Group, Media World, e Torneos y Competencias S.A.- tinham práticas recorrentes de dar propinas a dirigentes do futebol para obter direitos de televisão e marketing”, apontou. “Além disso, o governo afirma que vai provar a colaboração extensiva (e criminosa) entre dirigentes da Concacaf, Conmebol e outros organismos do futebol”, completou.
“Por essas razões, a corte nega o pedido sobre o julgamento de Burga, Marin, Napout, Takkas e Trujillo. Todos os cinco serão julgados juntos”, confirmou a juíza Pamela Chan.
O julgamento começa em 6 de novembro e o tribunal insiste que não mudará a data. Estima-se que 350 mil documentos de evidências serão apresentados durante o julgamento, que pode se arrastar por meses.